Um batom deixado propositadamente na mesa de cabeceira é a sua carta de despedidas.
“Não vou deixar minhas palavras para que você possa distorcer com mágoa ou tempo.”
O pequeno cosmético zomba de mim. Trás em sua forma distorcida, seus lábios grossos.
Arrumo minha estante, organizo meus livros, Cds e roupas. O maldito continua me encarando, um peso sobre o livro que estava lendo e que não consigo mais abrir.
É como sua presença: o mesmo olhar que convidava meu rosto para entre suas pernas. Que sorrindo, durante o gozo, me perguntava sobre o que lia.
“Não sinto mais saudades de você.”
Com um olhar displicente e com as malas prontas, desta forma, disse que iria me deixar.
Não me deu o direito de reivindicá-la. Apenas pediu que beijasse seu sexo como despedida.
“Deixe meu gosto em teus lábios. Só assim não terei asco de beijá-lo antes de ir.”
Todas minhas coisas estão dentro das caixas da mudança. Todas menos a mesa de cabeceira, um livro e um objeto que carrega seus lábios.
3 comentários:
eu diria: "Ai!..."
simples assim
nuossa hem....
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