quinta-feira, 13 de maio de 2010

Conversa de bar VIII

- Trás mais uma cerveja aí colega. Tem um salzinho? Só para descer essa mandioca insossa aqui.
- Todo engraçadinho esse Zé Eduardo. Só querendo ser o carioca.
- Só querendo ser? Qual é?!
- Re re.

Joguinho fuleiro do Flamengo a cerveja está estupidamente gelada pelo menos. Acaba com quase um empate e então a conversa volta ao ritmo normal no intervalo.

- Acho que o Dunga fez certo de não levar o Neymar. Muito novo.
- Mas qual o problema da idade?
- Ah, sei lá. Sabe é muito garoto. Menino e tals. Imagina se vai para copa do mundo e fica se achando.
- E o que é melhor? Ficar se achando em um time europeu?
- ...
- O que o Dunga esqueceu é que no tempo dele um jogador era exportado com 25 ou 30 anos para jogar fora. Ele se aposentou no Inter, após um chapéu de um moleque chamado Ronaldinho Gaúcho. Não é como essa nova leva de exportação aos 17 anos, como Robinho, Pato e daqui a pouco o Neymar e o Ganso.
- Verdade.
- Sério! Esses garotos de hoje tem mais é que usar toda e qualquer chance de poder jogar no Brasil. Jogar para o Brasil! Não me importo do cara barbarizar na copa do mundo e se achar um monstro do futebol. Que seja! Mas porra, vai lá e seja um monstro com a camiseta amarelinha! Por que é para um monte de fudidos que pegam um metrô lotado depois do trabalho e encher esse Maracanã é que esses milionários de chuteiras estão jogando.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Anulado

Eram que horas quando tudo ficou opaco? Olhando em volta noto que tudo perdeu os tons. Era como se de repente as paletas de cores jamais existira. Estou encarando um mundo de formas onde a própria definição de volume se perde na transparência.

Já pensou em caminhar sem saber exatamente a distância? Eu posso te assegurar que antes dera ser cego e ter em minha compensação os demais sentidos como guia.

Sim meu senhor! Peço desculpa ao leitor por não deixar claro. Mas não foram somente as cores, e com elas os tons de xinza, que esvanecera. Com elas sumira também o som, calor, frio, textura, odor, sabor... Sumiu por completo e teimo em dizer que não irão voltar.

Notando bem não havia animais, plantas, nem sequer nuvens ou sol, ou seria noite? Nesse caso não havia também lua ou estrelas. Apenas um espaço não definido... minto! Um espaço desenhado com nossas construções, alicerces, objetos e divisórias.

Parei de prestar atenção ao notar uma turba passar disparada pela rua abaixo. Muitos caindo e levantando, outros esbarrando e outros tantos não se importando, ditando no silêncio o alto tom de bocarras abertas. Todos eles seguiam para o que um dia foi um museu e ali entendi que era para onde deveria ir.

Grupos desesperados com lágrimas sem sal ou calor encaravam as formas no que deveria ser pedras metal e madeira em formas, esculturas como dizíamos antes, deitavam seus olhares como uma prece nas fotografias, nos quadros e nas montagens. Era como se as obras fossem um útimo resquício de vida distribuída pelo mundo.

Cansado dos olhares dos desesperados me atirei de volta as ruas, essas espaçadas e de carros parados com placas e sinais que não tinham mais sentidos.
Percebi então uma criança sentada com um bloco de peças em seu colo, tão concentrada em seu trabalho que conseguiu prender minha atenção além das obras e aqueles olhares religiosos voltados a elas.

A criança construia uma espécie de torre, ou me pareceu uma, com pedaços de caixas de fósforos, sapatos e embalagens de produtos. Ao final dessa obra ela esboçou um sorriso e deixou seu produto enquanto recolhia coisas deixadas para trás pelos demais. Placas, bolsas, cigarros, telefones, chápeus e todo o resto.

Fiquei ali olhando a pequena construção e a criança que se distanciava com pequenas tranqueiras em suas mãos. Olhando acabei por sorrir ao lembrar das pessoas no museu. Uma gargalhada, sem nenhum som, saía de mim me fazendo chorar de tanto rir criando câimbras em meu ventre ao notar a semelhança absurda com o mito da caverna.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Conversa de bar VII

Ouvindo de outra mesa, uma mulher em seus 35 anos aproximadamente.

- O modo que as pessoas me vêem é o que eu passei a elas.