sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Receita de Somen

aprovado por sanseis

Receita de Soooo Men! hehehe... meninas também podem fazer viu?
Grau de dificuldade: Estupidamente fácil.

Ingredientes:

- Um pacote de macarrão Somen (usei metade de um pacote para essa receita, rende bastante)
- Limão
- Shoyu
- Ajinomoto

Modo de preparo (macarrão):

Comece tirando metade do macarrão do pacote e cozinhe na água, já fervendo, por 1 minuto (exatamente o que você leu. basta um minuto para ficar pronto é lindo!)
Depois reserve o macarrão, espere esfriar e leve a geladeira dentro de um recipiente com água filtrada (dica: cubos de gelo aceleram o processo) até que fique gelado. fiz pela tarde para preparar a noite.

Montando o prato:
Após escorrer a porção de macarrão sirva em pratos individuais e misture com o Shoyu, o limão espremido e o Ajinomoto a gosto. Voilá! O restante do macarrão não usado pode ser mantido na geladeira, dentro da água, para montar novos pratos.

Está pronto para servir e ser feliz. Perfeito para dias, tardes ou noites quentes!

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Silêncio

Existe algo de magnético em um corredor de hospital é uma aversão tão equilibrada quanto a atração de entrar em um dos quartos e fugir/ver o que está nitidamente tão próximo do que chamamos de futuro.

Eram três da tarde quando após meses de solicitações, galanteios e súplicas resolvi (por conta própria, deixo claro) visitar Arnaldo. O estado dele era crítico, desde o estúpido acidente de moto na curva da entrada do Beirute onde ele não viu o carro que o fechou com uma placa enorme sobre uma festa de final de ano no Pontão, ele não acordava fazia meses e até onde sei cagava em uma fralda e respirava por aparelhos.

Felizmente ele tinha uma família privilegiada. A mesma que pagava os melhores médicos e aparelhos, comprou aquela moto idiota de filme Americano que corria mais do que sabia frear na hora certa.

Só parei de pensar em quanto odiava aquela família ao entrar no quarto da UTI e encontrar a mãe de Arnaldo tocando, o que aparentou a primeira e confirmou a segunda vista, uma punheta para o próprio filho. A imagem que me paralisou de início me fez reparar três fatos:

1 – Arnaldo tinha 35 anos e sua mãe uns 60, o que fazia a cena um absurdo por sí só.
2 – A tarefa era feita com tanto zelo e afeto que me tirou qualquer dúvida de incesto.
3 – O modo mecânico e o detalhe da toalhinha deixada logo próximo ao ventre com lenço de papel e o vidro de soro fisiológico me deixou claro que não era a primeira vez que havia feito, obviamente não da senhora punheteira aqui narrada, e sim do ato no próprio filho vegetativo no leito de hospital.

Ao me notar ficamos ambos estáticos. Eu com minhas flores e ela com a pica. Ambos sem saber bem onde ou o que esconder um do outro. Até que as lágrimas, sempre elas, finalmente deixaram o clima mais brando para que qualquer confissão fosse feita.

Aparentemente, pelo o que ela me explicou, vários homens sofrem de ereções contínuas enquanto em estado vegetativo. Ereções incríveis de dias. Ereções essas que deixam o pobre vegetal com seu falo arroxeado e com varizes por falta de uso ou de solução para seus espasmos involuntários.

Inicialmente ela conversou com os médicos (dentro de seus limites de humanismo clássico) que apenas contaram que poderia passar ou não, com as mais carinhosas das enfermeiras (que obviamente na presença de uma senhora desesperada não diriam nenhum gracejo ou piada sobre ingressos e filas para o espetáculo dependendo do ator representando nessa angústia) que não disseram muito mais que os médicos até que a pobre senhora pensou em duas soluções:

1 – Poderia contratar uma prostituta para aliviar seu filho de tempo em tempo. Tarefa essa rapidamente descartada pelo valor exigido e obviamente pelo rodízio de visitas dada à carência de uma fidelidade da profissional.
2 – Seguir o principio universal do… “Se quiser um serviço bem feito…”

Conversamos por mais umas duas horas, obviamente fora do ambiente hospitalar, onde finalmente a consolei. Tinha a certeza mais do que absoluta que nenhuma mãe haveria de ser tão carinhosa e prestativa para um filho, quase disse que os invejava mas obviamente pela questão levantada mantive esse pensamento para mim mesmo.

Então nos despedimos e finalmente pus em minha cabeça que jamais iria visitar novamente Arnaldo, pelo menos não sem marcar hora antes.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Fotos velhas

Um amontoado de rostos falsos sobre uma gaveta e uma máquina que não para de fotografá-los. Queria parar um instante e focar algum sentimento, talvez alguma coisa que não dure entre o avisar e o clique.

- Não posso discutir isso com você Dri. Não tenho tempo, paciência ou qualquer saco para mais uma de suas crises.
- Você tem tempo o bastante para o seu trabalho.
- Nem para ele eu tenho desde que você não parou de falar.

Na primeira semana eu jurei a mim mesmo que estava certo. Era só uma maldita birra, mais uma das várias. Os mesmos problemas de sempre, a lista era enorme e cansativa: Modelos, modelos nuas, festas, minhas drogas, meu trabalho, minhas amantes imaginárias e algumas vezes as reais.

- Você está fora de foco.
- Então pela primeira vez somos dois.

Não importava o quanto eu mantinha o sorriso para as modelos, o quanto eu cheirasse ou fumasse, quantos boquetes eu recebesse após deixar os flashes desligarem e HD descarregando. Na segunda semana eu tive certeza que a perdi.

- O que você quer?
- Quero que você volte.
- Não quero saber disso Diego. Estou melhor sozinha.
- Eu ainda estou com suas fotos.
- Já olhou para elas?
- Claro que sim. Todos os...
- Dê uma olhada nas últimas.

Estava bem ali. Os olhos vazios, tristes. Foi o que disse no nosso primeiro encontro.

- Por que você é fotógrafo?
- Porque as fotos não mentem.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Questão de gosto

- Pensei que essa festa chata nunca ia acabar.
- Você é linda.
- Hum... Valeu a pena mesmo vir correndo para cá.
- Aham. Quer uma cerveja?
- Quero sim. Ah, você ainda tá ficando com a Nati?
- O quê?
- Com a Nati. Você ainda tá ficando com ela?
- Não. Acabou faz um tempão. Toma aqui sua cerva.
- Obrigada. Nossa tá bem mais gelada que aquelas do show.
- Brasília tá foda. Cerveja quente em qualquer lugar.
- Nossa você é gostoso demais! Dá vontade de te morder. Re re re.
- Quer indo pro quarto?
- Te fodo aqui mesmo garoto.
- Você é incrível.
- Bota um som?
- Aham. O que você quer ouvir? Tem de tudo aqui, menos aquela merda de Ramones.
- Como é?
- Tenho de tudo...
- Não, não... O que você disse do Ramones?
- Ah, qual é... Tú curte aquela merda?
- Puts velho... Qual é a sua broder? Merda?! O que você sabe sobre Ramones?
- Pô só não curto muito. Mas relaxa, vou colocar aqui no Youtube e...
- Não sem essa! O que Ramones tem de ruim para tú não curtir eles?
- Olha. Se eu colocar e você cair de boca eu já começo a curtir.
- Aff... Falou babaca. Sabia que a Nati estava perdendo tempo contigo mesmo.
- Ow, ow... Caralho... Que banda fudida da porra!


(texto em homenagem a todos que curtem essa banda fuleira e chamo de amigos)

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Os enamorados

- Já prestou atenção na carta dos enamorados do Tarot? Existe uma tensão no ambiente, com a presença de um terceiro optando por ajudar ou balancear a escolha do casal em questão.
- É um anjo não é?
- Poderia ser um anjo ou qualquer outra coisa. Mas a simples ideia de existir alguém já me incomoda.
- Mas tem algo haver com o principio do equilíbrio é por isso que precisa existir uma balança.
- Uma balança assexuada? Devo começar a minha vida a dois baseada na escolha de um anjo?
- Há há há.
- É a nítida imagem de Miguel expulsando Adão e Eva do Éden. Não parece um começo promissor. Soa muito mais como um casamento forçado, te expulsando para Nod longe da vida de solteira.
- Você é uma figura!
- Estou dizendo. A carta dos enamorados é o reflexo do péssimo relacionamento e não toda a baboseira de livre arbítrio, escolha, harmonização de postos , prova ou casal como dizem.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Subversivo

Alguma coisa nessa palavra me deixa um gosto ácido abaixo de minha orelha, como uma pequena dormência que cria um aumento de minha excitação. É só olhar para um instante que permita descarregar toda essa aflição carregada em seu estômago por via de seu escroto.

De repente ouço pessoas conversando sobre povos antigos, sobre os mitos e o fato de cada um deles viver mesclado ao dia-a-dia de cada um deles. Era um período mais brando com o que era ou não real, talvez a realidade fosse mais fluída ou quem sabe as pessoas.

Comer é uma agonia que não sinto mais nenhum prazer, ao menos não desacompanhado, é um ingerir de um fraco combustível que não alimenta menos do que o esquecer o que foi deglutido durante a tarde ao final do dia. Praticamente uma bulimia moral.

Tento encontrar um foco, alguma ideia em números ou letras que me deixe apenas um pouco mais calmo dessa desarmonia, esse impulso que não cessa, essa excitação que não permite nem uma noite tranquila de sono além do suor esfriando o corpo.

Ao ver um filme que mostra uma máscara do que seria todo o investimento de ações e acordos bancários, não consigo deixar de pensar o quanto de juros continuo pagando por algo que não tenho culpa. Penso nas milhares de pessoas pagando suas contas sem sequer perceber o quanto disso não é correto ou pior... Simplesmente não se preocupam pelo gasto por possuir mais do que poderia ter para gastar.

Então chega um novo dia e seu corpo tenta te dizer que você não pode levantar ainda, que ele está cansado e precisa de mais algumas horas de sono e você começa uma idiota guerra a favor de seu despertador. Depois ainda criticamos o desenvolvimento de um câncer. Como qualquer organismo pode ser fiel a sua rotina? Impossível!

Aí eu fico pensando... Caralho! Sabe aquele filme de um bando de irlandeses, bebendo, se drogando, correndo, roubando e armando esquemas? Porra... Eles estão tanto com razão quanto qualquer outro que pense em pegar uma arma e ganhe seu lucro como queira. De que adianta fazer tudo certinho nessa porcaria de planeta?

Termine seu colégio, se forme, busque um estágio, tenha a porcaria de uma vida descente e por favor engravide e gere a nova prole para essa linda bola de vidro onde, com sorte, alguém vai mexer para que você enxergue um pouco de neve ou folhas caindo sobre você.

Melhor simplesmente fazer o que você queira antes que o tempo acabe. O problema é saber exatamente o que você quer. Seria consumir a maior quantidade de informações e entorpecentes que seu corpo aguente? Talvez o amor? Ah, sim... temos o amor não temos? Ele sim! Aquele que nunca acaba e nunca vai te trair também não é? Há há há. Tá ok!

Hum... confiar em você mesmo. Puta que pariu , isso sim é genial. Vamos apostar em nosso propósitos. No mesmo que apostam até em ilusões coletivas criadores de mundos e seres. Nas infalíveis escolhas de vida, emprego, caminhos a seguir e roupas em um armário.

Vamos confiar na amizade, naquele tão fudido e perdido quanto você que aparentemente concorda com meios de levar a vida em seu ritmo. Mas até aí nos tínhamos a linhas acima o amor em seu estado puro, enquanto não definha.

Podemos então acreditar que não precisamos acreditar em nada e simplesmente ser um animal civilizado que percebe que está acuado e então o melhor a fazer é não demonstrar muito isso em seu dia. Melhor guardar para gritar quando ninguém estiver te ouvindo ou buscar remedinhos que todo mundo toma e não faz mal né?

Afinal, amanhã surge de novo. Você se levanta, se encara no espelho e guarda todos os instintos dentro dessa máscara chamada ser humano.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Soro

- Me pergunta de novo sobre fome.
- Fica quieto, a enfermeira já disse que vem.
- Não, não chamei enfermeira alguma. Vem aqui! Aqui embaixo... Quero você!
- Você é louco!
- Me bebe.

Loucura ou não. Ela chupou, bebeu e disse a enfermeira que já estava indo embora e para não esquecer de trocar o soro.


quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Brigadeiro e música

Nadir estava com a colher de brigadeiro ainda presa pelos dentes enquanto procurava dar o play no som. A bateria era tão fraca e ela tinha comido tantas colheres que nem sabia se a onda tinha começado ou se era hora de trocar de controle ou quem sabe de som.

- Por que diabos a gente inventou de comer isso mesmo?
- Você disse que queria ficar doida não foi? Ainda estou para conhecer uma forma melhor de bater do que comendo.
- Mas agora fiquei com vontade de fumar. Quero um pouco de fumaça ou pelo menos alguma outra coisa...
- O que você tá fazendo com esse controle?

A primeira crise de riso começou nessa hora.

- Acho que estou tentando trocar a música. O que estamos ouvindo?
- Tom Waits... Acho.
- Tá. Eu gosto, não conhecia.
- A gente ouvia quando estava ficando.
- É?

Marina ficou sem graça e era ainda mais bonita quando estava irritada ou sem graça.

- Você está ficando com alguém?
- Para quê?
- Sei lá... Por que estou perguntando? Ou por que ficar com alguém?
- Não sei. Me dá um pouco do brigadeiro?
- Você não respondeu.
- Acho que quero um pouco de vinho.
- Passa um café para gente?
- Café?
- É que ainda estou com vontade de fumar.

A taça de vinho estava manchando a toalha e a mesa, mas a atenção de Marina era na xícara com uma fumaça indo de encontro aos lábios de Nadir.

- Fiquei com a Dri na semana retrasada.
- Quem?
- Dri. A amiga da Fabiana.
- Por que você tá me falando isso?
- Você me perguntou se eu estava ficando...
- Ah, tá! Com a Dri é? Ela é bem estranha... Não gosto dessa menina!

Ela senta ao lado de Marina, deixando a coxa bem próxima do joelho levantando um pouco mais ao vestido. Ou apenas estava distraída talvez.

- Você merece uma pessoa legal e não essas chatinhas cheias de paranoias. Você é bonita, beija bem e mega engraçada. Pelo menos quando se esforça um pouco.
- Eu me esforço um pouco toda manhã.

Nessa segunda crise de riso Marina deixa seu olhar prender um pouco mais no sorriso. Aqueles exatos segundos a mais que fazem perceber que você está bancando a idiota.

- Ah, Nina... Nossa ainda tenho tanto tesão por você sabia?
- Só quando tá alta...
- Quê?
- Me dá um beijo?

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Eleições Brasilienses

- E por quê você vai votar na Marina?
- Pelo mesmo motivo da semana passada.

Já estava cansado de toda a vez ser a mesma discussão a mesa. Cada dia mais próximo das eleições parece que só tinham um assunto. E era praticamente impossível tentar beber acompanhado sem ter que responder a esse Vox Populi.


- Isso é um desperdício de voto. Você sabe muito bem que ela não vai ganhar.
- Mas não é para ela ganhar. Quero uma repercussão, quero um porcentual, estou votando em uma ideia.
- Mas ela não vai incomodar a Dilma. A Dilma vai ganhar no primeiro turno.
- E o que eu tenho com isso? Não sou eu que vou ganhar um cargo em algum escritório para um serviço burocrata qualquer que vá durar quatro anos. Na verdade você não deve estar tão seguro da vitória se precisa tanto de um voto.

Ali foi o ponto que a conversa fechou, os presidenciáveis já estavam fora do debate e então duas cervejas vieram e consegui até mesmo beliscar um pedaço de fígado com jiló antes de voltarem ao tema.

- Mas para governador você vai votar no Agnelo não vai?
- Mas que caralho... Não sei ainda. Talvez.
- Como assim, talvez?! Você vai deixar aquele bandido do Roriz ganhar?
- Eu?! Caso ele seja eleito, será o TSE, todo o curral eleitoral juntamente com essa classe média privilegiada que o elegeu. Eu não vou votar nele. E agora que você tá me enchendo o saco com essa conversa é que estou pensando seriamente em nem votar mais no Agnelo também!
- Mas como assim?
- Primeiro que não considero o Agnelo uma excelente opção. Sem contar a merda do seu vice.
- Mas você tem que escolher alguém com uma intenção de voto que faça diferença.

- Porra para de ser pentelho! Tô aqui querendo beber uma cerveja sem essa boca de urna do meu lado. Já escolhi os meus votos e não preciso de nenhum petista desesperado para ficar me xaropando. Vocês são piores que os crentes!

Alguém solta uma gargalhada em outra mesa.

- Decidi. Só de raiva não mais votar no Agnelo. Agora você vai poder voltar para casa pensando que ao ajudar a conscientização do povo alienado brasiliense acabou perdendo um voto por puro pedantismo. Mas pode ficar tranquilo porque graças ao Cristovam, vou clicar um 12 na urna tá?


Vencido o militante sai com ares de quem não pode convencer alguém sem visão e interesse político. E finalmente posso usufruir da minha porção de fígado com uma cerveja estupidamente gelada para escapar da seca cruel de Brasília.

domingo, 12 de setembro de 2010

Pescaria

Fiquei parte dessa noite pensando um pouco no cheiro da maresia nas pedras da praia do flamengo. Junto delas um garoto com seus seis anos estava aprendendo a pescar tão empolgado que deixou a isca cair duas vezes em meio ao bater de espumas brancas atraindo ainda alguns poucos peixes que em breve iriam encher um balde.

A linha era transparente e um pouco mais grossas das usadas para empinar pipas, pequenos sonhos feito de papel de seda e rabiola de jornal velho picotado, que parecem subir mais por conta de quem a segurou para você do que por sua própria corrida descalço de olhar firme para o sol.

Engraçado o modo como a vara ia se inclinando junto do ir e vir do mar, fazendo pequenos riscos cortando o azul de um lado para o outro, parecido demais com um ombro ao seu lado cantando um samba antigo que ainda não entende por inteiro, mas que faz uma criança não perceber o passar do tempo.

Quando a linha puxa é como encontrar um doce em cima de sua cama, uma revista na sala, como mãos nodosas te apertando forte... é um pouco de sentir seu coração disparado de felicidade ao notar que cada passo foi feito certo.

O peixe salta da água e balança com um prateado que só perde para os cabelos do homem que segura suas mãos para te ajudar a não cortar o dedo no anzol.

- Olha Vô! Olha o lindo peixe que eu peguei! Nossa ele é enorme! Vamos comer ele hoje, vamos?

O homem sorri e com a mesma calma apenas coloca outra isca e deixa o peixe no balde.

- Vamos comer sim. Mas temos que pescar mais, porque o primeiro peixe tem que ser comemorado com um banquete.

faleceu essa noite o homem que me ensinou a pescar e carrego comigo lembranças e seu nome.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Pratinho do dia


como estou enrolando para fazer um texto que travou, deixo cá uma receita que foi o maior sucesso entre a galera lá em casa. e muito fácil fazer.

p.s: qualquer semelhança com comidas macacais é pura pretensão de minha parte rerere



Camarão bonzão

Dificudade: maior fácil
Tempo: dois tempos
Dá para 2 pessoas (fácil dobrar os ingredientes para chamar uma galerinha)

Ingredientes

Pão Ciabatta ou Italiano cortado em fatias
200g de Camarões limpos (sem cabeça e tals)
1 lata de Seleta de legumes pronta Casino (há olha a manha)
2 Tomate
1/2 Cebola
Queijos gorgonzola, mussarela de búfala
Temperos (pimenta, ervas de provence, manjericão fresco e cebolinha)
Azeite

Mãos à obra
*Corte o tomate na tampa, retire a parte com sementes (guarde para misturar com pimenta do reino, azeite, sal e manjericão para a Bruschettas) e coloque um pouco de cebola ralada no fundo e os queijos (a dica é tirar um fio de gorgonzola e inserir no centro). Jogue os temperos que tiver e leve ao forno por uns 1o minutos.
*Dê uma lavada nos camarões, tempere com sal e pimenta do reino e dê uma grelhada até mudar de cor. *A seleta é baba: basta esquentar um pouquinho numa panela.
*Corte o pão em fatias coloque para dourar um pouco no forno com a mussarela de búfala em fatias e depois coloque os pedaços de tomate com o manjericão fresco por cima.

Toque profí
Se descolar um molho tarê (aquele doce que vem com o sushi de salmão-skin) em algum restaurante ou supermercado, fica gigante com o camarão e depois coloque cebolinha picada por cima para enfeitar o camarão

Agora monte o prato bonitão e curta o visual entre os amigos com um vinho bom. o povo aqui aprovou.
Pode servir junto a Bruschettas ou como entrada você que sabe.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Elvis



Deixo rolando alto o som do rei na vitrola enquanto sirvo meu uísque. O som de My Way ia deixando o ouvir atento e a língua ficando dormente aos goles. Nádia ainda dizia não gostar do cheiro dos vinis e achava uma besteira essa coleção antiga em um mundo de iPods e Mp3, mas sempre vi a verdade. Era impossível sentir vida sem o respirar de uma vitrola.

- Você deveria ouvir algo novo cara. Existem uma penca de boas bandas mandando ver por aí.
- Esses meninos que cantam sem saber dançar? Por que diabos vou ouvir um cantor que não dança a própria música?
- Porque eles tem o bom senso de não serem ridículos?

Ridículo...

Às vezes preferia o silêncio ao explicar a uma menina o que poderia existir de ridículo em ser contagiado pelo próprio ritmo. Já tinha perdido as contas dos dias que a companhia mais completa de um homem era outra voz compreendendo suas angústias e erros. E quando tudo mais falha, era apenas escolher sua melhor roupa e sair para se movimentar o bastante para espantar todos os nós e trancos dos dias.

- Amo essa música! Isso é tão lindo. It’s not the kind Of love I dream about. But it’s the kind That I can’t live without.
- Ela é do Rei sabia?
- Não é... eu já vi em um filme... Ah meu deus! Eu estou gostando de Elvis não é?
- Não se preocupe amor, você só está melhorando o seu gosto musical.
- Coloca para tocar mais uma vez?

Algumas traições são muito burras. Você comete um erro e perde alguém que você ama por não olhar para o que importa de verdade. Ela estava chorando e carregando dois vinis que tanto busquei e que apenas ela encontrou. E estou aqui chorando como um idiota por não perceber ler o que sempre foi óbvio.

“She even kisses me like you used to do.
And it's just breaking my heart
'cause she's not you.”

Mas eu tenho o seu som dentro de mim. Mesmo curvado e trêmulo ainda tenho o seu som dentro de mim.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Grande Circulando

Final de expediente, dia morno e sigo até o Pátio para pegar meu ônibus. Fico na torcida de um dos raros L2 norte mas o primeiro que passa é um Circular. Beleza estou com uma revista do Carlos Zéfiro então vou ter uma distração enquanto ele faz o enorme percurso.

Fazendo a volta ente o final da W3 norte e o Final da L2 norte o problema acontece. O ônibus vem andando em sua faixa e vemos entrando correndo uma camionete que não se mantêm em sua faixa.

Ruído, ônibus tentando trocar de faixa, freada brusca, o inevitável som de uma pancada e um ônibus balançando de um lado para o outro como se fosse papelão. Todo mundo olhando meio assustado para fora e então o ônibus encosta na entrada da L2.

Um homem gritando como louco do lado de fora, tranca sua porta com força, bate na lataria do ônibus e começa a falar com o motorista.

- Você não me viu entrando? Como jogou o ônibus assim?! Caralho! Você é cego?!

Mais alguns instantes de ofensas sem motivos e então ele começa a falar com a gente sobre quem tinha sido o culpado. Brigando com o motorista, mandando ele calar a boca e perguntando para todos no ônibus.

- Vocês viram não viram? O erro foi dele. Dele!

Fico olhando o motorista, o homem tem uma paciência inacreditável, tentando conversar com calma e dizer que ele estava em sua faixa que não tinha como manobrar o ônibus tão rápido para a entrada veloz da caminhonete. Então o dono da caminhonete diz berrando.

- Seu infeliz. Seu fudido de merda! Você tem ideia de quanto custa o meu para-choque? Nem cinco meses de teu salário paga ele, seu morto de fome. Idiota! Não sabe o que é um bem próprio! Nunca vai saber.

E foi seguindo com essas ofensas e então notei uma revolta em mim e em várias pessoas no ônibus. Esse povo que estava saindo do trabalho, contando com um ônibus para voltar para casa. Estudantes, trabalhadores, pessoas de todos os tipos de um final de dia, muitos para a continuidade em outros lugares então um cara levantou e se manifestou.

- Escuta aqui seu playboyzinho. Não sei quem está certo, se ele ou você. Mas agora se você quiser ir a delegacia eu vou falar que quem fez a merda foi você.

Então todo mundo concordando. Todos nós deixando de lado qualquer cansaço ou compromissos fomos tranqüilos até a delegacia contando que viu a caminhonete fechando o ônibus, até aqueles que não viram.

Espero mesmo que o idiota da caminhonete pense um pouco sobre esse evento. Há... quem eu quero enganar? Pelo menos me fez pensar.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Manuela em 24 horas

07:12

Acordada desde as seis. Corre para o banho, busca uma peça intima simples e um vestido leve de verão. Quando chega à produtora as maquiadoras já a cercam com conversa fiada e dicas.

- Hoje você vai entrar em cena com o Carlão não é? Meu deus, como você agüenta menina? Aquele homem é um trator.
- A festa vai ser que horas? Sério? Você vai estourar amor, tenho certeza.

08:20

Cena em uma sala. Um almoço que já está frio desde ontem, o copo de leite em cima da mesa cheira a azedo, está com um joelho apoiado sobre a mesa e o rosto rente ao copo. Carlos enfia freneticamente segurando com firmeza seus quadris. O ritmo é tão displicente que ela chega a divagar por alguns instantes.

- Corta. O que foi meu amor? Está aérea hoje?
- Não sei. Acabei me distraindo desculpa.
- Quer um pouco mais de lubrificante ou quer deixar para o anal?
- Não. Não precisa vamos continuar.

Mais alguns minutos de penetração e ela morde os lábios, olha para trás com uma cara safada e vai batendo de leve com a testa contra a mesa enquanto suas tetas balançam para frente e para trás ao ritmo de seus gemidos.

- Linda cena. Vamos partir para o gozo. Está pronto Carlos?
- Estou um pouco anestesiado. Preciso de mais um tempo.
- Tudo bem. Kátia!

Ela relaxa e fuma o seu cigarro enrolada em um roupão enquanto Kátia chupava generosamente os 23 centimetros de atuação de Carlos. E então em alguns minutos ele está pronto.

- Gravando.

O jato de porra cai quente sobre o rosto, desce rente aos cílios do olho esquerdo e cai em grossos jatos sobre seus lábios. Por mais que não precise engolir é impossível não sentir o gosto. Sempre desce um pouco pela garganta no final das contas.

- Perfeito. Corta!
- Você estava linda querida. Pode ir para o banho.
- Ótima cena Manuella. Parabéns.

11:27

Banho quente. Um pouco da sensação de dormência entre suas pernas e a água a deixa ainda mais sensível e inchada. Cansada ainda, não sabe o porquê essa foi tão difícil.

O olho esquerdo ficou bastante vermelho. Ela limpa e retira a pequena teia de porra em seus cílios, mas tende a teimar de sair. Após arrancar dois cílios junto com a goma Manuella sorri por trazer a sua memória o jogo dos desejos.

12:34

Almoço com a produção. Conversas sobre a nova cena, sobre o roteiro. O ator que acharia melhor trabalhar e os horários.

- Manu queremos uma dupla penetração anal nessa cena. O que você acha do Geraldo e o Cláudio? Não podemos usar o Carlos de novo e acho que pelo menos um deles seria mais tranqüilo.
- Querida você vai comer essa polenta?
- Aqui você vai masturbar os dois ok? E depois eles batem em sua cara com o pau. Punheta, Boquete e passamos para a cena da penetração tudo bem?
- Qual é o horário da sessão de fotos?
- Lembre que hoje à noite temos a reunião com o pessoal da Gringa.

14:50

- Querida acorda. Precisamos escolher a roupa.

Vestindo roupas para tirar aos poucos. Fotógrafo de pau duro sobre as calças. Proposta de trabalho fora dos estúdios. Promessas. Dinheiro. Valor. Recusas.

- Olha par esse lado. Isso querida assim! Me olha como se eu tivesse acabado de tirar meu pau para fora da calça. Assim... Isso. Linda!

16:30

Academia. Malhação. Conversa fiada. Paqueras. Como se tivesse tempo para encontros.

- Você fode tão bem quanto nos seus vídeos?

Atrasada para buscar o vestido para a festa.

21:30

Entra acompanhada com mais duas mulheres lindas. Uma com o silicone tão inchado que uma pequena veia parece estourada do lado esquerdo.

Beijando mulheres, apalpando e fazendo cara de uma boneca retardada. Pegando em pau de atores, repórteres, fotógrafos, sendo encoxada, encoxando e entrando para a festa. Mais fotos e a mesma seqüência de sempre.

- Meu Deus você é linda! Vi seu último filme, achei demais.

Olhares sempre voltados a boca, peitos e quadris. Alguns são mais sinceros e olham para a buceta como se pudessem enxergar além do vestido. Sim, é claro que está sem calcinha.

22:45

Muito álcool. Muita cocaína. Conversa fiada, papo sobre filmes, propostas, extra e oficiais e então o gringo chega.

Interprete para ouvir Amazing, Fucker, Hot, Brazilian Girls, Blowjob, Anal Sex.

Apenas continuar sorrindo. Olhar de boneca, modos afetados e encarar o volume da calça no momento certo.

23:59

Dentro de um carro com o rosto entre as pernas de um homem que não fala nada além do que ouve todos os dias, de todos os homens, não importando o idioma. Sim o contrato seria assinado. Ela seria uma estrela.

domingo, 6 de junho de 2010

Efêmero

- Você vai me dizer o que está acontecendo?
- Cansada disso. Exausta de não confiar, de suas desculpas, conversas.
Simplesmente... Não suporto mais.
- Nós já conversamos sobre isso.
- VOCÊ! Você conversou sobre isso Cadú! Você me pede desculpas e quase sempre parece sincero.
- Amor...
- Ok, você é sincero. Eu sei! Mas nunca muda. Cansei de por do sol.
- ...
- Você é lindo Cadú, te amo. Mas você nunca dura mais do que instantes.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Viagens de negócio

Aquele cheiro de aeroporto ainda estava nas roupas de Andréia e tentava manter um sorriso ao engolir o seu Havanna com café, só no campo de viagens internacionais ela conseguia encontrar o seu alfajor favorito, vendo pessoas se despedindo e outras sendo recebidas entre lágrimas e sorrisos.

Já estava ficando cansada de levar Fernando todas as semanas para suas viagens. O trajeto, seja de madrugada ou no final da tarde, já estava cansado e deixando de ser uma novidade emocionada com aquele sorriso dizendo de modo tão doce que voltaria em breve.

Hoje ela enrolou um pouco mais pelo aeroporto. Via as aeronaves decolando com suas cadeiras justas e uma janela para o por do sol entre nuves com sorriso que era todo o sol para ela.

Percebeu que estava com o rosto úmido de saudades no primeiro dia. E sorrindo notou que não era o primeiro dia. Essas viagens já se arrastavam a alguns meses. Cada uma mais longa que a outra, deixando uma casa vazia de seus toques, sorriso, conversas e o peito disparado que deitava seu rosto vermelha e satisfeita.

- Senhorita tem horas?
- São quase seis da tarde. Quinze para as seis.
- Obrigado.
- De nada.
- Sua cidade é muito bonita sabia? Minha esposa gostaria de olhar esse céu. Vocês são privilegiados.
- Somos mesmo.
- Você está bem?
- Estou sim. Só estou com saudades.
- Tenho uma senhora muito bonita em casa. A única coisa que me faz lembrar a cidade onde estou é quando coloco os olhos nela. Aposto que ele também sabe disso mocinha.

Recebo um beijo na minha testa que trás de volta um pouco esse disparar de meu peito. Esse senhor, esse pai instantâneo, me fez olhar de novo o por do sol de Brasília.

O mais bonito dessa cidade é você meu amor.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Conversa de bar VIII

- Trás mais uma cerveja aí colega. Tem um salzinho? Só para descer essa mandioca insossa aqui.
- Todo engraçadinho esse Zé Eduardo. Só querendo ser o carioca.
- Só querendo ser? Qual é?!
- Re re.

Joguinho fuleiro do Flamengo a cerveja está estupidamente gelada pelo menos. Acaba com quase um empate e então a conversa volta ao ritmo normal no intervalo.

- Acho que o Dunga fez certo de não levar o Neymar. Muito novo.
- Mas qual o problema da idade?
- Ah, sei lá. Sabe é muito garoto. Menino e tals. Imagina se vai para copa do mundo e fica se achando.
- E o que é melhor? Ficar se achando em um time europeu?
- ...
- O que o Dunga esqueceu é que no tempo dele um jogador era exportado com 25 ou 30 anos para jogar fora. Ele se aposentou no Inter, após um chapéu de um moleque chamado Ronaldinho Gaúcho. Não é como essa nova leva de exportação aos 17 anos, como Robinho, Pato e daqui a pouco o Neymar e o Ganso.
- Verdade.
- Sério! Esses garotos de hoje tem mais é que usar toda e qualquer chance de poder jogar no Brasil. Jogar para o Brasil! Não me importo do cara barbarizar na copa do mundo e se achar um monstro do futebol. Que seja! Mas porra, vai lá e seja um monstro com a camiseta amarelinha! Por que é para um monte de fudidos que pegam um metrô lotado depois do trabalho e encher esse Maracanã é que esses milionários de chuteiras estão jogando.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Anulado

Eram que horas quando tudo ficou opaco? Olhando em volta noto que tudo perdeu os tons. Era como se de repente as paletas de cores jamais existira. Estou encarando um mundo de formas onde a própria definição de volume se perde na transparência.

Já pensou em caminhar sem saber exatamente a distância? Eu posso te assegurar que antes dera ser cego e ter em minha compensação os demais sentidos como guia.

Sim meu senhor! Peço desculpa ao leitor por não deixar claro. Mas não foram somente as cores, e com elas os tons de xinza, que esvanecera. Com elas sumira também o som, calor, frio, textura, odor, sabor... Sumiu por completo e teimo em dizer que não irão voltar.

Notando bem não havia animais, plantas, nem sequer nuvens ou sol, ou seria noite? Nesse caso não havia também lua ou estrelas. Apenas um espaço não definido... minto! Um espaço desenhado com nossas construções, alicerces, objetos e divisórias.

Parei de prestar atenção ao notar uma turba passar disparada pela rua abaixo. Muitos caindo e levantando, outros esbarrando e outros tantos não se importando, ditando no silêncio o alto tom de bocarras abertas. Todos eles seguiam para o que um dia foi um museu e ali entendi que era para onde deveria ir.

Grupos desesperados com lágrimas sem sal ou calor encaravam as formas no que deveria ser pedras metal e madeira em formas, esculturas como dizíamos antes, deitavam seus olhares como uma prece nas fotografias, nos quadros e nas montagens. Era como se as obras fossem um útimo resquício de vida distribuída pelo mundo.

Cansado dos olhares dos desesperados me atirei de volta as ruas, essas espaçadas e de carros parados com placas e sinais que não tinham mais sentidos.
Percebi então uma criança sentada com um bloco de peças em seu colo, tão concentrada em seu trabalho que conseguiu prender minha atenção além das obras e aqueles olhares religiosos voltados a elas.

A criança construia uma espécie de torre, ou me pareceu uma, com pedaços de caixas de fósforos, sapatos e embalagens de produtos. Ao final dessa obra ela esboçou um sorriso e deixou seu produto enquanto recolhia coisas deixadas para trás pelos demais. Placas, bolsas, cigarros, telefones, chápeus e todo o resto.

Fiquei ali olhando a pequena construção e a criança que se distanciava com pequenas tranqueiras em suas mãos. Olhando acabei por sorrir ao lembrar das pessoas no museu. Uma gargalhada, sem nenhum som, saía de mim me fazendo chorar de tanto rir criando câimbras em meu ventre ao notar a semelhança absurda com o mito da caverna.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Conversa de bar VII

Ouvindo de outra mesa, uma mulher em seus 35 anos aproximadamente.

- O modo que as pessoas me vêem é o que eu passei a elas.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Zelo

- Arnaldo não veio hoje?
- Ainda não.
- Ele ligou? Disse que horas viria?
- Não estou sabendo de nada.

...

- Acabaram de ligar. Parece que o Arnaldo morreu.
- Morreu?

Um momento de silêncio toma o escritório.

- Alguém tem a senha de acesso dele?

segunda-feira, 26 de abril de 2010

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Sem volta

- E essa cara?
- Pensando na Bia... Sei que não deveria nem sequer pensar nela mas gosto tanto dessa garota. As vezes tudo que eu queria era apenas... Sei lá pedir desculpas, tentar de novo.
- Você sabe que ela não vai voltar atrás não é?
- Vários caras comentem erros Paula! Eu não fui o primeiro homem a trair.
- Não tem nada haver com traição. O problema não é você ficar com outra pessoa, a maioria das pessoas tendem a perdoar traições.
- Então!
- Você não pode perder o olhar de uma mulher. O olhar Bruno... E você perdeu.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Jogo Feito

Quando conseguiu abrir os olhos tudo o que ouviu de longe foi o som repetitivo do eletrocardiograma e uma espécie de balão subindo e descendo. O rosto estava insensível e o olho esquerdo fechado em uma bandagem, deixando o direito piscando em busca de pessoas.

Uma enfermeira apareceu sorrindo e dizendo que estava tudo bem, que estava segura agora. Tentou levantar o braço em direção ao rosto mas a agulha e o tubo deixaram o peito da mão pesada e dolorida. Seu braço tinha hematomas tão fundos e enormes que tinham uma tonalidade própria. A dor que ainda sentia era insuportável.

- Se estiver sentindo muita dor podemos aumentar a dosagem. Gostaria querida? Apenas aperte a minha mão duas vezes se for sim. Certo, vou aumentar.

Depois foi o tempo de dormir, acordar e receber visita de um jovem médico. Ele começou contando que as lesões foram severas mas que estavam cuidando dela. Ela estava tocando o ventre sentindo um incomodo duro dentro de si e então ouviu o médico contando sobre o procedimento.

- O ataque foi muito ofensivo... ligar suas trompas... cauterização... estamos combatendo a infecção.

Ali ela entendeu. Veio a sua memória a invasão de sua carne, o arranhar de peles, gritos e como a queimaram por dentro. Lembrou do rosto do homem suado a sua frente e ainda teve a frieza de guardar seu sêmen em um pote antes de desmaiar. Consuelo iria se vingar desse homem.

Passou dois meses até sair do hospital, ainda estava seca por dentro. Cheia de gases e remendos. O rosto nem de longe lembrava a mulher que foi um dia. Era apenas um couro repuxado e em alto relevo. Mas a ira era pessoal, era tudo o que lhe restara.

As vizinhas ainda queria ajudar a colocar ela em casa. Mandou todas a merda. Ninguém quis ajudar enquanto gritava em plenos pulmões. Todas tinham medo de Consuelo, só vinham até sua casa quando queriam seus homens de volta em um trabalho.

Ela abriu o pote sem olhar muito para a casa, principalmente para o chão ainda com sangue pisado. Parte do sangue do seu útero que não serviria para mais nada. O sêmen ainda estava lá. Seco e misturado com sangue.

Ascendeu as velas, preparou um corte junto as agulhas, linhas algodão e diluiu o que sobrou do sêmen seco a cachaça barata que comprou antes de subir. Bebeu bastante dela para que a ouvissem enquanto costurava.

- Faz ele pagar pelo que fez. Esse homem merece o que tiver de pior para ele nesse mundo. Ele abusa de crianças desde de cedo e deixa mulheres vazias por onde entra. Faz ele pagar. Ele tira o nascer de crianças do mundo. Faz ele pagar.

Duas semanas se passaram quando Ailton foi preso. Os policiais não gostam de estupradores, bateram nele até o rosto virar uma papa de sangue preso como queimadura na pele. Quase perdeu a visão do olho esquerdo naquela noite.

Na prisão gostam muito de estupradores. Ele é toda a terapia e descontar de raiva, tesão e impunidade que eles precisam. Batem como um cachorro, quebram seus dentes no primeiro dia e seu estomago vira um receber de jorros masculinos até que tudo que ele vomite seja porra, na segunda semana está na clínica do presídio ouvindo do médico.

- Eu nem deveria costurar o seu rabo homem. Assim vai continuar entrando bem mais fácil.

Ele suporta por apenas um mês. Chorando perde perdão a virgem e se amarra justo a grade, o pescoço não rompe facilmente. Fica sufocado por alguns minutos, tremendo e chorando pedindo para morrer enquanto ouve os presidiários rindo a sua volta. Morre sozinho, inchado e coberto de merda.

- Isso é jogo feito meu irmão. Ninguém demora tanto assim para morrer.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O machista

- Não te incomoda nem um pouco que eu te chame de machista?
- Claro que não.
- Juro que um dia eu vou entender por que homens assim persistem em existir.
- Para dizer o que todos os outros pensam.
- Você acha que todos os homens são idiotas?
- Não. Esse pensamento é uma constância da mágoa feminina. Eu acredito que todos os homens estão sendo fatalmente castrados.

...

- Nenhum homem mais pensa por si. Sempre sendo vítima dessa abominação, deste mundo feminino que estão criando a nossa volta. Igualdade, malditas peças e exposições, depilação a laser, academia para desenhar corpos, leis contra homofobia... Uma enorme armadilha para que castrem e domestiquem o homem.
- Domestique o homem? Isso é viver em sociedade. O que você gostaria era de uma dondoca que aceitasse esses absurdos.
- Da mesma forma que vocês.
- ...
- O que é o novo homem senão um desejo feminino? O que é esse novo homem é, senão uma dondoca para mulheres?
- Não é nada disso!
- Claro que é. Hoje as mulheres desaprenderam até como satisfazer um homem. Reclamaram a vida inteira daqueles que nunca se importaram com preliminares e hoje temos que implorar para receber a porcaria de um guloso mal feito. Não me surpreendo que existam tantos veados no mundo.
- Toda mulher verdadeiramente apaixonada, fará de tudo com prazer, para o homem que dividir sua vida.
- Assim como qualquer homem. Mas não é sobre isso que estamos discutindo ou é? Estamos falando desse universo presente, desses idiotas de cabelos e roupas alinhas, barbas rentes e toda a preocupação em dizer o que sente, ou, o que gostariam de ouvir que dissessem.
- Basta ter um cara que ouça o que uma mulher quer dizer, ouvir, ajudar, dividir...
- Para que? Confiam tão pouco assim em suas amigas? Não me importo em ouvir o que tenham para dizer. Mas pelo amor de deus... Sejam claras e objetivas. Não preciso de um prelúdio cada vez que ficou chateada com algo.
- Nossa... Isso exige tanto assim de você?
- É para isso que existem psicólogos, para que vocês possam contar o que pensam. Confesso que se eu recebesse para isso, seria mais paciente.
- Ha ha ha. Isso é tão típico... O machismo realmente está no ser impor.
- Claro, claro.
- Apenas gostaria de viver em um mundo que eu possa caminhar pela rua sem ser devorada por olhares, que parassem de me expor desse modo grosseiro.
- Você gostaria de viver em um mundo que mulheres não sejam vistas como um pedaço de carne? Não precisa sonhar com uma utopia. Fique gorda.
- Caralho! Não acredito que você disse isso. É exatamente isso que...
- Qual é? Você sabe que eu estou certo. Qual o maldito problema em ter homens querendo trepar com você? Gostaria que fosse o oposto? Duvido! Aí começaria o pensamento: - Gostaria de ser desejada por quem eu quero. - Perfeito meu amor, concordo com você. Eu adoraria uma linda ninfeta a você. Mas usamos as cartas que temos.
- Você é um babaca!
- Sou. Não tenho nenhum motivo para esconder isso. Sou um babaca, machista, homofóbico. Sou tudo isso e um pouco mais. E quero viver em um mundo que eu possa ser quem eu quiser. Não vou obrigar ninguém a me tolerar, ao contrário do que me empurram todos os dias em revistas, programas de televisão ou conversas em bar.
- Não acredito que eu dei para você.
- O pior não é ter dado para mim. O detalhe que deve estar incomodando sua cabecinha agora é que eu trepo bem.
- ...
- Ou vai dizer que estava fingindo agora? Na verdade não me importo. Fingiu bem o bastante pelo tempo que importou.
- ...
- Pode ir embora se quiser. E não se preocupe com a conta, claro que eu vou pagar, esse é outro pensamento que nenhuma de vocês gostaria que mudasse também.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Conversa de bar VI

Ouvindo de rabo de olho a conversa alheia.

Menina de vestido com um brinco de semente na orelha diz para outra menina de regata listradas de preto e branco:

- Cansada do Matheus falando que minha vida é mais fácil por ter dinheiro. Porra, meus pais tem dinheiro! Só porque eu não pago minhas contas tenho que deixar de fazer as coisas que eu gosto?

- Claro que não! O esquema é que ele é um fudido. Na real ele tá puto porque você vai viajar para Angra e ele vai ter que ficar aqui. Só isso. Medo de levar uns chifres.

- Nem é isso na real. Tipo... Ele sabe que quando eu vou ao Rio eu encontro com outro tipo de pessoal saca? Tipo, lá todo mundo tem grana e nem por isso se sente culpados. Todo mundo é bonito para caralho, sarados e queimados de praia.

- Por isso que eu gosto de praia. As pessoas vivem um clima sem preconceitos, porque na praia todo mundo é igual usando apenas biquínis.

...

né?

segunda-feira, 29 de março de 2010

Promessas

Fiquei esperando essa ligação durante uma hora no hotel. Tempo demais para agüentar sóbrio o que me convenceu a buscar um bar e ficar conferindo meu celular e sua bateria a cada dez minutos.

Enquanto o uísque não vinha eu digeria Terry Reid saindo das caixas de som, um pouco abafado mas não o suficiente para não deixar a melodia de Easy Rider deixar meus ombros mais leves.

Uma menina, certo não era uma menina mas se pintava tão mal quanto uma, me encarava na mesa em frente. Virando doses displicentes de qualquer coisa azul dentro de um copo longo enquanto fingia gostar da música e se mostrava interessada sem parecer desesperada.

O telefone tocou exatamente quando minha primeira dose chegou na mesa.

- Consegui Fernando. A pasta está comigo.
- Me fez esperar como um louco seu idiota! Onde você está?
- Melhor não dizer. Vamos nos encontrar no hotel mesmo.
- Não, nada de hotéis, você sabe que o combinado era...
- Te encontro lá dentro de vinte minutos.

Maldito crioulo de merda! Odeio essa ansiedade, odeio o uísque que me torna racista e maldito seja Otelo e seu nome de príncipe! Pago minha conta e saio correndo para o hotel. Olho rapidamente para a mulher na mesa em frente e aceno um adeus como se ela fosse uma conhecida.

...

Depois de quarenta minutos olhando para o corpo morto de Otelo na minha frente e a pasta suja de sangue em cima da cama, fico pensando se devo ou não manter a minha palavra.

A chave está em minhas mãos, a Taurus em meu coldre e quando abro a maleta posso ver as fotos e os 250 mil reais em notas de cinqüenta e cem. Meus olhos ficam pendendo entre as notas e o cartão com as impressões sangrentas em meu colo.

- Ligue para minha Suzanne e diga que eu consegui. Entregue minha parte para ela Fernando. Eu confio em você.

São apenas oito números mas para mim parece mais um depósito para uma conta bancária. Uma maldita conta que vai debitar 125 mil reais de minha conta.

Droga Otelo! Por que você foi morrer seu idiota? Seria mais fácil ser honesto com você vivo. Sei que você era um idiota, um ignorante que seria fácil passar a perna. Mas tem a Suzanne... A maldita adolescente com a mãe doente.

O telefone está chamando, isso significa que minha canalhice ainda não é maior do que as necessidades de uma família.

- Alô Suzanne. É o Fernando.
- Hã?
- Seu pai conseguiu menina. Estou com o dinheiro.
- Ele...
- Venha me encontrar, estou no Hotel Pasadeña.

Ela chega quase umas três da manhã. Deveria ter tomado um banho, todo o esforço de esconder o corpo de Otelo e sumir com as manchas de sangue me deixou fedendo mais do que um pedreiro as duas da tarde.

- Aqui está sua parte querida. Os cinqüentas mil que vai ajudar a sua mãe a ter uma morte decente e te colocar em uma boa faculdade quando terminar o segundo grau.
- Por que meu pai não está com você? Por que ele não está indo para casa comigo e me ajudar a cuidar de minha mãe?
- Vamos querida. Você é esperta o bastante para saber que ele fez isso por vocês. Não existia nenhuma chance dele sair vivo dessa.

Menina incrível. Ela quase não chora. Apenas permite que eu a abrace e sinta seu corpo perfeito contra o meu. Seios firmes e pequenos, cintura em forma para mãos segurarem com firmeza e um cheiro de tirar os sentidos de qualquer homem. Ela me pede um beijo e em troca lhe retiro seu fôlego seguido de seu cabaço.

...

Ela vira exausta e até pensa em dormir. Peço que ela se levante e vá para casa o mais rápido que puder. Sei que quem matou seu pai deve saber onde estou, não será seguro para nenhum de nós se ela ficar.

- Meu pai? Ele disse alguma coisa sobre mim?
- Apenas para eu não me engraçar com você. Mas creio que isso também seja passado agora.
- Eu te amo Fernando.
- Não é amor querida. Mas vai entender isso com o tempo. Agora vá.

Uma mulher de verdade. Retira-se com toda a dignidade que consegue manter entre seus passos bambos.

Quando ela fecha a porta eu sento na cama e ouço um estalo seco. Parece que algo molhado caiu sobre meu colo e quando toco, sinto o calor empapando o lençol. O sangue surge espesso e rapidamente na colcha branca. Sinto minha cabeça pesar enquanto ouço atrás de mim.

- Deixei que comesse a menina. Achou realmente que teria tanta sorte assim em uma só noite?

Não. De fato não achei.

Fico pensando no rosto de Suzanne e como fechou os olhos quando eu a penetrei. Eu sorrio, dizem que uma mulher nunca esquece o homem que tirou sua virgindade.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Glauco





Simplesmente um dos três caras que eu mais ria lendo.
Bom o bastante para mudar até minhas próprias gírias entre os bróders.

"- Te chamabas!"



Porra... Sei lá galera, triste isso. fiquei pensando em meus amigos, isso de perder um broder depois de anos de convivência, merda e brigas juntos. Forte demais pensar que um cara se torna presente sendo um ilustrador. Não perde de forma alguma a influência de quem eu sou para nenhum livro, filme ou outras formas de artes que eu absorvi nesses anos.

Então conheci os trampos individuais de cada um. E era comédia quando ouvia de meus amigos dizendo que ele mandava mal para caralho no desenho. Que qualquer um de nós desenhava melhor que ele (e alguns realmente desenham). Que na linha de produção brasilis, apenas o Adão era ainda pior...

Mas eu gostava das histórias, curtia o Casal Neura, Geraldão e especialmente a Dona Marta... Gostava pode até falar mal do desenho do cara. É acho que é só isso na real. Tô começando a entender um pouco esses idiotas que choraram pelos Mamonas e que ficam chocados quando um artista morre. Acho que eles também encaram esses merdas como um artista.

terça-feira, 9 de março de 2010

29 anos

é tipo isso... caralho quase trinta né?

mas foda-se. tamos aê firme e magro, aguentando no tranco o que o mundo tem a me oferecer à 29 anos e quer saber? mesmo não sendo cristão, tô aqui oferencendo a cara a tapa para mais quantos anos meu corpo aguentar.

felicidades puto. tenho amigos, amor, vida e isso me basta.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Habanasucia

Passeando mais uma vez pelo blog da Tati, vi esse fotógrafo Cubano. Lindos trabalhos e ele possui uma modelo de tirar o fôlego.


É incrível! Vale a pena passear por aqui.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Esquina

- Oi.
- Oi.

Entre o banheiro e um sofá estava encarando meus pés um pouco incomodado com as pessoas que eu não conhecia, as mesmas que me obrigava a sorrir para todos só por ter sido convidado.

- Você veio com a...
- Vanessa.
- Ex-namorada?
- Ela já disse para todo mundo?
- Não, só encarando o jeito que você está olhando para ela e aquele cara dançando.
- Aquele cara é o atual namorado dela. Acho que o nome dele é Fernando.
- Como se você não soubesse o nome dele.
- Tá certo. O filho da puta se chama Fernando.

Ela dá um sorriso e me oferece a Dos Equis, tão gelada que chega a congelar minha mão.

- Deveria pegar outra para gente brindar.
- Olha... Qual é seu nome?
- Vanessa.
- Vanessa? Tá valeu pela cerva e pelo papo. Mas não estou afim de ficar com ninguém.
- Ui... Que pena para mim puxar papo com você então.
- Não é nada disso é só...
- Que você prefere ficar olhando sua ex ficando com outro cara e lembrar sempre dos dois quando ouvir Protege Moi.

Ela pisca tão devagar perto de mim que sinto seus cílios tocando de leve o meu.

- Já viu um clipe que fizeram com essa música? Extra Protege Moi. Comecei a achar Placebo muito mais gostoso depois que assisti.
- É um bom clipe?
- É lindo. Tem uma festa cheia de pessoas maravilhosas, elas estão todos como em De Olhos Bem Fechados e tem duas cenas deliciosas de paus sendo chupados.
- ...
- Você gosta?
- Como?
- Placebo. Você gosta de Placebo?

Tomando a cerveja da minha mão ela toma um gole devagar e toca meu cabelo enquanto beija meus olhos. Minha mão desce até sua cintura e então ela me tira o ar com um beijo. Sinto minhas pernas quentes e um formigar em meu estômago quando ela aproxima seus lábios de meu ouvido.

- Ela deve estar olhando para cá agora. Deixe que ela pense em nós dois ouvindo essa música.
- Aonde você vai?
- Para qualquer lugar que você queira dormir comigo.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Cadillac Records



Há um tempo eu tive a possibilidade de ler um puta livro do Barahona chamado A História do Rock Roll. Esse livro trazia o nascer de um estilo que tinha toda sua essência mergulhada nas fazendas de algodão do Mississipi.

Ontem à noite eu tive o prazer de assistir um filme chamado Cadillac Records que conseguiu dar os devidos créditos aos criadores do Rock, antes que um homem tivesse que ser branco e tocar quase a mesma coisa para ser chamado de Rei.

O som, é claro, é de tirar o fôlego. Com gênios como Chuck Berry (assustadoramente idêntico), Muddy Water, Little Water, Etta James (até consegui esquecer que era a Beyoncé) e Howlin Wolf (que fiquei impressionado em conhecer).

Segue aqui o trailer assistam.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Casablanca

bom filme, excelente cena!

La Marseilaise

Allons enfants de la Patrie,Avante, filhos da Pátria,
Le jour de gloire est arrivé !O dia da Glória chegou!
Contre nous de la tyrannie,Contra nós, da tirania
L'étendard sanglant est levé, (bis)O estandarte ensanguentado se ergueu,(repete)
Entendez-vous dans les campagnesOuvis nos campos
Mugir ces féroces soldats ?Rugirem esses ferozes soldados?
Ils viennent jusque dans nos brasVêm eles até aos nossos braços
Égorger nos fils, nos compagnes !Degolar nossos filhos, nossas mulheres.
Aux armes, citoyens,Às armas, cidadãos,
Formez vos bataillons,Formai vossos batalhões,
Marchons, marchons !Marchemos, marchemos!
Qu'un sang impurQue um sangue impuro
Abreuve nos sillons !Agüe o nosso arado!
Que veut cette horde d'esclaves,O que quer essa horda de escravos,
De traîtres, de rois conjurés ?De traidores, de reis conjurados?
Pour qui ces ignobles entraves,Para quem (são) esses ignóbeis entraves,
Ces fers dès longtemps préparés ? (bis)Esses grilhões há muito tempo preparados? (repete)
Français, pour nous, ah ! quel outrageFranceses! A vós, ah! que ultraje
Quels transports il doit exciter !Que comoção deve suscitar!
C'est nous qu'on ose méditerÉ a nós que consideram
De rendre à l'antique esclavage !retornar à antiga escravidão!
Aux armes, citoyens...Às armas, cidadãos...
Quoi ! des cohortes étrangèresO quê! Tais multidões estrangeiras
Feraient la loi dans nos foyers !Fariam a lei em nossos lares!
Quoi ! ces phalanges mercenairesO quê! Essas falanges mercenárias
Terrasseraient nos fiers guerriers ! (bis)Arrasariam os nossos nobres guerreiros! (repete)
Grand Dieu ! par des mains enchaînéesGrande Deus! Por mãos acorrentadas
Nos fronts sous le joug se ploieraientNossas frontes sob o jugo se curvariam
De vils despotes deviendraientE déspotas vis tornar-se-iam
Les maîtres de nos destinées !Os mestres dos nossos destinos!
Aux armes, citoyens...Às armas, cidadãos...
Tremblez, tyrans et vous perfidesTremei, tiranos! e vós pérfidos,
L'opprobre de tous les partis,O opróbrio de todos os partidos,
Tremblez ! vos projets parricidesTremei! vossos projetos parricidas
Vont enfin recevoir leurs prix ! (bis)Vão enfim receber seu preço! (repete)
Tout est soldat pour vous combattre,Somos todos soldados para vos combater.
S'ils tombent, nos jeunes héros,Se tombam os nossos jovens heróis,
La terre en produit de nouveaux,A terra de novo os produz
Contre vous tout prêts à se battre !Contra vós, todos prontos a vos vencer!
Aux armes, citoyens...Às armas, cidadãos...
Français, en guerriers magnanimes,Franceses, guerreiros magnânicos,
Portez ou retenez vos coups !Levai ou retende os vossos tiros!
Épargnez ces tristes victimes,Poupai essas tristes vítimas
À regret s'armant contre nous. (bis)A contragosto armando-se contra nós. (repete)
Mais ces despotes sanguinaires,Mas esses déspotas sanguinários,
Mais ces complices de Bouillé,Mas os cúmplices de Bouillé,
Tous ces tigres qui, sans pitié,Todos os tigres que, sem piedade,
Déchirent le sein de leur mère !Rasgam o seio de suas mães!
Aux armes, citoyens...Às armas, cidadãos...
Amour sacré de la Patrie,Amor Sagrado pela Pátria
Conduis, soutiens nos bras vengeursConduz, sustém-nos os braços vingativos.
Liberté, Liberté chérie,Liberdade, liberdade querida,
Combats avec tes défenseurs ! (bis)Combate com os teus defensores! (repete)
Sous nos drapeaux que la victoireSob as nossas bandeiras, que a vitória
Accoure à tes mâles accents,Chegue logo às tuas vozes viris!
Que tes ennemis expirantsQue teus inimigos agonizantes
Voient ton triomphe et notre gloire !Vejam teu triunfo, e nós a nossa glória.
Aux armes, citoyens...Às armas, cidadãos...
(Couplet des enfants)(Verso das criancas)
Nous entrerons dans la carrière,Entraremos na carreira(militar),
Quand nos aînés n'y seront plus,Quando nossos anciãos não mais lá estiverem.
Nous y trouverons leur poussièreLá encontraremos as suas cinzas
Et la trace de leurs vertus (bis)E o resquício das suas virtudes (repete)
Bien moins jaloux de leur survivreBem menos desejosos de lhes sobreviver
Que de partager leur cercueil,Que de partilhar o seu esquife,
Nous aurons le sublime orgueilTeremos o sublime orgulho
De les venger ou de les suivreDe os vingar ou os seguir.
Aux armes, citoyens...Às armas, cidadãos...

09 de fevereiro

hoje nunca fez tanto sentido...


... ouvir minha voz te dizer parabéns

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Domingo Musical

Esse texto tá saindo como entrou em minha cabeça, assim maroto, matreiro e sem nenhuma correção caso alguém escorregue ou pise no pé.

Fazia tempo que eu não dançava tanto em um só dia. E essa alegria de sentir seu corpo queimando, o ar saindo rasgando até a endorfina bater e você se sentir voando é o melhor que existe se tratando de dança.

O dia já começou bem por se tratar do convite de uma moça que nasceu com sapatilhas: "quer ir almoçar comigo? assim passamos a tarde juntos antes de cair para o ccbb para o show."

Claro que vou. Claro que passamos uma tarde linda depois do almoço em seu atelier até ouvir o celular tocando para um convite: "zé? é o pedro. cai lá na roda de capoeira. vem ver de qual é."

Começou o domingo de música antes mesmo do previsto. A roda simplesmente me deixou encantado. Pedro apanhando da moça matreira foi hilário, bonito e tudo mais ao mesmo tempo. A troca de ladainhas, instrumentos, movimento e voz é de arrepiar qualquer um que encare atento.

"você precisa ver como fica com a bateria completa. hoje tinha pouca gente e quem canta muito é minha mestra. vem aqui um dia fazer um treino e ver de qual é."

Convite aceito meu irmão. Bonito demais para a propaganda não colar.

Opa! Está quase na hora, vamos sair correndo para o CCBB.

"zé o rud toca hoje no Balaio, aparece lá."

Ok, vamos depois do show. Agora correndo para o CCBB, ouvindo samba no carro e perdidos na voz de Ivone Lara, Jorge Aragão, Alcione e a Velha Guarda embalado o final de tarde que queimou o céu de Brasília.

Que show fantástico! O grupo A Quatro Vozes, saiu por detrás da platéia em uma onda de canto que simplesmente emudeceu aqueles que ainda cantavam. Lindo, emocionante, viceral. Ouvir esse canto de mulheres que eram catadoras de café me fez agradecer por essas vozes, terem saído da lavoura e também me fez pensar em quantas ainda se mantêm por lá. Terminaram como começaram, levando um maracatu que acabou com meu fôlego entre os giros, em uma humildade sublime.

Depois para encerrar a noite a Banda de Pau e Corda, já estava cansado e as meninas me fisgaram demais para eu ficar muito atento a música deles. Bonita, suave... só que suave demais! O público tinha ido ao climax com as Quatro Vozes e agora estavamos meio que descansando e quando penso que não iria mais levantar, eis que surge o frevo. Linda forma de levantar novamente.

Encerrado o Vox Brasilis, no auge da animação fomos correndo para o Balaio. Tinha que honrar o convite oras!

Adoro esse segundo, terceiro, quarto fôlego! O Rud está de parabéns pela escolha das músicas e minha menina... Oras ela é todos os motivos para o salão ficar vazio e tudo ser apenas suor, ritmo, quadris, música e sorrisos sem fim.

Como amo dançar contigo moça, como você completa meus passos e pensamentos, seja no frevo, maracatu, coco, samba ou nosso próprio som.

Adorei esse domingo e que as batatas das pernas que se sustentem! Não vou deixar essa música sumir.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Pizza dupla de R$ 1

Final de mês e decidi descer até o setor comercial para comer no Sesc, fiquei com preguiça de pegar um busão até a asa norte logo não iria almoçar no meu velho.

Quais são as opções de mortes lentas? PF de R$ 6,50 ou um mais arrumadinho de R$ 7,00... Opa, cheiro de pizza! Quanto é moça? Um real. Porra... um real? Não, tô fora deve ser uma merda. Vamos para o PF de 7 contos mesmo.

Tô ali lendo e comendo quando passa um senhor, com livros debaixo do braços, de talvez... O quê 50 anos? Olha para a capa do livro e solta: "Ah, Paris é uma festa! Esse livro é muito bom. Você precisa ler Por quem os sinos dobram é muito bom." Fico olhando para o senhor, ele está vestido de um terno estranho e velho, roupas puídas do PT e cheio de broches de estrelas vermelhas.

Comento que estou começando a ler Hemingway há menos de uma semana, que estou encantado, que ele escreve para caralho. Ele sorri, concorda, fala que o filho da puta descreve cenas como quem despe uma mulher. Enquanto fico tentando absorver a última frase ele sorri pega um pedaço de um sanduíche no canto da mesa e sai se despedindo.

Chamo ele até a mesa e pergunto se quer comer alguma coisa. Ele afirma que sim meio sem graça e então eu sugiro o PF. "Não, de jeito nenhum. O PF é muito caro. Vou pedir uma pizza ali, pode ser?". Pergunto de novo se ele quer o PF e ele simplesmente me corta comentando algo sobre ser importante, na minha idade, gastar comigo.

Come a pizza, conversamos um pouco mais sobre Ernest Hemingway e obviamente faço um comentário infeliz. Pergunto o que ele está achando do Lula como presidente. "É apenas uma blusa. Eles dão de graça no partido se você levar os bottons". Ele termina de comer, comenta mais uma vez sobre o livro que eu devo ler e se despede agradecido pelo almoço.

Não sei... Fiquei me sentindo um merda depois disso. Fico pensando no dinheiro que estou economizando, nas buscas pelos frelllas, pensando nas viagens que estou planejando e nos livros que eu gostaria de comprar. Vivo reclamando que a metade das coisas que eu desejo eu não faço, que me falta correr atrás, que estou me estagnando...

Pensei nesse senhor chamado Carlos, que saiu agradecido com seus livros puídos debaixo do braço. O que ele pensa? O que ele busca? Quem ele foi e o que ele pensa da própria vida hoje? Sei que ele sabe falar, leu bastante coisa e deixou meus pensamentos confusos no começo da tarde.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O menino no sapato - parte final

Eriberto passou sua manhã pensando em um nome. Não é uma tarefa tão fácil assim criar um nome. Principalmente um que significasse algo para você, ou quem você fosse.

Como deveria escolher o seu nome? Deveria ser algo que simbolize coragem, afeto, carinho ou proteção? Algo que você gosta, que precisa ou que deseja ser? E o nome Cyria Multiplisorridevanenoturno era bacana demais! Tinha que buscar alguma coisa... coisa não oras. Era um nome. Tinha que ser o Seu Nome, algo tão legal quanto.

Eri (ele já havia perdido o Berto no caminho) entrou correndo pela casa, pulou a poltrona da sala e abriu a porta do quarto gritando a pleno pulmões.

- Eri Abertifloraluziplural!

Saindo com um pulo de dentro do sapato o garoto abriu um sorriso e segurando seu turbante fez uma longa reverência.

- É um belo nome que carrega contigo Eri Abertifloraluziplural. Nomes saem bem melhor quando cantados bem alto. Apenas números deveriam ser ditos bem baixinhos, assim eles podem se perder e as pessoas apenas enxergariam o pouco e o muito.
- Ainda não me disse o porque escolheu morar em meu sapato. Tá eu sei que é porque eu não o uso mais. Mas por que resolveu vir morar aqui em meu... Não é meu o quarto não é? É apenas um ambiente, mais um lugar, outro teto como qualquer outro não é?

O menino deu um pequeno sorriso, seus dentes pequeno e pontiagudos mostravam um verdadeiro e sincero sinal de alegria.

- Continue.
- Esse é o lar dos meus pais. É enorme e eles vivem reclamando do tamanho de onde vivem. Esse quarto é tão grande e mesmo assim eles vivem entupindo de coisas, de roupas, de brinquedos. Quase como se eu precisasse de tudo que me dão em troca do que eles querem ter para si.

Ele começou a perceber que o menino a sua frente aumentava ainda mais o sorriso e ele parecia um pouco maior, quase na altura de seu joelho.

- Eles vivem cansados, tristes e suspirando como se não houvesse mais ar em seus pulmões. Peitos cansados e segundo ouvi meu pai falar baixinho um dia, tão pesados que doía muito em algumas horas do dia. A televisão sempre continua mostrando várias coisas e minha mãe olha tudo em volta querendo saber onde poderia caber todas elas.

O quarto parecia ainda maior, um pouco mais colorido, mais vivo e com tons tão mais interessantes do que seus pais pintaram quando se mudaram. Ele sempre quis um quarto com estrelas pelas paredes e no teto e tudo que ganhou foi uma parede branca com... Era uma estrela naquele canto?

- Continue Eri Abertifloraluziplural. Não pare, você está quase lá.
- É uma estrela não é? Naquele canto, eu realmente estou...

Um mar de estrelas brotou daquela pequena estrela, como uma explosão de fogos de artifícios cobrindo o quarto inteiro em rotações tão criativas e lentas que ele não pode evitar de sorrir.
Ao virar o rosto notou que o menino era do seu tamanho, tão real e carregava consigo um misto de cheiro de telha molhada e livros antigos.

- Você poderia mudar de tamanho o tempo inteiro?
- Não fui eu que mudei de tamanho.

O quarto era maior do que ele jamais sonhara e todos os tons estavam trocados, todos os aromas, seus sentidos pareciam um enorme catavento e ele não conseguia parar de rir.

Viu o menino caminhando em direção ao sapato e dentro dele havia uma enorme e linda escadaria de musgos e flores. Ela apontava para uma luz toda própria e uma sensação de arrepio que consumia toda sua pele.

- Por que eu nunca tinha visto nada disso antes?
- Talvez, porque você não queria. Talvez, por estar ocupado com outras coisas. Talvez, porque existe alguma coisa na maneira que vocês pensam, que que nubla o fato de que beneficios são tao bons quanto perdas.

Sem olhar sequer um segundo para trás Eri Abertifloraluziplural pulou para dentro do sapato deixando para trás um quarto, dois pais, colégio e um menino chamado Eriberto.