sábado, 29 de novembro de 2008

Onda do Marcelleza

Saca só a do marcelleza...

Quem seria o melhor papel para o Wolverine? Tinha que ser um coroa com cara de malvado, treta, que diria o seguinte:

- Olha aqui seu filho da puta (tira uma garra do dedo indicador), vou te furar seu safado!

ao invés de...

- Ei eu sei que você sofre como eu com a falta da Je... Resumindo.


Hugh Jackman ou Joe Pesci


X



Mais uma vez, o marcello provou que deveria ser roterista nos EUA ao invés de Esperto no Brasil

devo ressaltar que não estávamos em nosso juízo perfeito na publicação desta. rs (o autor)

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Amendoeiras


Senti o aroma de amêndoas quando fixei meu olhar no aguar dos olhos de minha amiga, quando fez seu comentário.

“Vejo o Rio como um amante.”

O ano está acabando e os convites vêm de todos os lados. Minha prima, as amigas dela, minha avó, minha família e começo a perceber que os paralelepípedos com suas frestas ocupadas com caroços de amêndoas também.

Disse para mim mesmo que irei abolir o ritual sacrificado de despedir-me do Rio que todos os anos faço do mesmo modo. O sentar nas areias de Copacabana, que descobri ontem ser um plágio made in Brasilis, olhar o mar e chorar copiosamente.

“Meu filho se quiser voltar para o Rio, podemos dar um jeito enquanto procura como se estabilizar.”

Essas sempre são as palavras da mulher que mais amo desta família. E sempre grito dentro de mim para ficar calado e não deitar em seu colo pedindo sua benção.

“Ficarei bem Dona Ana. Nos vemos no ano que vem. Vó...”
“Também te amo meu filho.”

Crescer e ser criado no Rio de Janeiro é saber o que é cruzar o aterro do Flamengo aos gritos com seus primos atrás de ti em um pique-pega. É fazer da praia castelinhos de areia e água. Caçar Tatuís após a chuva. Receber bom dia de todos que passam perto de você. Pegar ônibus sem blusa e pingando de sal. Entrar no shopping para fugir do calor. Noites sem fim e amanhecer de preguiça no ar condicionado. É olhar as amendoeiras cobrindo o chão em um misto de areia, vãos e flor.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Flagra

O marido, esse termo é melhor que o nome, fica sentado olhando para uma peça em cima da mesa. É um pequeno cavalo em pedra-sabão e ele se concentra no desfazer do objeto em uma pequena farinha soltando em seus dedos.

- Amor, cheguei.

A esposa, vocês entenderam sobre o nome, deixa sua bolsa na mesa de centro e nota que algo aconteceu.

- Tá tudo bem?
- Eu entrei no quarto da Pricilla sem bater na porta. Eu simplesmente esqueci de bater na porta.
- Ah, ela brigou com você. E com razão! Ela é uma adolescente, pelo amor de Deus! Precisa de intimidade e espaço. Eu mesma ficaria muito...
- Ela tava transando.

...

Duas taças de vinho e um casal conversando sobre o tema que não era discutido ou vivido em suas camas a mais de dois anos.

- Onde ela está?
- Saiu alguns minutos depois. Obviamente sem falar comigo.
- Bom não iremos criar um drama desnecessário. Eles estavam se cuidando?
- Desculpe, do angulo que eu os vi não consegui reparar.
- Não precisa ser grosso!
- O que você quer que eu diga? Que caralho!
- Era com o Mateus?
- Quem é Mateus?
- O namorado dela!
- Aquele de rabisco no pescoço?
- Esse mesmo.
- Era ele sim.
- Menos mal.
- Céus... Nunca pensei que aquele menino de maquiagem gostasse de mulher de verdade.

Mas alguns minutos de silêncio constrangedor e metade da garrafa se foi.

- Lembra quando tinhamos a idades dos dois?
- Eu pelo menos respeitava a casa dos seus pais.
- Nem sempre...
- Do que você está falando?
- Lembra da Páscoa?
- Quando o teu pai mandou eu ir arrumar a instalação?
- Aham. Lembra que eu fui com você.
- Foi a primeira vez que você me chupou.
- E a primeira que engoli também. Você deveria ter me avisado.
- Não ia perder a oportunidade.

Olhares, um gole rápido no vinho e a certeza de um belo ato independente da idade quando é feito com vontade.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Um lugar

Queria apenas deixar as coisas para trás. Marcar alguns detalhes com meus amigos, com aqueles que prezo, findar contas, deixar algo para ser imortalizado e partir.

Estou de olho em um cenário, uma lagoa azul com montanhas ao fundo e um céu sem fim. Incrível como me parece convidativo simplesmente apagar todos os detalhes da rotina e me isolar em algum canto, onde talvez possa sentir o mundo falar comigo.

Quero o som das árvores, quero o criptar da chama, uma água gelada de fazer o coração disparar ao entrar, escolher apenas uma direção para seguir caminhando, olhar o anoitecer e me cercar de um teto sem limites.

Talvez assim, no meio do todo, eu possa entender o significado completo de estar só e você seja uma lembrança entre várias outras de um local deixando para trás.

sábado, 15 de novembro de 2008

Deixe estar

- Pode cortar uma lasca dessa pedra para mim vovô?

O senhor sorri para a menina.

- Querida, essa pedra é uma ametista. Ela é composta de vários pedaços e creio que seus pais gostem dela por inteira.
- Eu não. Quero um pedaço dela.
- Por que destruir uma peça tão bonita?

A menina perde a paciência e empurrando a pedra da mesa, o som do partir em vários pedaços se espalha pelo escritório silencioso.

- O que você acha que fez mocinha?! - O avô segura com força a neta pelos braços.
- Queria apenas uma lasca vovô. Quem partiu a pedra em vários pedaços foi você.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Come Alway Melinda




Daddy, daddy, come and look
See what I have found
A little ways away from here
While digging in the ground

Come away melinda
Come in and close the door
It’s nothing, just a picture-book
They had before the war

Daddy, daddy, come and see
Daddy, come and look
Why, there’s four or five
Little melinda girls
Inside my picture book

Come away melinda
Come in and close the door
There were lots of little girls like you
Before they had the war

Oh daddy, daddy, come and see
Daddy, hurry do
Why, there’s someone
In a pretty dress
She’s all grown up like you
Won’t you tell me why

Come away melinda
Come in and close the door
That someone is your mummy
You had before the war

Daddy, daddy, tell me if you can
Why can’t things be
The way they were
Before the war began

Come away melinda
Come in and close the door
The answer lies in yesterday
Before they had the war

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Crença

Sou a descrença. O olhar de desdém para os céus em busca de respostas para o dia-a-dia, para o sofrer, a alegria e a necessidade de não sentir que algo, alguém, Deus olhe por mim, por meus passos e por aqueles que eu admiro e julgo importante para sentir completo e repleto de vida.

Por que acreditar em Deus? Por que não seguir o fluxo de diversas religiões, diversas pessoas. Tantas que parecem tão certas e tão seguras de si. Em paz. Elas parecem tão certas em relação a suas crenças.

Então sorrindo percebo que não poderia compreender o conceito das ovelhas, do sacrifício por nada que eu não ame. Não amo o que não posso ver, tocar, sentir ou provar. Sou refém dos meus sentidos: sou limitado a uma imaginação que abraça universos, intelectuais, ciência, arte, povos e culturas, mas que não consegue olhar para a humanidade como um todo e esperar algo mais do que já somos e do que podemos vir a ser por conta própria.

Sou um amante do ser humano. Acredito em tudo que está dentro dessa bola de lama perdida entre planetas, gases, vácuo e estrelas. Acredito em qualquer coisa distante e fora daqui, mas não em Deus.

Mas uma das suas tem me provocado. Tem sido uma pequena Eva, carregando a própria maçã em seus lábios, com algumas palavras entre olhares.

“Por quê?”

No estalar de um beijo e nos olhos que obrigam minhas convicções serem mais fortes, eu sigo nesse jogo contraditório e perigoso.

Não tenho fé em teu Deus. Não tenho fé em mim, perto de você. Mas tenho por ti minha cara e como tenho.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Arritmia

A anfetamina não meu deixou dormir direito. Rolei de um lado para o outro da cama, coração disparado e suando em bicas.

"Culpa da anfetamina. Já tomei dois banhos. Relaxe, tente dormir."

Lembro de virar o copo com o café gelado e olhar a expressão congelada do não no rosto a minha frente.

"Putz cara... Você bebeu minha poção."

"O que tinha aqui dentro?"

A noite insone. O virar para os lados, o lembrar da porcaria da conversa que não some de jeito nenhum.

"Me liga amanhã."

Já são meio-dia. Meu telefone não liga, nenhuma Lan aberta, não posso comprar um cartão e tão pouco ligar a cobrar.

"Você é furão demais cara. Isso enche o saco."

Fico pensando, juntando as peças. Isso foi de propósito. Sabe que não teria como ligar, eu havia dito. Por que pediu?

"Nós estragamos tudo."

Concordo. Um dia comendo, lendo, malhando e vendo televisão me mostra que estou inquieto, irritado, incomodado. Não posso criar relacionamentos. Não seria fiel em nenhum parâmetro.

"Você me pediu em casamento bêbado. Se eu tivesse aceitado o que diria? Que foi um erro?"

Quarenta flexões, setenta abdominais, trinta barras e mesmo dolorido não consigo esquecer o cheiro, a textura e o desespero de não sentir seu gosto a quase um mês.

Deve ser culpa minha. Eu afasto propositalmente quem é importante de verdade. Preciso sofrer. Esse é o grande mistério. Sofrer para não assumir.

"Não deveria deixar os rastros das pessoas com quem você dorme. Acha que isso não me incomoda?"

É a anfetamina. Ela não me deixa parar de pensar. Me deixa com sede e faz linhas surgirem e sendo enviadas antes de serem lidas.

"Nós estragamos tudo."

...

"Exatamente."

sábado, 1 de novembro de 2008