sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Fantasmas

Ser esquecido é pior do que morrer, pode estar certo disto.

Quando na ânsia pela vida você temer a morte, pense nas palavras aqui ditas. Trabalho incompleto, amor, zelo pelos vivos. Nada disso nos mantêm fixos em seu mundo. O ego nos mantém aqui pela necessidade de sermos lembrados.

A escuridão da lápide, o frio do solo, não é nada. Estar preso à nossa carne enquanto ela se desfaz, não é nada. Caminhar novamente no seu mundo, notando seus rostos indiferentes a nossa morte é pior.

Seguir vocês aos bares e ouvir suas risadas e conversas é mais doloroso que saborear suas lágrimas e dor. Queremos que sofram, que se desesperem em nossa memória, mas lembrem-se de nós!

E quanto ao gozo da mulher que amávamos entre o corpo e calor de outros? Estes, odiamos. Não por estarem com a mulher que amávamos, mas por poderem tocá-la, sentirem o hálito quente e o suor que pinga em seus peitos. Que mundo injusto o das sombras!

Quem dera os filmes estivessem certos em seus melodramas. Quem dera o mundo dos mortos pudesse entrar em contato com o dos vivos. Somente um momento, um vulto, um susto! Seria o bastante para que lembrassem de nós, os esquecidos.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Queda livre

A chuva castiga, bate e tenta em vão esfriar o corpo nessa madrugada de quinta-feira. O momento é vivo demais para ser esquecido assim. A caminhada mesmo longa é pequena pela frase que ficou presa mesmo agora no caminhar:

- Estou com medo.

Esse bater no peito sem cessar é medo? O calor que geramos é refém deste medo?

Não é a chuva que me trás a febre que não me deixa dormir. São as palavras, as que me deixaram prisioneiro de meu próprio nome e o que deixei dizer dele.

Deixo cair, deixo levar, deixo ir.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Velório

- Nossa tu demorou pra caralho.

- Não estava conseguindo encontrar uma vaga nesse cemitério. Deu de todo mundo ser enterrado logo hoje?

- Ssss... fala baixo.

- Mas afinal... o que aconteceu com o Almeida? Foi o quê?

- Coração.

- Coração?

- Coração.

- Coração é foda...

- Foda mesmo.

- Ei. Quem é aquela guria ali?

- Qual?

- A de vestido preto.

- Porra Flávio, todas estão de preto.

- A bonitinha ao lado daquela velha ali.

- Aquela é a Simone cara.

- Que Simone?

- A Simoninha.

- Simoninha... a filha do Almeida?

- Ela mesmo.

- Porra... o tempo passa.

- Passa mesmo.

- Nossa maior tempão que não via tanta gente reunida.

- É. Desde a morte do Carlão.

- Caralho, parece que o povo só se reúne para se despedir agora.

- O tempo passa.

- Passa mesmo.

...

- E a Kátia? Não veio?

- ...

- Brigaram de novo?

- Ela me deixou.

- O quê?

- Me deixou por um instrutor de Yoga.

- Yoga?

- Yoga.

- Quantos anos...

- 28.

- Filho da puta.

- Filho de uma puta.

- E o silicone? Você ainda ta pagando?

- Falta quatro prestações.

- Filho da puta!

- Filho de uma puta!

...

- Entrei em uma academia.

- É mesmo? Quando?

- Amanhã mesmo.

- Coração é foda né? Assusta.

- É... ainda mais com uma gatinha como a Simone para poder conferir.

- Porra Flávio...

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Atado

- Garçon! Traga mais uma cerveja, uma porção de bacalhau, papel e uma caneta que preciso escrever.

- Escrever, escrever e escrever... acho que nunca tinha visto uma pessoa com tanta ambição de dizer o que pensa.

- Ambição? Isso não tem nada haver com o que escrevo.

- Todo os escritores dizem isso, mas na verdade é uma necessidade que beira a um ego sem limites.

- Se me chama de escritor, já não preciso escrever para meu ego.

- ...

- Escrevo para esvair de mim a imprudência de atirar sem receios apostas para doer o coração. Escrevo para que minhas mãos parem de tremer, para que minha pele pare de suar, para quando a encontrar possa me sentir forte e segurá-la com firmeza e sem receios.

- Você sempre se atira. Por que uma vez, não pensa em tudo que viveu e vai com calma na fonte que chama de paixão?

- Poderia fazer isso? Alguma vez esteve maravilhado por uma mulher ao ponto de conseguir fingir que não esteja preso a ela em seus pensamentos depois que partiu?

- Mas você sempre sofre.

- Nem sempre. E é por me dedicar, ver definhar e não sofrer, é que bebo em enormes goles a necessidade de poder sofrer. Saúde!

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Valendo Taça

Quando você tem 26 anos, quase 27 mas ainda falta alguns dias, e jamais torceu de verdade para algum time, salvo as copas, você é obrigado a escolher algum simplesmente para poder conversar com alguns amigos ou irritar familiares.

Nasci no bairro do Flamengo, sendo o único menino em uma família de mulheres, recebi do meu avô uma camiseta do flamengo que servia mais como vestido. A maioria das fotos que tenho bebê, ao lado dele, estou trajado de rubro negro. Quando ia a praia criança, jogava bola com meu primo, uns moleques e o próprio Júnior.

Em umas férias com meus tios em Santos, passei todo um final de campeonato paulista assistindo meu tio torcendo para o Palmeiras, adorei as cores, gostava da forma como ele assistia, trajando seus guias e superstições que iriam fazer seu time ser campeão e acabou sendo. Decidi ali que não seria flamenguista. Meu avô parou de falar comigo mais ou menos nessa época.

Ao reparar o olhar de meu avô entre os amigos quando perguntavam se o neto dele era flamenguista ele simplesmente dizia: “Meu neto não tem time. Não sabe o que é futebol.”

E ele estava certo. Jamais gostei muito de futebol, apenas dizia que tinha um time que estava ganhando e deixava estar. Assim descomplicava minha vida e poderia levar uma adolescência bem diferente da de hoje, aonde os roqueiros não ouviam, sentiam ou viam nada que lembrasse esportes.

Mas o tempo passa e de repente um estranho ritual volta, após a última copa comecei a assistir bastante futebol: seja o carioca, paulista, campeonato nacional e europeu. Comecei a me apaixonar pelo jogo, pelo encontro dos amigos, a cerveja e as namoradas torcendo ou emburradas sentadas ao lado.

Mas principalmente por um time que me lembrava algo da infância. As cores, o emblema, o urubu, milhares de pessoas pintadas na arquibancada, vozes gritando um hino que jamais poderia ser o original, porque esse time é e sempre foi formado pela torcida.

- Você é flamenguista Eduardo?

Tenho escutado essas frase a muito tempo. Por hora não vou dizer que sou flamenguista, este direito não me cabe. Só digo que não perco seus jogos, que torço sozinho ou acompanhado, vou a bar beber e assistir com meus amigos, que chamei meu avô para assistir um jogo no Maracanã comigo e que os flamenguistas começaram a me chamar para estar presente quando tem jogo.

Posso não ser Flamenguista, mas o dia que ganhar uma blusa, eu finalmente admito que virei a casaca por alguns anos, quando dizia que era Palmeiras.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Folha partida ao meio

Seja meu Judas querida e sele minhas convicções com um beijo. Deixe que nele todos os olhares e flertes jogados entrelinhas, sejam dissolvidos no seu sabor, no envolver de seus braços e no peso de seu corpo.

Nunca nos desligamos dos corpos que nos moldaram. A pele não esquece. Ela absorve os vãos criados nos primeiros toques, uma memória táctil, do corpo que é lido em braile por meus dedos.

Pausa... o tempo nos incentiva a calma e o prolongar. Metas olvidade tantas vezes pelo desespero da perda que queima na juventude. A mesma que destruiu este coração uma vez.

Viver no cerrado me moldou. Eu preciso da queima! Eu sou mais belo e forte a cada entrega e no toque sábio.

Somos mais sinceros hoje. Somos mais unidos ao estarmos livres de tudo que chamam de entrega e fidelidade. Sou fiel ao sentimento, unicamente a ele, a quem jamais irei mentir ou trair.

Neste descobrir do novo ser, nos novos prazeres absorvidos a cada leito que dividimos nesses anos, encontra-se o deixar partir quando queiras.

Por que nada será tão embriagante quanto a sincronia certa e o nublar do mundo ao reencontro de nossos corpos e momentos.

A ti, como prometido

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Entre amigos

- E aê meu irmão? Como anda sua novela diária que tú chama de namoro?
- ... Qual é seu problema?
- Como assim?
- Porra! Você é meu amigo cara, me amarro em ti. E sempre que tenho que trocar uma idéia com você, tudo o que você diz é para me deixar pior. Será que você podia ao menos tentar em ser camarada? É tão difícil assim?
- Velho... o dia que você pensar em deixar de lado tudo o que as pessoas falam e começasse a se escutar, com certeza eu pararia com isso. Aê, eu poderia ser um amigo que iria sorrir e servir uma cerva tranquilo, por que eu saberia que você está bem e feliz.
- ...
- Pode deixar, eu pago a conta da mesa. Mas quando chegar em casa pensa que amor é confiança e não palavras bonitas.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Clássica experiência

Uma fila se afunila ao passar pela porta, uma espiral enorme e com um carpete de veludo nos guia, como o coelho para Alice, a um novo mundo.

As pessoas acomodam-se em suas cadeiras, admiradas com um palco composto de luz, brilho, metais, cordas e um grupo de artistas. Todos em sintonia ao movimento de pulso, corpo e mão, que rege ao preciso tempo cada suspiro.

Somos apenas mais um instrumento, tocado neste onírico espaço. Nossos corações pulsam em cada troca, cada estância, em uníssono na mais completa harmonia.

Histórias inteiras são contadas por cada troca de instrumentos: pode-se ouvir o som do vento nas copas, as discussões dos casais, morte, guerra, amantes entre suspiros...

Sou grato pela sensibilidade de tentar entendê-la, por amar conhecer seus autores, suas peças, seus atos. Por ser uma expressão artística que carregarei comigo para sempre.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Tremor

Cheire o passado, deixe que corra por sua pele arrepiando cada pêlo. Sinta o vibrar da nuca e o morder dos lábios involuntários. O peito que queima como fogo, batendo tão rápido que faça você pensar que irá morrer e se sentir feliz por isso.

Uma única lágrima corre pelo seu rosto. Guarde ela contigo e deixa secá-la como o amor dedicado a quem jamais o mereceu.

Uma lágrima basta.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Academas

Ao caro cidadão que com a pena
Abriu as portas necessárias para seguir adiante

Permitindo ao cego a guiar-se
Acima do receio do peito aturdido

Permitindo encarar as trevas
e a luz com a diletante jovialidade

O caríssimo obrigado
Deste eterno e atento amigo

ao meu irmão, Pedro Mesquita

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Ônibus

Apertado, lotado, cheio de trabalhadores cansados e marcados pela rotina do ir e vir sem cessar. O ônibus segue: com essa massa abarrotada, seja nos dias quentes, chuvosos , abafados e radiantes.

Cheio de olhares perdidos, sonhadores e distraídos as pessoas seguem sua via pensando além.

No rosto dos jovens estudantes poderia estar suas matérias, saídas, encontros e possíveis novos amores. Vez após vez encontramos uma menina sorrindo mesmo apertada entre a cadeira e o mastro de metal que comprime sua coxa.

Note o olhar cansado da mulher, que passou o dia sentada, lutando contra a câimbra das panturrilhas malhadas pela obrigação do salto diário que cria as primeiras varizes.

Alguns homens olham para os carros do lado de fora, para as pessoas confortáveis dirigindo seus lindos carros de propaganda acompanhada de bichos de pelúcia. Eles olham atentos enquanto apertam contra o peito o saco plástico com seus DVD’s de 10 reais comprados na parada.

Alguns lêem livros. Alguns deles de romance, outros espíritas, alguns poucos escolares e em sua grande maioria é a bíblia. A mesma que ressalta murmúrios enquanto recitam para si a paz e compreensão que carregam em sua viagem.

Ao meu lado uma senhora lia Drummond: leu como quem esquecesse as malas que carregava entre as pernas e a bolsa apoiada no ombro esquerdo. Lia segurando seu livro com dois dedos, enquanto se agarrava ao mastro com a mão direita. Leu e fechou os olhos com um sorriso distante e maravilhado.

Por cima dos ombros consegui ler o que a permitiu viajar para longe do ônibus, para longe do espaço entre trabalho e lar.

Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.
Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.

Carlos Drummond de Andrade

Boa viagem meus caros.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Digerindo vidas

Ela se levanta da mesa e ainda estou com minha cara de idiota enquanto pago a conta. Estou tentando sair da mesa, quando vejo um senhor sentado na mesa a minha frente. Ele corta a carne de seu Filé com uma calma mecânica e parece sentir o aroma por alguns instantes antes de morder a fatia fina e vermelha e mastigar calmamente. No terceiro pedaço que ele mastiga fico intrigado e me aproximo da mesa.

- Desculpe mas não pude deixar de notar o prazer que come seu prato. Poderia me dizer o que é para que eu possa experimentar na próxima vez?

- O mesmo que você está comendo nesse instante meu rapaz.

- Não senhor, eu não comi carne hoje, eu pedi uma Pasta ao Fungi e...

- Você está comendo o mesmo que eu. Está ou não está apaixonado pela jovem que saiu de sua mesa há instantes?

Fico encabulado e presto atenção ao modo que volta a olhar para a comida e novamente para mim.

- Sente-se rapaz. Assim talvez você entenda o que eu quis dizer.

Ele olha atentamente para o prato a sua frente e então cerra os olhos como se para sentir o aroma delicioso da carne e suspirando começa a cortar a carne com leveza sem sequer olhar para mim.

- Relacionamentos são como incríveis refeições meu jovem. Inicialmente somos fisgados pelo aroma, por sua disposição, por sua aparência e componentes. Quando estamos satisfeitos, não notamos nem sequer o mais saboroso dos pratos. E famintos deixamos nos fisgar por qualquer coisa que nos ofereçam.

Ele deixa a carne parar uns instantes à sua frente e leva a boca com leveza, mastigando lentamente e com os olhos fechados e trêmulos.

- Ao aceitarmos a pessoa que amamos, a provamos notando todas suas exóticas qualidades e deleitamo-nos com seu sabor. Ela nos torna alguém estagiado, inteiro, vigoroso e único. Como se só nós pudéssemos entender o sabor que corre como energia por nossos corpos.

Ele engole com tranqüilidade e abre os olhos em direção a luz do teto do restaurante e então olha para mim.

- Após absorver essa pessoa, ela faz parte de nós. Alimenta-nos, fortalece, nos faz sentir dispostos e capazes de enfrentar nossos desafios e nossos receios. Estamos tão intimamente ligados que sabemos que ela está em nossos sonhos e confiamos que sua energia irá durar para sempre.

Eu arrepio ao perceber uma lágrima correr pelo meu rosto. Então levo um susto quando ele solta o talher no prato vazio e bebe rapidamente um copo de água.

- Mas depois garoto. No final tudo vira merda!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Jogo do Bicho

Tive um sonho estranho noite passada.

Estava cercado de pessoas: todas ouviam com deleite o que eu dizia, cada ponto defendido era um clímax. As mulheres me cercavam ouvindo atentas, dizendo que eu era lindo, que queriam dormir comigo. Todos os caras sorriam, apontavam, diziam que queriam ser eu.

Joguei no Gato.

Perdi 25 Reais... deu Pavão.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Tetélestai (Consumado está)

Dispare contra suas idéias mais simples e enxergue além de suas vontades. Todo envolvimento desenvolvido, toda disposição criada, lágrimas e sorrisos deveriam se tornar uma constância, estando só ou acompanhado.

Deixe sentir-se apaixonado pelos seus sentidos, pela necessidade de perceber que tudo a sua volta pode atingir da mesma forma que se percebe a pessoa desejada. Esquive-se da grotesca necessidade da posse ao alvo de seu ego, deixe-o ir da mesma forma que digere uma boa comida e fecha os olhos a paisagem que o cerca. Somos maiores que a paródia da cerca, algema, grilhões, ou como chamam os relacionamentos.

Não estou dizendo para que não aproveite o sentimento da paixão, que se prive do ato de amar. Apenas o aceite como mais uma das enormes facetas que envolve teus sentimentos. Saiba ter a coragem de permitir partir ou de ser abandonado se for o caso.

Perceba que esse sentimento de amor, de admiração, de desejo pode ser destinado a tudo que o cerca e enquanto estiver em si, jamais deixará de existir. E certamente te fará viver com intensidade quando dividido.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Dois

Esse quarto ainda ocupa uma presença que não é somente minha. Quase uma necessidade de continuar fazer presente, o que passou e foi tarde.

Sinto saudades do toque de Fernando em minhas costas, ainda posso sentir a nuca arrepiando quando colava seu rosto ao meu. Ficava zonza como estou agora, trêmula como um dia após um porre. Embriaguei-me no seu corpo.

Carlos nunca entenderia o que ele chamou, xingando, de traição. Ele era minha tranqüilidade, minha paz, meu foco. O amor que jamais senti por nenhum homem. Ele partiu com palavras duras e um rosto vermelho de lágrimas.

Amei aos dois ao meu modo. Transformando-os em símbolos de ordem e desordem a minha pessoa. Eles me faziam sentir completa, amada, desejada. Mulher.

Tive que dizer a Fernando que tudo acabara. Sem o meu centro não poderia viver na loucura da paixão ao seu lado. Ele também me xingou, também chorou. Mas foi o único que me bateu na cara antes de sair pela porta deixando sua presença quente em meu rosto.

Sinto saudades de me sentir segura com Carlos e perdida com Fernando.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Sessão da Tarde

Click, click, click... nada que presta. Click, click, click... já assisti também.

Essa conformidade de encarar o que nos digere aos poucos é o que me mata. Mais uma vez deixo a vida brincar comigo nos sonhos de outra pessoa. Tentando e buscando o crescimento que deveria ter em mim.

A loucura chamada paixão, nublou o óbvio que sempre nos é dito por amigos, por parentes e principalmente pela consciência. Mas o não-sofrer dos demais, não podem ser as algemas que nos mantêm calados para a verdade.

Sofrer faz parte, mas viver infeliz não deve ser o destino de ninguém. Temos pouco tempo no conceito que chamamos de vida. E é um desrespeito desperdiça-la com desgastes e esperanças de um Oásis no horizonte.

Um dia de cada vez, guardemos as boas memórias (que não foram poucas) e estejamos ciente que o crescimento será recíproco.

Como me disse um irmão – Gosto muito de ti cara. Qual é o problema de se gostar também?

Click.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

2 litros e meio de conversa

Feriados passam e tentamos manter a disposição no dia-a-dia que segue. Primeiros dias que passam lentamente com cheiro de lençóis e o calor da cama e teima em não sair. Mas as vezes somos flagrados em nossa rotina e recebemos convites – Vamos ao cinema ver um filme de um Best-Seller? Ora... por que não se hoje acabo de receber?

Bom filme. Deixemos de lado qualquer preconceito de – Não leio Best-Sellers. Muitas coisas boas a serem ditas: fala sobre vida, escolhas, sacrifícios e sabedoria nas palavras de um pai que me fez lembrar do meu. Realmente gostei.

Interessante como algumas semanas sem conversar pessoalmente com amigos mudam o início de qualquer conversa. É meio como um carro aquecendo no frio (Me perdoem a geração da injeção eletrônica caso não entendam) vamos soltando conversas aleatórias até que engatamos no ritmo habitualmente conhecido. Mas como sempre a boa conversa sempre sai e sempre bem acompanhada de cerveja.

De toda a conversa, uma frase ficou presa em meus pensamentos – Não é porque achamos que conhecemos demais as pessoas, de nossos grupos, que devemos contar para as demais o que ouvimos delas.

Quantas vidas conhecemos? Quantos segredos que devemos manter somente para nós mesmos são soltos por acaso. Em um simples equívoco de pensar que somos todos amigos e devemos compartilhar nossas vidas, estamos constantemente traindo aqueles que mais amamos e prezamos.

Sei o que digo a meus amigos. Talvez eu cometa o eterno erro de contar a todos como um imenso fórum, para ter a certeza que minha história não será modificada adiante. Uma ilusão certamente.

Custo demais pensar por mim mesmo. Deixarei a eterna dúvida para minha mente daqui em diante. Que os livros, pensamentos, paisagem e belezas sirvam como uma outra consciência em harmonia com a minha. Amigos servem para dividir suas vidas, não para ouvirem palavras que poderiam se perder ao vento.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Chove...

Chove sobre minha Mangueira... chove mas não há de ser nada não.


Deixe abrir o sol no sorriso dos que desfilam, do público que balança como as folhas dessa maravilhosa árvore ao vento.


Chove meu Rio! Chove com lágrimas pelo Cartola deixado de lado, mas que na Velha Guarda sempre lembrado.


Oh... saudades! Cidade Maravilhosa!


Tá surdo?!

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Paraparapapara .... track track ... Piiiiiii

Escritores são canalhas por natureza, flertam com o papel a covardia que impede que flertem com a vida.

Estou apaixonado por tudo que me cerca, pelos dias que estão tão frios mas que abre suas nuvens porque sabe que o carnaval chegou.Mesmo longe da cidade, que estou acostumado no feriado, com a multidão correndo pelas ruas, bêbados gritando e sol com cheiro de maresia, estou feliz por esse carnaval.

As linhas que nos separam, são como Hqs que contam histórias divididas entre nossos momentos congelados da memória.Viremos a página sem covardia de olhar para trás meus caros. Porque hoje tudo é possível. É carnaval!