quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Esquina

- Oi.
- Oi.

Entre o banheiro e um sofá estava encarando meus pés um pouco incomodado com as pessoas que eu não conhecia, as mesmas que me obrigava a sorrir para todos só por ter sido convidado.

- Você veio com a...
- Vanessa.
- Ex-namorada?
- Ela já disse para todo mundo?
- Não, só encarando o jeito que você está olhando para ela e aquele cara dançando.
- Aquele cara é o atual namorado dela. Acho que o nome dele é Fernando.
- Como se você não soubesse o nome dele.
- Tá certo. O filho da puta se chama Fernando.

Ela dá um sorriso e me oferece a Dos Equis, tão gelada que chega a congelar minha mão.

- Deveria pegar outra para gente brindar.
- Olha... Qual é seu nome?
- Vanessa.
- Vanessa? Tá valeu pela cerva e pelo papo. Mas não estou afim de ficar com ninguém.
- Ui... Que pena para mim puxar papo com você então.
- Não é nada disso é só...
- Que você prefere ficar olhando sua ex ficando com outro cara e lembrar sempre dos dois quando ouvir Protege Moi.

Ela pisca tão devagar perto de mim que sinto seus cílios tocando de leve o meu.

- Já viu um clipe que fizeram com essa música? Extra Protege Moi. Comecei a achar Placebo muito mais gostoso depois que assisti.
- É um bom clipe?
- É lindo. Tem uma festa cheia de pessoas maravilhosas, elas estão todos como em De Olhos Bem Fechados e tem duas cenas deliciosas de paus sendo chupados.
- ...
- Você gosta?
- Como?
- Placebo. Você gosta de Placebo?

Tomando a cerveja da minha mão ela toma um gole devagar e toca meu cabelo enquanto beija meus olhos. Minha mão desce até sua cintura e então ela me tira o ar com um beijo. Sinto minhas pernas quentes e um formigar em meu estômago quando ela aproxima seus lábios de meu ouvido.

- Ela deve estar olhando para cá agora. Deixe que ela pense em nós dois ouvindo essa música.
- Aonde você vai?
- Para qualquer lugar que você queira dormir comigo.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Cadillac Records



Há um tempo eu tive a possibilidade de ler um puta livro do Barahona chamado A História do Rock Roll. Esse livro trazia o nascer de um estilo que tinha toda sua essência mergulhada nas fazendas de algodão do Mississipi.

Ontem à noite eu tive o prazer de assistir um filme chamado Cadillac Records que conseguiu dar os devidos créditos aos criadores do Rock, antes que um homem tivesse que ser branco e tocar quase a mesma coisa para ser chamado de Rei.

O som, é claro, é de tirar o fôlego. Com gênios como Chuck Berry (assustadoramente idêntico), Muddy Water, Little Water, Etta James (até consegui esquecer que era a Beyoncé) e Howlin Wolf (que fiquei impressionado em conhecer).

Segue aqui o trailer assistam.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Casablanca

bom filme, excelente cena!

La Marseilaise

Allons enfants de la Patrie,Avante, filhos da Pátria,
Le jour de gloire est arrivé !O dia da Glória chegou!
Contre nous de la tyrannie,Contra nós, da tirania
L'étendard sanglant est levé, (bis)O estandarte ensanguentado se ergueu,(repete)
Entendez-vous dans les campagnesOuvis nos campos
Mugir ces féroces soldats ?Rugirem esses ferozes soldados?
Ils viennent jusque dans nos brasVêm eles até aos nossos braços
Égorger nos fils, nos compagnes !Degolar nossos filhos, nossas mulheres.
Aux armes, citoyens,Às armas, cidadãos,
Formez vos bataillons,Formai vossos batalhões,
Marchons, marchons !Marchemos, marchemos!
Qu'un sang impurQue um sangue impuro
Abreuve nos sillons !Agüe o nosso arado!
Que veut cette horde d'esclaves,O que quer essa horda de escravos,
De traîtres, de rois conjurés ?De traidores, de reis conjurados?
Pour qui ces ignobles entraves,Para quem (são) esses ignóbeis entraves,
Ces fers dès longtemps préparés ? (bis)Esses grilhões há muito tempo preparados? (repete)
Français, pour nous, ah ! quel outrageFranceses! A vós, ah! que ultraje
Quels transports il doit exciter !Que comoção deve suscitar!
C'est nous qu'on ose méditerÉ a nós que consideram
De rendre à l'antique esclavage !retornar à antiga escravidão!
Aux armes, citoyens...Às armas, cidadãos...
Quoi ! des cohortes étrangèresO quê! Tais multidões estrangeiras
Feraient la loi dans nos foyers !Fariam a lei em nossos lares!
Quoi ! ces phalanges mercenairesO quê! Essas falanges mercenárias
Terrasseraient nos fiers guerriers ! (bis)Arrasariam os nossos nobres guerreiros! (repete)
Grand Dieu ! par des mains enchaînéesGrande Deus! Por mãos acorrentadas
Nos fronts sous le joug se ploieraientNossas frontes sob o jugo se curvariam
De vils despotes deviendraientE déspotas vis tornar-se-iam
Les maîtres de nos destinées !Os mestres dos nossos destinos!
Aux armes, citoyens...Às armas, cidadãos...
Tremblez, tyrans et vous perfidesTremei, tiranos! e vós pérfidos,
L'opprobre de tous les partis,O opróbrio de todos os partidos,
Tremblez ! vos projets parricidesTremei! vossos projetos parricidas
Vont enfin recevoir leurs prix ! (bis)Vão enfim receber seu preço! (repete)
Tout est soldat pour vous combattre,Somos todos soldados para vos combater.
S'ils tombent, nos jeunes héros,Se tombam os nossos jovens heróis,
La terre en produit de nouveaux,A terra de novo os produz
Contre vous tout prêts à se battre !Contra vós, todos prontos a vos vencer!
Aux armes, citoyens...Às armas, cidadãos...
Français, en guerriers magnanimes,Franceses, guerreiros magnânicos,
Portez ou retenez vos coups !Levai ou retende os vossos tiros!
Épargnez ces tristes victimes,Poupai essas tristes vítimas
À regret s'armant contre nous. (bis)A contragosto armando-se contra nós. (repete)
Mais ces despotes sanguinaires,Mas esses déspotas sanguinários,
Mais ces complices de Bouillé,Mas os cúmplices de Bouillé,
Tous ces tigres qui, sans pitié,Todos os tigres que, sem piedade,
Déchirent le sein de leur mère !Rasgam o seio de suas mães!
Aux armes, citoyens...Às armas, cidadãos...
Amour sacré de la Patrie,Amor Sagrado pela Pátria
Conduis, soutiens nos bras vengeursConduz, sustém-nos os braços vingativos.
Liberté, Liberté chérie,Liberdade, liberdade querida,
Combats avec tes défenseurs ! (bis)Combate com os teus defensores! (repete)
Sous nos drapeaux que la victoireSob as nossas bandeiras, que a vitória
Accoure à tes mâles accents,Chegue logo às tuas vozes viris!
Que tes ennemis expirantsQue teus inimigos agonizantes
Voient ton triomphe et notre gloire !Vejam teu triunfo, e nós a nossa glória.
Aux armes, citoyens...Às armas, cidadãos...
(Couplet des enfants)(Verso das criancas)
Nous entrerons dans la carrière,Entraremos na carreira(militar),
Quand nos aînés n'y seront plus,Quando nossos anciãos não mais lá estiverem.
Nous y trouverons leur poussièreLá encontraremos as suas cinzas
Et la trace de leurs vertus (bis)E o resquício das suas virtudes (repete)
Bien moins jaloux de leur survivreBem menos desejosos de lhes sobreviver
Que de partager leur cercueil,Que de partilhar o seu esquife,
Nous aurons le sublime orgueilTeremos o sublime orgulho
De les venger ou de les suivreDe os vingar ou os seguir.
Aux armes, citoyens...Às armas, cidadãos...

09 de fevereiro

hoje nunca fez tanto sentido...


... ouvir minha voz te dizer parabéns

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Domingo Musical

Esse texto tá saindo como entrou em minha cabeça, assim maroto, matreiro e sem nenhuma correção caso alguém escorregue ou pise no pé.

Fazia tempo que eu não dançava tanto em um só dia. E essa alegria de sentir seu corpo queimando, o ar saindo rasgando até a endorfina bater e você se sentir voando é o melhor que existe se tratando de dança.

O dia já começou bem por se tratar do convite de uma moça que nasceu com sapatilhas: "quer ir almoçar comigo? assim passamos a tarde juntos antes de cair para o ccbb para o show."

Claro que vou. Claro que passamos uma tarde linda depois do almoço em seu atelier até ouvir o celular tocando para um convite: "zé? é o pedro. cai lá na roda de capoeira. vem ver de qual é."

Começou o domingo de música antes mesmo do previsto. A roda simplesmente me deixou encantado. Pedro apanhando da moça matreira foi hilário, bonito e tudo mais ao mesmo tempo. A troca de ladainhas, instrumentos, movimento e voz é de arrepiar qualquer um que encare atento.

"você precisa ver como fica com a bateria completa. hoje tinha pouca gente e quem canta muito é minha mestra. vem aqui um dia fazer um treino e ver de qual é."

Convite aceito meu irmão. Bonito demais para a propaganda não colar.

Opa! Está quase na hora, vamos sair correndo para o CCBB.

"zé o rud toca hoje no Balaio, aparece lá."

Ok, vamos depois do show. Agora correndo para o CCBB, ouvindo samba no carro e perdidos na voz de Ivone Lara, Jorge Aragão, Alcione e a Velha Guarda embalado o final de tarde que queimou o céu de Brasília.

Que show fantástico! O grupo A Quatro Vozes, saiu por detrás da platéia em uma onda de canto que simplesmente emudeceu aqueles que ainda cantavam. Lindo, emocionante, viceral. Ouvir esse canto de mulheres que eram catadoras de café me fez agradecer por essas vozes, terem saído da lavoura e também me fez pensar em quantas ainda se mantêm por lá. Terminaram como começaram, levando um maracatu que acabou com meu fôlego entre os giros, em uma humildade sublime.

Depois para encerrar a noite a Banda de Pau e Corda, já estava cansado e as meninas me fisgaram demais para eu ficar muito atento a música deles. Bonita, suave... só que suave demais! O público tinha ido ao climax com as Quatro Vozes e agora estavamos meio que descansando e quando penso que não iria mais levantar, eis que surge o frevo. Linda forma de levantar novamente.

Encerrado o Vox Brasilis, no auge da animação fomos correndo para o Balaio. Tinha que honrar o convite oras!

Adoro esse segundo, terceiro, quarto fôlego! O Rud está de parabéns pela escolha das músicas e minha menina... Oras ela é todos os motivos para o salão ficar vazio e tudo ser apenas suor, ritmo, quadris, música e sorrisos sem fim.

Como amo dançar contigo moça, como você completa meus passos e pensamentos, seja no frevo, maracatu, coco, samba ou nosso próprio som.

Adorei esse domingo e que as batatas das pernas que se sustentem! Não vou deixar essa música sumir.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Pizza dupla de R$ 1

Final de mês e decidi descer até o setor comercial para comer no Sesc, fiquei com preguiça de pegar um busão até a asa norte logo não iria almoçar no meu velho.

Quais são as opções de mortes lentas? PF de R$ 6,50 ou um mais arrumadinho de R$ 7,00... Opa, cheiro de pizza! Quanto é moça? Um real. Porra... um real? Não, tô fora deve ser uma merda. Vamos para o PF de 7 contos mesmo.

Tô ali lendo e comendo quando passa um senhor, com livros debaixo do braços, de talvez... O quê 50 anos? Olha para a capa do livro e solta: "Ah, Paris é uma festa! Esse livro é muito bom. Você precisa ler Por quem os sinos dobram é muito bom." Fico olhando para o senhor, ele está vestido de um terno estranho e velho, roupas puídas do PT e cheio de broches de estrelas vermelhas.

Comento que estou começando a ler Hemingway há menos de uma semana, que estou encantado, que ele escreve para caralho. Ele sorri, concorda, fala que o filho da puta descreve cenas como quem despe uma mulher. Enquanto fico tentando absorver a última frase ele sorri pega um pedaço de um sanduíche no canto da mesa e sai se despedindo.

Chamo ele até a mesa e pergunto se quer comer alguma coisa. Ele afirma que sim meio sem graça e então eu sugiro o PF. "Não, de jeito nenhum. O PF é muito caro. Vou pedir uma pizza ali, pode ser?". Pergunto de novo se ele quer o PF e ele simplesmente me corta comentando algo sobre ser importante, na minha idade, gastar comigo.

Come a pizza, conversamos um pouco mais sobre Ernest Hemingway e obviamente faço um comentário infeliz. Pergunto o que ele está achando do Lula como presidente. "É apenas uma blusa. Eles dão de graça no partido se você levar os bottons". Ele termina de comer, comenta mais uma vez sobre o livro que eu devo ler e se despede agradecido pelo almoço.

Não sei... Fiquei me sentindo um merda depois disso. Fico pensando no dinheiro que estou economizando, nas buscas pelos frelllas, pensando nas viagens que estou planejando e nos livros que eu gostaria de comprar. Vivo reclamando que a metade das coisas que eu desejo eu não faço, que me falta correr atrás, que estou me estagnando...

Pensei nesse senhor chamado Carlos, que saiu agradecido com seus livros puídos debaixo do braço. O que ele pensa? O que ele busca? Quem ele foi e o que ele pensa da própria vida hoje? Sei que ele sabe falar, leu bastante coisa e deixou meus pensamentos confusos no começo da tarde.