terça-feira, 30 de setembro de 2008

Banana com Aveia e Mel

Café da manhã a partir de hoje é obrigatório. Uma necessidade de sentir o sabor de pequenos flocos dissolvendo na cor âmbar, sobre as rodelas quase iguais da fruta fatiada e sobreposta.


- Amor, está na mesa.


Um murmuro gostoso sai do quarto, o mesmo que dizia: - Vou daqui a 10 minutos se você me der um beijo.

O corpo de Vanessa debaixo da coberta era um pouco da fruta coberta do mel. Pele branca debaixo de uma coberta quase dourada pela luz da cortina.


- Vai acordar não preguiça? O café está na mesa.

- Naonm.


Beijo na altura da nuca e o sorriso involuntário que segue o arrepio da pele.


- Vamos?

- Cinco minutinhos?

- O café vai esfriar.

- Não bebo café mesmo. Gosto mais de suco e fruta.

- Menina saudável.

- Melhor que ser um velho fumante.

- Velho?

- Até fio branco já tem.

- Quer que eu pinte?

- Não. Homens que pintam cabelo são aquelas bichas velhas.

- Hahaha...

- Tipo de Acajú.

- Vou me lembrar disso. Vamos?


Ela se veste devagar e mexe o suficiente no cabelo para reclamar que está desarrumado, mesmo sem estar.


- Hum... Suco de laranja.

- Acabei de abrir a caixa.

- Por que você não compra a fruta? Parece que você tem um espremedor para decorar a cozinha.

- E é.

- Ê vocês da cidade grande. Hahaha.

- Você já mora aqui há dez anos.

- Dez anos não apaga oito de uma lavoura.

- ...

- Essas marcas em minhas mãos são de arrancar frutas de árvore. Nunca se percebe o quanto a árvore precisa de seus frutos até que arranquem cestas e mais cestas aos seis anos.


Ela deixa cair uma lágrima enquanto sorri ao por na boca a banana com aveia.


- Demorei tempo demais para apreciar o doce das frutas. Adoro banana com aveia e mel. Está uma delícia.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Ouvindo conversa alheia

São dois adolescentes sentados no banco da frente, uma menina bonita de cabelo preto e sem corte solto batendo nos ombros e um garoto com ombros curtos e uma nuca ossuda, o cabelo está preso por uma bandana e parece que está deixando crescer.


- Você e a Lúcia estão bem?

- Ela não retorna minhas ligações.

- Vocês têm se falado pelo menos.

- Estamos na mesma turma, se ela não falasse comigo seria estranho.

- E ela não está passando o intervalo com você.

- É...

- Acho que ela está exagerando sabia?

- Não, ela está certa.

- Tudo bem, você ficou com uma menina, mas e daí? Não é o fim do mundo. Você gosta dela isso está óbvio.

- Ela me odeia.

- Não, ela te adora. Está triste, mas sabe que você cometeu um erro.

- O pior de todos.

- Olha deixa de drama. Vamos ir para a casa do Marcos hoje. No caminho eu compro uma garrafa de vinho, assim você fica animado.

- He, he...

- Lembra quando a gente bebeu pra caramba na viagem para a Chapada?

- Lembro.

- Foi bacana mesmo. Nossa! Fiquei muito doida, nós entramos na cachoeira de noite não foi?

- Tava muito gelada aquela água.

- Ainda bem que você estava lá.

- ...

- Você estava tão quentinho.

- Tava?

- Aham.

- Acho que não vou para a asa norte agora não. Vou parar no Conic para encontrar o Alê.

- Quer que eu vá com você?

- Não valeu. Você é uma boa amiga Lana. A melhor.


Beijo na testa


- Tchau.

- Até mais tarde.

- Mais tarde?

- A festa na casa do Marcos.

- Ah... Vou ver se eu vou.

- ...

- Até mais.


Ele desce e então ela liga o MP3.


- Idiota.


Concordo com ela. Concordo com ele. Vou parar de ouvir conversas alheias.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Conversa de bar IV

- Está tudo bem?
- Apenas duas coisas deixa um homem triste cara. Dinheiro e mulher.
- ...
- E eu ganho bem.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Crítica

Mais uma exposição. Enfadonha, cheia de bebidas baratas, com pessoas vestidas para um espetáculo, que está pendurado na parede e cego, para todas as pompas que rodeiam as linhas ditas ao chão.


O próprio artista já está cansado de balançar a cabeça e sorrir para possíveis mecenas modernos e os possíveis compradores que irão colocar em seus consultórios e firmas de advocacia o que um dia ele julgou ser a expressão de seu ser. Hoje, apenas paga as contas e um divórcio.


Ele sente o cheiro de um perfume acompanhado de curvas de um corpo que faz com que abra caminho para o quadro. Ela encara a peça tempo suficiente para mirar a jovem triste que a encara de volta, faz uma cara de asco e joga o vinho contra a tela.


O silêncio toma a sala, acompanhado de uma crescente cacofonia.


Ela sorri para a peça e deixa uma gargalhada sair de sua garganta deixando visíveis seus dentes brancos e com uma macia língua arroxeada e perfumada de manjericão fresco.


- Senhorita, por favor, me acompanhe. – O segurança a segura gentilmente pelo braço.

- Eu vou pagar pela obra.

- Por favor. – Seu aperto se torna mais firme, deixando a pele ao redor de seus dedos se torne mais pálido.

- Ela disse que vai pagar pela peça. Pode deixá-la.


O segurança o encara e então sorrindo deixa a jovem, os dois estão frente a frente com a peça, que escorre vinho deformando o rosto pintado.


- Não havia pensado nessa releitura da obra.

- O homem que criou essa peça é um idiota. Ele está acostumado a causar dor às mulheres.

- Por que está dizendo isso?

- Olhe o olhar dela. Está nítido que muitas vezes fez mulheres chorarem.

- Ela não poderia estar chorando por nenhum outro motivo?


Ela o encara chorando.


- Esse quadro é um espelho! Vou comprá-lo e destruí-lo!


Ela caminha pela sala, com seu aroma e o som dos saltos se afastando pela porta.

Mais uma vez ele olha o quadro que pintou e nota que o borrar do vinho criou um sorriso de desdém à pintura.


- Um espelho.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Sentir

- Não me importa se você fica ou não com mil pessoas.
- Então porque estamos discutindo?
- Não estamos discutindo.
- Então posso ler um livro ou assistir tv?
- Só tente fazer isso.
- Beleza... O que podemos fazer então?
- Não sei! Apenas tentar arrumar as coisas.
- Não tem o que arrumar, não tem sentido, estamos seguindo uma trilha aonde iremos estragar tudo no final das contas.
- Só queria descobrir uma forma de não nos machucarmos.
- Um pouco tarde não é?

...

- Queria sentir que sou importante. Queria ter certeza que estamos apostando na medida certa.
- Isso não existe.
- Só não quero dar nome para nada.
- Sou feliz ao lado de qualquer pessoa por alguns momentos.
- Estou indo.
- E feliz, com você, mesmo quando você está longe.
- ...
- Odeio me sentir assim. Odeio sentir saudades de você, de seu cheiro, de seu gosto de seu...
- Eu também.

...

- Vou para casa.
- Dorme aqui hoje?
- Não. Troque os lençois primeiro e talvez eu venha dormir amanhã.
- ...
- Te amo.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Plano de fundo

Assistindo ao Jornal Nacional, enquanto preparava seu jantar, ele percebeu que sentia medo da mídia. A notícia falava sobre a crise americana, a maior desde o ataque terrorista em 11 de setembro, por conta da quebra do banco de investimentos Lehman Brothers, após o fracasso das negociações com britânico Barclays.

Não se assustou com a queda de 10% da Petrobrás e da Vale, ele estava assustado com os empréstimos e com as propagandas que seguiram logo após a notícia.

Primeiro a Camila Pitanga, estava dizendo que a Caixa era o Banco que acredita no povo, que mais confia, que financia e que cobra juros baixos e prazos longos. Porra, se a gostosa da Camila estava falando enquanto mexia o seu cabelo e mostrava seu lindo pescoço deveria se sentir seguro, afinal, todos nos sentimos seguros quando vemos esse sinal a nossa frente na mesa de um bar e investimos.

E em seguida vem a enorme propaganda da Vale. Confie, acredite, crescendo com o País, ajudando a economia, auxiliando a ecologia, apostando na nova geração. Que rede é essa? As coisas estavam tão descaradas a esse ponto e ninguém realmente se incomoda com os fios dos Títeres?

Poderia até mesmo ouvir a voz monótona do presidente do Banco Central - "Esse é o momento de tranquilidade. Estamos em uma crise, mas o Brasil nunca esteve tão forte e preparado para ela." - Então devemos deixar de lado todas as críticas de corrupção contra o mandato de nosso presidente? O que a revista Veja irá dizer nesse final de semana? Como a classe média deve agir e continuar pagando suas contas, viagens programadas, faculdade e empréstimos para o sonho da casa própria?

Felizmente o pânico dura pouco. Após a propaganda passam a colocação de Felipe Massa, segundo no Ranking, páreo para a conquista do campeonato mais concorrido e disputado após a era Schumacher. Finalmente ele pode olhar para a filha e ouvir como está cansada do curso de jornalismo e que precisa viajar para se encontrar, como foi o dia de trabalho de sua mulher e suas ambições de promoções e finalmente olhar para seu prato e sentir o sabor da carne.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Pensamentos sombrios

Gostaria de ter a certeza de algo pior que esse mundo,
talvez assim, se matar seria um ato covarde.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Leitura

- Me serve mais uma taça?
- Você não disse que estava ficando tonta já?
- Gosto de ficar tonta com você.

Eu sorrio enquanto ele fica tão vermelho como o vinho. Esse menino é tão bonitinho que chega a doer.

- Queria ler uma coisa para você.
- É coisa sua?
- Não é de um poeta português. Antônio Pedro é seu nome.
- Esses escritores do século XIX?
- Na verdade ele é dos anos 30.

Se ando tão triste, não digas

Porque ando triste e cansado

- Caibo num caixão fechado...


Ora pois, se perguntarem,

Não digas nada. Talvez


Imaginem que este jeito

De andar tão triste, por ti,

Foi um defeito

Com que nasci.


Deixo meu vinho de lado e tento segurar meu rosto, olhar para a cozinha, pensar em qualquer coisa.

- Você está bem?
- Droga! Não, não estou nada bem.
- Eu só queria dizer algo bonito para você.

Meus olhos estão vermelhos e deixo marcar minha maquiagem, manchando meu rosto e meu orgulho.

- Prometi a mim mesma que homem nenhum... Nenhum deles me faria chorar de novo.
- Eu...

Beijo com força sua boca, sentindo o sabor de vinho, misturado com o hortelã que estava na salada.

- Merda. Você realmente é lindo de doer.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Conversa de bar III

- Uma posição favorita.

- Tenho que escolher uma?

- Aham, sem medo. Fala aí! Qual é a melhor?

- Punheta.

- ...


Alcança a garrafa serve mais um copo, após servir o amigo de olhar incrédulo, e voltar a beber.


- Você está brincando não é?

- Não.

- Porra, desde quando punheta é sexo?

- Você nunca masturbou nenhuma mina durante a transa?

- ...

- Nunca tocou uma punheta para terminar no rosto, ventre, bunda, costas...

- Beleza... Mas é diferente.

- A diferença é se você está acompanhado ou não. Mas é sexo.

- E você prefere uma punheta a transar com uma mina?

- Prefiro.

- Está de zona...

- Já transou cansado?

- Acho que algumas vezes.

- A maioria dos caras reclamam das minas quando elas não estão na pilha, mas o que nós fazemos quando não estamos na pilha?

- Transamos assim mesmo.

- Exatamente! É nessas horas que eu tenho a mais absoluta certeza que prefiro tocar umazinha.

- Mas daí colocar como a melhor posição de todas. Isso é exagero.

- Sempre gozo quando toco punheta.

- E eu sempre gozo quando trepo.

- Sempre?

- Sempre.

- Nunca deu uma broxada?

- ...

- Nunca terminou antes do que você mesmo queria?

- ...

- Punheta não tem nada disso. Você goza quando quer, como quer e sem ter que se sentir mal por isso.

- Caralho.

- Punheta definitivamente é a melhor invenção da humanidade.

- Tú é uma figura.


Ele bebe de um só gole a cerveja.


- Depois do futebol.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Crú

Sua casa deve ser um local de descanso. Um espaço onde possa se esconder de todos os problemas do dia, deixar ele escorrer por você em um ducha quente e passar alguns instantes agradáveis com quem escolheu dividir sua vida e chama de família. Ao abrir a porta e olhar no rosto da sua mulher um desespero crescente, deixa de lado o egoísmo do descansar de lado.

- Aconteceu alguma coisa?
- Precisamos falar sobre Helena.
- Cadê ela?
- Está no quarto, sente-se aqui um momento.

Ela passa as mãos sobre os cabelos escuros e com princípio de pequenos fios brancos e então deixa descer apenas uma lágrima.

- Não amo minha filha.
- ...
- Não consigo amá-la. Nunca amei.
- Você vai voltar à terapia.
- Cristiano estou sendo sincera. A terapeuta sempre disse que não ser sincera era a ruína de nosso casamento.
- Como pode dizer algo assim? Pelo amor de Deus! Ela é sua filha.
- E é uma egoísta. Uma filha da puta manipuladora.
- Você disse isso para ela?
- Cristiano.
- Você disse, a sua filha, que não a amava?
- Disse. Disse que olhar para ela, era a confirmação que não criei nada significativo para o mundo.

Cristiano se levanta, olha com um ódio sem limite para sua esposa e segue para o quarto da filha. Bate duas vezes na porta e então sussurra com afeto.

- Helena querida. É o papai.

Ele espera mais alguns instantes e então abre a porta.

A menina está sentada, olhando para a parede a sua frente. Fez um desenho simples de uma casinha, cercas, um bonequinho pequeno ao lado de dois grandes, um deles está riscado, é a mãe.

Cristiano pega a filha no colo, abraça o corpo da pequena, enquanto sente lágrimas quentes sobre seu rosto. O soluço faz seus pequenos laços de cabelo roçar nos olhos molhados de seu pai.

- Papai, o que eu fiz de errado?
- Nada Helena.
- Mamãe disse...
- Mamãe está muito doente filhinha. Nós vamos ajudá-la.

Os soluços vem seguidos um movimento de sim.

- Te amo filhinha. Sempre vou te amar.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Bate-Papo

Amadeus diz: vc me deixou sem graça ontem
Paullete diz: ^^
Amadeus diz: vai ficar rindo de mim mesmo naum eh?
Paullete diz: meu modo de dizer que vc eh fofo
Amadeus diz: fofo? eh outro nome para idiota neh?
Paullete diz: tipo isso
Amadeus diz: huahauhaua
Paullete diz: :P

...

Amadeus diz: queria te ver hoje
Paullete diz: te mando uma foto
Amadeus diz: quero te beijar hoje
Paullete diz: adoro gente corajosa na internet
Amadeus diz: vc me deixa fraco
Paullete diz: fofo
Amadeus diz: vamos tomar umas hj
Paullete diz: hj eu tenho que ir a academia
Amadeus diz: vc naum precisa de academia
Paullete diz: me convenceu gatinho

...

Amadeus diz: vc vai continuar naum falando comigo
Paullete diz: tuh eh um idiota guri
Amadeus diz: jah disse que foi sem querer
Paullete diz: a porcaria da foto foi sem querer???
Amadeus diz: jah tirei do orkut...
Paullete diz: e eu to te tirando
Amadeus diz: Paula por favor, quero te ver
Paullete diz: ACESSA O ORKUT

Paullete está off-line. As mensagens enviadas serão entregues quando Paullete estiver on-line.