quarta-feira, 27 de julho de 2011

Ouvindo The Strokes

Fernanda estava cansada de ouvir uma música gritar tanto o seu último final de semana. Odiava acessar a porcaria do seu facebook esperando que aquela ridícula bolinha verde aparecesse, de que adiantaria no final das contas? Qual foram as vezes que Patrícia respondia de volta?

Heart in the cage continuava zombando no repeat e toda vez que ela tentava desligar algo dizia que ela deveria ouvir a porcaria do mantra. Por que diabos tinha ficado com essa mina? Sabia desde da primeira long neck que não deveria olhar para ela dançar. Na segunda ouviu a si mesma não se aproximar mais do que a multidão a sua volta. Quando pediu a terceira não deveria ter tocado seu antebraço como tocou. Era a quarta ou quinta garrafa quando estava sentindo o sorriso dela tão próximo?

“I don't want what you want
I don't feel what you feel”

- Qual é o seu nome?
- Fernanda.
- Você é a amiga da Kátia não é?

O modo como o cabelo dela colava no suor perto da nuca, o sorriso mostrando sua gengiva vermelha e aqueles caninos tão brancos e pontudos, ela ficou imaginando como seria ele prendendo seus lábios.

Ela dançava como se a pista fosse uma cama. Ela olhava como se Fernanda fosse música. Aonde estamos?

“Help me I'm just not quite myself
Look around there's no one else left”

- Fica comigo hoje?
- Eu nunca fico para dormir.
- Experimenta comigo?
- Você é linda...

Desligar o iPod não fazia nenhuma diferença. Ela ainda ouvia a música mesclada ao cheiro Patrícia.

“I'm sorry you were thinking; I would steal your fire.”

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Marasmo (por Catarina)

Já eram umas 10 da noite e Catarina estava terminando de se vestir. Tinha escolhido uma meia calça grossa, estava morrendo de vontade de estrear o vestido que ganhou de sua amiga em uma viagem a Catalunha, e enquanto colocava seus brincos ia pensando que valeria a pena enfrentar a friaca de Julho hoje à noite.

O telefone toca e ela sente uma preguiça inacreditável ao ver o número.

Diego? Tipo, sério cara? Lá viria algum convite direto para sexo ou meias palavras que no fim significavam a mesma coisa. Por que ele não me surpreende ao menos uma vez?

- Alô.
- Opa... eae?

(AI MEU DEUS...)

- Eaê cara. Tudo bem?
- Tudo. Qual é a boa de hoje?
- Ah, não sei ainda. Estou esperando uma ligação.
- Eu te liguei.

(PREGUIÇAAAA!)

- Então cara, tô saindo já. A gente se fala outro dia beleza?
- Poxa, queria te ver... Tô com saudades de ti.
- Por que não me ligou sei lá... Mais cedo ou semana passada?
- Porque você me disse que não curte os caras que ficam correndo atrás de ti.
- Disse?
- Aham.
- Então acho que você não me entendeu.

Ligação encerrada. Quase perde o ânimo, mas então se lembra do convite das meninas para a festa. Lembra-se do motivo de estar usando esse vestido lindo nesse frio absurdo. E tem certeza que assim que encontrasse com Letícia e aquele gato do Marcos a música iria fazer seu sorriso durar até o final da noite.

Marasmo (por Fernando)

- Pensei que você não ia chegar nunca.
- Gosto de fazer você esperar um pouco.

Fernando mal fechou a porta e já encostou Otávio contra a parede, adorava o modo que ele segurava a lateral de sua calça como se estivesse a ponto de tirá-la. Era a terceira noite que estavam se encontrando direto desde que convenceu-lhe a sair do trabalho direto para sua casa. Ele já estava ficando louco só de sentir sua barba mal feita.

- Acabei esquecendo de fazer. Quer que eu tire?
- Cala a boca seu sacana.

O sorriso era incrível e então ele finalmente estava atento ao saco de supermercado úmido e gelado colando a sua calça.

- Ah, trouxe umas latinhas. Deixo na geladeira?
- Aham. Vai deixando lá que vou atender o telefone um instante.

...

- Fernando tá de bobeira hoje?
- Ah gato, to aqui com o Otávio tomando umas cervas. Quer vir?
- Vocês querem ficar sozinhos?
- Claro que não! Basta vir.

...

- Aqui sua cerveja. Quem era?
- Um amigo meu. Acho que tá precisando de companhia.
- Amigo... Amigo?
- Não. O Diego é hetero. Um amigo das antigas... Por que você não pegou as tulipas?
- Porque você vai receber uma visita, então deixo nosso encontro para daqui a pouco.
- Você é tão lindo.
- Eu sei.

...

A campainha toca e Diego entra olhando meio sem graça para o garoto bem mais novo no sofá. Fernando sempre se envolve com esses tipos vez após vez, fica impressionado como aparentemente ele tem sempre mais companhia do que ele.

- Trouxe uma caixa de Heineken...

...

Fernando fecha a porta do quarto segurando o riso e olha Otávio tirando sua blusa de botões deixando a mostra a regata que ganhou de presente dele. Os ombros dele eram largos e de longe era o homem mais gostoso que já tinha pegado.

- Um dia você ainda me deixa sem graça com o jeito que você me olha.
- Não consigo te olhar de outro jeito. Ainda estou tentando entender a sorte de ter arrastado você para dentro da minha casa.
- Pensei que você tinha certeza do motivo. Pareceu tão seguro falando com seu amigo.
- Ah, pelo amor de Deus... Você sabe que não tem diferença nenhuma.
- É acho que não. Seu amigo não se importa de nós dois dentro do quarto?
- Não. Eu dividi o apartamento com ele durante a faculdade.
- Ah... então ele tá acostumado com universitários gritando e trepando como coelhos?

Ele tira a regata e abraça Fernando firme o bastante para que ele deixe escapar um gemido antes de morder seu queixo.

...

São duas da manhã quando Otávio sai do quarto e vê Diego deitado no sofá cercado de latas de Heineken. Volta para pegar um lençol e ao cobrir Diego ele acorda, ainda bêbado.

- Sou tão fracassado assim?
- Acho que somos todos.
- Homens?
- Humanos.

Risos

- Sabe... Fernando é um cara legal. Ele... Ele é difícil as vezes. Mas sempre tá certo sabe?
- Ele é sim.
- Acho que ele gosta de você.
- Gosto muito dele também. Mas você não tem como ter certeza sobre isso, estamos só curtindo.
- Não... Ele gosta de você. Gosta mesmo...
- Você quer água?
- ...
- Diego?

Marasmo (por Diego)

Hoje fez uma noite fria no final de Julho pela Asa Norte e Diego decidiu que ficar em casa assistindo seus filmes não estava servindo para nada além de câimbras e o início de uma depressão de merda.

- Vai fazer alguma coisa hoje?
- Ah, não sei ainda. Estou esperando uma ligação.
- Eu te liguei.

Engraçado quando um cara percebe que não é a prioridade de alguém. A maioria dos homens com quem conversava diziam sempre que jamais foram a segunda opção de uma mina e ele sabia que a maioria mentia.

- Fernando tá de bobeira hoje?
- Ah gato, to aqui com o Otávio tomando umas cervas. Quer vir?
- Vocês querem ficar sozinhos?
- Claro que não! Basta vir.

Fernando era seu melhor amigo desde os 15 anos. Foi a primeira pessoa que confiou um segredo a Diego, talvez por que ser gay de fato não era nenhuma surpresa.

- Trouxe uma caixa de Heineken.
- Vou colocando na geladeira. Otávio esse é o Diego, Diego esse é o Otávio.
- Olá.
- Prazer.
- Esse é o Diego, ele trabalha com o emprego mais chato do mundo então não vou ser mal educado falando isso.Fernando disse da cozinha enquanto buscava três latas de Skol.
- Todos os trabalhos são chatos na verdade não é? Eu trabalho no café Savana servindo mesas o que você faz?
- Sou funcionário público. Trabalho na...
- Sua cerveja querido. Ninguém quer saber o que burocratas fazem, mas nos conte, quem te deu o fora dessa vez?

Odiava parecer tão previsível assim.


- Não foi exatamente um fora.
- Aham... então sua ideia de diversão em uma sexta-feira a noite é conversar com seu amigo tomando uma cerveja?
- Qual seria o problema de tomar uma cerveja com os amigos? Preciso buscar uma balada todo final de semana, que saco!
- Diego... Te conheço desde moleque. Que tal você começar a falar logo? Não vou esperar você ficar bêbado, ainda quero transar hoje.

Algumas risadas

- Tá seu merda. Tô saindo com uma mina aí, ela é bem gata e sei lá... Queria apenas que ela pensasse um pouco mais em mim do que ela pensa nos demais, só isso.
- Tô saindo com uma mina aí... Assim você não me convence de forma alguma que ela vale a pena sequer eu dispor meu tempo em te ajudar. Essa racha tem nome? Rosto? Ou você já começou a diminuir a importância para ti? Se for assim, eu te aconselho a beber rápido, passar em algum lugar bacana com essas roupas caras que você adora e usar toda sua pose de macho alfa que você ama ser e esperar o sorriso da primeira pré-universitária que você fixar seu olhar.
- Olha eu não quero me intrometer mas concordo com o Nando. Ela é realmente importante para você?
- O nome dela é Carina e estou pensando mais nela do que eu deveria, acho que é isso.

...

- Queria que... Porra sei lá. Queria que ela tivesse me buscando sabe? Que eu fosse...
- O foco dela. A prioridade. Seu Senhor.
- Quê?
- Para de ser egoísta Diego. Se você quiser que a menina faça de você o seu foco, no mínimo você tem que oferecer algo para que isso aconteça. O que você tem oferecido para qualquer mulher nos últimos tempos?
- Vai a merda Fernando! Qual é cara? Tú por acaso acha que tem sido fácil ficar com qualquer uma dessas minas hoje em dia? Elas estão muito loucas cara, não querem nada com nada, ficam com qualquer maluquinho nessas baladas e rejeitam qualquer um que tente dar algo certo para elas. Tú não sabe nada de minas vai por mim! Andar com essas garotas e discutir sobre suas roupas e homens não te transforma em um especialista em mulheres. Ninguém vai entender uma mulher até comer uma. Elas são loucas!
- Sim elas são loucas. Claro que são! Imagine viver cercada de idiotas como você? Imagine não ter nenhuma outra opção já que toda sua carne, foco, mente, vida são voltadas a tentar entender o por que da atração por um gênero tão egoísta.
- Eu...
- Diego, eu me envolvo com homens há tanto tempo que sei exatamente o porque qualquer uma dessas meninas estão fugindo e preferindo continuar perdidas. Elas estão seguindo exatamente suas palavras. Elas preferem rejeitar qualquer maluquinho em baladas, já que elas não encontraram nenhum... meu deus como você é idiota... “algo certo” para elas. Entendeu?

...

- Toma mais uma cerveja gatinho. Fica a vontade, a geladeira tá aberta, só encosta a porta quando você for sair tá?

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Sono

Percebi hoje que gosto de insônia.

Dormir pouco me deixa mais acordado. Eu perco uma sequência de barreiras que crio em meu dia e simplesmente estou nele. Nunca fui tão participante do que em minhas 24 horas despertas, acredito que existe uma verdade quando dizem que passamos 1/3 de nossas vidas dormindo. O que me surpreende mais é as horas que perdemos acordados.

Tudo é menos real. Voltar para casa em um ônibus passa em segundos quando você foca sua atenção as pessoas, sons, componentes e o balançar de algumas toneladas de metal que se tornou por alguns instantes todo seu interesse. Então você chega e desce para o caminho da sua casa.

Quebrei meus últimos tabus. Entendi finalmente todos os malditos motivos para o encucar da vida alheia, essa peste bubônica que deveria ser extirpada de todos nós. E a resposta é tão ridícula que me fez rir por poucos segundos, o mesmo que valeu essa epifania.

Anos de erros e uma vida que balança entre pagar contas e esconder a fome dos demais me deixou descrente para momentos bons. Eles existem é claro mas a duração é preocupante. Afinal, quanto posso amolecer e não estar preparado para o próximo soco?

Vinho, maconha, música, lendo um texto bom (muito melhor do que essa pocilga aqui escrita) e em instantes a pele da mulher certa...

Quando voltar a dormir e a insônia for só uma lembrança vou reler isso aqui e tentar lembrar, sem sucesso algum, o que senti.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

XI - Jogo parte 1



Fernando passava pela rua fuçando a lixeira perto do bar Pôr do Sol, hoje era terça-feira e ainda não estava no horário certo para pedir dinheiro, cigarro ou bebidas. A maioria dos estudantes ainda não estavam bêbados ou socialistas o suficiente para tanto.

Encontrou um livro velho e uma caixa rasgada, ela estava cheia de cartas que pareciam baralhos. Tinham mais imagens ao contrário da chuva de corações (vermelhos ou pretos), balões e trevos e eram bonitas, diferentes, achou estranho que alguém jogasse fora algo assim. A imagem da mulher abrindo a boca de um leão deixou seu olhar sereno, era um detalhe que preencheu a fome do final do dia, para diminuir um pouco com a sede ao mirar os copos sendo virados um por um.

- Ei! Ô Bob! Quer uma cachaça?

As risadas em volta soavam diferentes. Não parecia que importavam tanto, a cachaça já não importava tanto mas responder aparentemente valia a pena.

- Tá falando comigo viadinho de merda?

O silêncio era ainda mais bonito do que o rosto deles. Ver o garoto finalmente entender que não era um homem era melhor ainda.

- Me dá essa porra de bebida aqui.

Tomou de um só gole.

- Bota outra.

Bebeu enquanto encarava a namoradinha assustada colada ao moleque. Os amigos não achavam que valia a pena fazer nada além de olhar e pedir a terceira dose antes que ele mesmo terminasse a segunda.

Bebeu a terceira dose, colocou o livro e a carta dentro de sua sacola e então saiu.

- Cuzão de merda. Playboyzinho do caralho.

terça-feira, 17 de maio de 2011

17 de maio

Tenho um problema sério para entender o mundo.

Anos atrás, quando eu tinha dificuldade para dormir, minha mãe deitava ao meu lado e dizia que monstros não existiam. Assim eu cochilava enquanto sentia suas mãos em meu cabelo e podia a ouvir sussurrar baixo que sempre me protegeria.

A mesma mulher estava chorando e me mandando embora de sua casa quando eu disse que estava apaixonado por outro homem. Até hoje fico pensando o porque pedi tantas desculpas. Porque insisti tanto em entender esse monstro a minha frente.

Entro em alguns clichês quando discuto com amigos. Aparentemente os gays são reis de seus lares. Sejam nossos bares, nossos encontros, nossas festas e nossas casas. Aqui reside o espaço permitido para sermos nós mesmos com quem quisermos nos envolver.

Acho engraçado quando ouço que todos somos promíscuos. Realmente existe algum problema nisso? Lógico que queremos nossas pegações, lógico que temos nossas Micarés também, lógico que uma hora isso também cansa e também nos apaixonamos por mais de um dia ao contrário do que discursam.

Imagine viver com medo. Imagine todos os dias colocar um sorriso no rosto o mais largo que você puder para encarar toda a hostilidade direta e indireta que recebemos. Imagine caminhar na rua ao lado da pessoa que você ama e não segurar suas mãos, não te permitirem olhar algo bonito e abraçá-la, sentir o quanto ela também te ama em uma conversa e ter que esperar chegar em casa para beijá-la!

Tenho um problema sério em entender o mundo que vocês pintaram como o seu.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

sexo oral

"Sexo oral é algo sujo. Ninguém deveria ser obriagado a fazer."

Qualquer pessoa que sinta nojo ao chupar quem estiver contigo na cama deveria apenas se masturbar. Ela não merece tocar outro ser humano.

"Conheci um cara que dizia odiar sexo oral. Ele dizia que fazer boquete era coisa de puta."

Provavelmente ele procurava suas "putas"por fora.

"Mas e o cheiro de uma mina incomoda?"

Por acaso você se preocupa com qualquer cheiro que não seja doença ou sujeira? Se você tiver incomodada é mais fácil voltar a ficar com caras. Não é a sua.

"Quem ama chupa."

Mentira! Quem gosta de fuder chupa.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Silêncio

O celular tocou perto das 21 horas e então Adriano resolveu desligar o aparelho. Ficou atento ao silêncio olhando para a casa, seus móveis, livros lido pela metade, peças de decoração que não tinha a menor ideia do porque adquiriu e a garrafa de Jack Daniels que comprou na feira dos importados.

Estava tomando o segundo copo com gelos peludos, daqueles que se funde ao ambiente de nevasca do freezer, quando notou o laptop apitando algum aviso de e-mail. Ato contínuo se aproximou do computador, parou e resolveu só encarar o aviso apitando como um sino estridente e irreal.

Computador desligado, celular desligado. Demorou aproximadamente dois dias para o telefone fixo tocar, achou engraçado imaginar que alguém ainda lembre esse número, apenas ouviu o trim espalhar pela casa até parar e então desconectou o aparelho.

O uísque já havia acabado e não tinha mais nenhum álcool dentro de casa. O cigarro ainda daria para um dia já que sem o álcool ele fumaria bem menos. Por um momento ele hesitou e quase ligou a televisão para tirar aquele silêncio de sua volta.

Amarrou a televisão em sua própria tomada e a deixou do lado de fora do apartamento, nenhum vizinho abriu a porta enquanto ele fazia isso, então voltou novamente para a mesa e acendeu mais um cigarro.

A comida acabou depois de uma semana. Agora a abstinência de cigarro e álcool era apenas uma memória ruim. Quando começou a falar consigo mesmo, rompendo o silêncio, mordeu com força a língua. O sangue e a dor fez ele rir por alguns instantes e então resolveu quebrar sua gilete.

Enquanto sentia o corpo frio e dormente ficou pensando no incrível volume de sangue que uma língua cortada poderia criar. Mas então um pouco antes de adormecer percebeu que realmente fazia sentido ao se lembrar do salmo de Mateus:

“Porque a boca fala do que está cheio o coração”

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Conversa de Bar X

- Ficou sabendo que * tá em um relacionamento a três?
- Aham. É a única novidade que tenho escutado nesses últimos tempos. Ô... Aproveita e me serve mais uma safado.

...

- E aê? O que tu acha?
- Loucura.
- He, he, he. Pô mas o cara se deu bem.
- Aham... muito.
- A fala sério que tu não ficou nem um pouquinho com inveja.
- Fiquei. Pelos primeiros 5 minutos, depois percebi no que o cara tava se enfiando. Esse tipo de coisa não funciona broder. Pelo menos não para mim.
- ...
- É massa quando tú está na farra cara, de bobeira, sem um foco específico. Agora namorando? Isso é suícidio.
- Acho que seria tão divertido quanto solteiro.
- Agora tú falou como o cara que nunca pegou duas minas. E outra não tem nada haver com quando você está solteiro. O foco muda, sua atenção muda, seu tempo e olhar muda. O que você vai fazer dividindo uma vida a trés? Tú realmente é tão evoluído a ponto de dizer que teria a empatia necessária para entender duas mulheres em sua vida? Não estamos falando de irmãs ou amigas. Mermão... nós sabemos quantos deslizes cometemos quando estamos só em dois.
- Porra mas e o sexo?!
- O sexo... Cara o sexo é a mesma coisa. Se você não está dando a devida atenção a uma pessoa na cama como deveria, não pense que o fato de ter outra mulher ao seu lado vai ajudar nisso.
- Mas...
- Mais nada. Me pergunte porque diabos ninguém comenta sobre dividir a porcaria de um cara em uma relação?
- Mas nem precisamos comentar.
- Exato. Porque homem é zela, homem é escroto, homem é competitivo e ops... peraí... Mulheres não?
- Hahahaha.
- Ah... Mas mulheres não tem pau. Mulheres não podem ter uma porcaria de uma rola maior que a sua. Mulheres você e sua mina podem pegar ao mesmo tempo e você nem precisa se preocupar por que, em tese, sua mulher obviamente não quer te "dividir" com "niguém".
- Mas isso é um ponto importante. A mina só gosta do cara dela.
- A mina o que? Não curte rola? Então porque diabos ela tá com um cara?
- HA HA HA HA...
- Sem essa mermão. Sabemos que o cara aceita muito bem isso porque quer uma mina a mais e a mina quer isso por que também quer uma mina a mais. Se um dia comentar sobre colocar um cara e isso entrar em pauta vamos ver se o resultado é o mesmo.
- É duvido um pouco também.
- Só Conheci um maluquinho que tinha essa vibe. Ele e a mina se colocavam para jogo de uma forma surreal e nem se preocupavam com a troca, era só pela pele cara. O filho da puta era viciado em prazer. Não importava com quem. A mina dele com outro cara, com outra mina, com casais... valia tudo.
- Mermão... mas ele pegava outros caras?
- Já tá mudando de assunto. Tá entendendo que o cara realmente não se importava? Tanto que ele não tinha criado um trio, eram várias pessoas, vários encontros, várias ofertas. Na época o cara até me ofereceu dividir a mina com ele e outra vez com uma pessoa que eu estava ficando.
- Nas toras?
- Aham. E mesmo assim eu não quis, já que não estava só ficando com a mina. Tinha muita história envolvida para simplesmente adentrar por esse caminho louco aê.

...

- Acho que na real sou egoísta cara. Não consigo conceber a ideia de dividir minha vida com quem quer que seja. Quando olho para uma mulher quero ter certeza que sou toda a atenção dela enquanto estiver comigo.
- Que inseguro malandro.
- Eu chamo de troca.

terça-feira, 22 de março de 2011

Marquês de Sade

- Está passando uma peça do Sade na Funart esse final de semana.
- Aham.
- A gente poderia sair um pouco e curtir. Quanto tempo faz que não vamos ao teatro?
- Ah sei lá... uns dois meses?
- Vamos?

Acordamos cedo. Compramos os ingressos. Tomamos uma cerveja enquanto ouço ele me dizer o que leu sobre o Sadê. Tudo tão superficial e cheio de erros que aposto que pesquisou na Wikipédia uma hora após saber da peça.

- Está aí um cara que sabia o que realmente queria da vida. É isso mesmo. As pessoas deveriam fazer o que desejam, ser quem desejam.
- Acho que a peça vai começar daqui a pouco. Vamos indo?

Durante a peça noto um garoto sem graça. Inicialmente rindo, depois cruzando suas pernas e então indignado e torcendo o nariz. Suas mãos estão suadas quando segura as minhas e vamos até a carro.

- Ele era gay né?
- Acho que não.
- Como não? Você viu os caras naquela peça?
- Acho que ele era o sexo. Simples assim. Sem nenhuma barreira ou contextualização. Era exatamente o tesão que você sentiu ao ver duas mulheres se pegando e também o tesão em dois caras sendo enrabados por um toco de madeira de 30 centímetros. Ele era tudo isso cara.
- Mas você concorda com ele? Tipo... Você gostou dessa porcaria de peça?
- Gostei.

...

- Sério que você gostou da peça?
- André eu acabei de tomar um banho estou muito na pilha de ir dormir.
- Aquela mulher foi estuprada no final da peça. ES-TU-PRA-DA!
- Acho que aquela mulher foi estuprada várias vezes em sua vida e chamou isso de casamento. Acho que milhares de mulheres são estupradas todos os dias aos serem espancadas. Acho que todas as mulheres são estupradas todos os dias muito além do estupro.
- ...
- Aquilo foi um aviso. A vilania deveria ser aplicada sobre os vilões. É nessa constância do chocar que está a verdadeira obra do Sade. É sobre o quebrar conceito, destruir tabus, jogar em nossa cara o que todos consideramos feio e obsceno, para mostrar que espécie louca a instintiva nós somos e como todos os dias fugimos disso.
- Não sabia que você conhecia Sade.
- Você não me conhece André essa é a verdade. Boa noite.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Conversa de bar IX

- Nego deveria saber receber bem os amigos em sua casa e principalmente lembrar o quanto as pessoas eram pacientes com elas.

- Não acho que seja uma questão de falta de hospitalidade ou paciência. Tem haver com ritmos de vidas né?

- Mané ritmo de vida o quê? Isso é coisa de mulher metendo o bedelho. Nego tem que lembrar do quanto nego segurou a onda no passado, tem mais é que saber receber os amigos. Aguentar a segurar o perrengues dos demais.

- No passado você não cuidava de uma casa inteira. Não estamos falando da porcaria de um quarto e sim sobre cuidar da sua casa. São os móveis que você escolheu comprar, sua rotina de limpeza, as louças e roupas que o casal escolheu como organizar. Foi mal... é muita falta de noção achar que uma vida de zona organizada pelos demais deva persistir em nome de uma memória estagnada dentro de uma desculpa de amizade.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Valéria ano 94 - Parte Final

Já estou em Cuiabá a aproximadamente três meses. As aulas começaram em um ritmo bem mais tranquilo do que estava acostumado e o corpo docente foi bem cordial, fizeram questão de me fazerem sentir em casa.

Graças aos contatos de Valéria estava bem localizado em um apartamento bonito a menos de 10 minutos da escola em meio a Goiabeiras, bairro bem bacana e coincidentemente próximo a rua da coordenadora. Após um tempo indo a bares, conversando e trabalhando juntos percebi que não tínhamos nenhuma relação real fora do trabalho. Apenas as constantes estacionadas que sempre terminavam do mesmo modo sem qualquer alteração na rotina.

As vezes eu tentava acariciá-la, outras comentar sobre o assunto, levar o ato para uma sequência em minha casa, motel ou na casa dela. Todas essas tentativas fatalmente em vão. Todas eram sumariamente cortadas ou ignoradas como se jamais tivesse existido nada além de uma carona entre colegas. O fellatio era um assunto não comentado, um pormenor que nunca saiu daquele carro estacionado e jamais foi tratado como preliminar.

- Bom dia Diego.
- Olá Liz.
- Você está com uma cara de quem não dormiu nada. Está preocupado com alguma coisa?
- Liz deixa eu conversar com você um instante.

Fui caminhando até próximo do carro e falando baixo.

- A quanto tempo você conhece a Valéria?
- Creio que uns cinco anos.
- Ela sai com alguém? Foi casada ou algo do gênero?

Imediatamente Liz soltou um sorriso estranho.

- Ah... Não sei Diego. Talvez fosse melhor você perguntar diretamente para ela. Nunca vi Valéria saindo com muitas pessoas e não é muito cortês de minha parte falar sobre a vida de uma colega de trabalho. Ainda mais nossa coordenadora.

Segurei ela pelo braço antes que saísse.

- Espera.
- Ai meu braço!
- Desculpe-me... É que eu realmente preciso saber o que está... Foi mal Liz. Acho que eu estou estressado com as provas. Desculpe.

As pessoas começavam a comentar sobre mim nas conversas entre corredores. Pelo menos imagino que seja sobre mim. A maioria simplesmente se calava quando me aproximava e nunca mais me chamaram para nenhum happy-hour ou eventos que não fossem da escola.

Os encontros com Valéria continuavam do mesmo modo. Tentava aos poucos evitar suas caronas mas era em vão. A maioria das vezes tínhamos que sair com a desculpa de comprar equipamentos, materiais, buscar alguém, uma reunião... Todas essas tarefas eram deixadas de lado enquanto nos dirigíamos a Ponte Nova e sempre com a mesma finalidade.

Fui tentando impedir esse ato que para mim já era uma escravidão sem propósito. Não entendia mais como reagir. Parecia que do mesmo modo que não conseguia nenhuma expressão do rosto de Valéria não conseguia negar ser mecanicamente chupado. Algumas vezes simplesmente implorava para que fosse rápido, outras pensava em algumas mulheres com quem já tinha saído e muitas vezes apenas chorava sussurrando para que parasse ou que me explicasse o motivo.

Todas as vezes que tentei dormir com outra mulher havia se tornado em um martírio. Era como se meu pau só levantasse ao comando de Valéria. Como um animal de circo que havia sido condicionado a ficar excitado apenas na curva da Rua da Expedição. Qualquer outra tentativa era como um morto deitado sobre aulas de anatomia.

- Preciso pedir minhas contas.

Ela me encarou como qualquer coordenadora já olhou para mim quando pensei em mudar de escola ou quando achava que os valores não eram do meu agrado.

- Certo professor Diego. Vou preparar seus documentos e encaminhar ao RH. Espero que fique conosco até o fechar do Semestre, seria mais profissional de sua parte para com a equipe e obviamente com os pais e seus alunos.

Acabei perdendo minha cabeça e joguei uma pilha de livros no chão enquanto apoiava com força minhas mãos a mesa e a encarava com um nítido ódio crescente no olhar.

- Qual é a sua?! Sua vagabunda!
- Perdão?
- Você está de sacanagem com a minha cara ou que?! Qual é a merda do seu jogo caralho!

Nessa hora as pessoas começaram a se reunir em frente a sala, tenho certeza que alguns alunos também mas eu não me importava mais com nada.

- Você tem me chupado na porcaria daquele cantinho nojento ao lado do rio desde que cheguei aqui e não se importa com mais nada? Você é feita de gelo ou algo do tipo?! Tenho tentado entender o que você quer, o que é isso que nós temos e por que diabos você me escolheu. Fico pensando por um momento, talvez um maldito momento, que você se importa mas parece que ao pedir demissão você não está nem aí! O que você vai fazer? Contratar outro idiota para ficar boquetando no seu maldito carro?

Lembro do Thomas, que era um professor bem forte de educação física e o Bedéu da ecola o Antônio me arrastando para fora da sala. Eles primeiro tentaram conversar comigo, depois me lembro de tentar reagir e finalmente me deram uma surra.

Depois de algumas horas de dúvida se deveriam ou não chamar a polícia me lembro da corajosa Valéria dizendo que me levaria ao médico, lembro de algumas pessoas aconselhando que outra pessoa me levasse, que pelo menos alguém nos acompanhasse, lembro até do Thomas me encarando de forma ameaçadora deixando claro que iria me quebrar em dois se eu tentasse alguma coisa.

Lembro do carro seguindo pela cidade a pouco menos de 50 por hora. Lembro do silêncio aos meus pedidos de desculpas, de meu rosto inchado olhando para o retrovisor e do dente quase solto. Lembro de um ritmo hipnótico e agonizante que me fez chorar em prantos enquanto virávamos pela conhecida esquina da Ponte Velha.

Valéria ano 94 - Parte 2

O telefone toca e levanto em um pulo.

- Alô?!
- Senhor Diego?
- Hã? O que foi?
- Desculpe interrompê-lo. É uma ligação para o senhor. Posso completar?

Quem diabos era?

- Aham. Claro.

Olho para o relógio e são umas 22h30 devo ter apagado por umas seis horas.

- Alô Professor Diego estava dormindo?
- Quem está falando?
- A Valéria do colégio.
- Ah, sim... Desculpe não estava esperando nenhuma ligação.
- Peguei o número do seu quarto na recepção. Só queria saber se gostaria de conhecer algum dos professores. Estamos saindo hoje para o Club Garage é uma boate perto da Avenida Beira Rio.
- Hã?
- Nós passamos perto de lá quando estávamos indo ao restaurante.
- Ah tá certo. Bem, não sei direito eu meio que acabei de acordar.
- Perfeito. É o tempo de você tomar um banho enquanto eu saio de casa. Passo aí para te buscar ok? Até.

Ela desliga e vou olhar minha cara ao espelho. Percebo que a maioria das minhas roupas estão tão amarrotadas quanto minha cara. Tomo um banho quente e faço minha barba. Visto-me com o que parece menos visivelmente amarrotado e então encontro Valéria e duas amigas em frente ao hotel.

- Essa é a Liz e a Fernanda. Esse é nosso novo professor o Diego.
- Prazer.

As duas são bem mais novas e abrem espaço para que eu fique no banco da frente. Ao levantar noto que Fernanda, que se encontrava no banco da frente, está cheirando a álcool e cambaleia rindo para o banco de trás.

- O Diego veio de Brasília.
- Sério? Você já encontrou o Itamar em algum lugar?
- Parece surreal, mas nunca encontrei com ele.
- Não passeia nem pelos colégios?
- A maioria dos presidentes não passeiam por colégios particulares.
- Isso vai mudar quando o Lula ganhar.
- Tomara.

Chegamos a uma boate que pelo que imagino a maior parte do público é repleto de adolescentes. Elas comentam algo sobre a bebida ser mais barata do que a tal Lotús, que depois de um tempo finalmente entendo que se trata de outra boate.

- Não vai para a pista?
- Ele é de Brasília Liz, não dança.
- Mais cerveja?

Depois de doze cervejas já estou tonto e querendo ir ao banheiro. Cambaleio entre as pessoas e tento ficar reto enquanto mijo. Não tenho como evitar rir quando percebo que estou mijando no meu sapato.

- Você está bem?
- Bebeu demais né?
- Porra fazia tempo que não bebia tanto sem comer nada. Tá me lembrando a faculdade.
- Toma mais um gole. Pior você não fica.

Depois de um tempo lembro de entrar no carro e seguir até perto do rio onde Valéria para com o carro. Comento alguma coisa sobre as professoras e quando vou perguntar se ela vai me deixar em casa recebo outro boquete. Dessa vez mais demorado e quando tento acariciar sua cabeça ela simplesmente tira minha mão.

Acordo no hotel tentando entender exatamente como cheguei aqui, com a cabeça doendo e tentando acreditar no dia que tive ontem.

continua...

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Valéria ano 94 - Parte 1

Quando desci do avião em Mato Grosso no ano de 94 para lecionar em uma nova escola fiquei perdido por alguns instantes no aeroporto tentando encontrar alguma placa que dissesse meu nome ou a mulher de vestido azul que iria me buscar. Engraçado o quanto damos atenção à quantidade de mulheres que usam vestidos azuis enquando esperamos desconhecidos.

Fiquei aproximadamente uns trinta minutos sentado em cima de minha mala com um refrigerante de cola na mão enquanto encarava uma mulher em seus trinta e muitos, talvez entrando nos quarentas sentada de pernas cruzadas olhando para o nada. Depois de uns três minutos resolvi arriscar.

- Valéria?
- Pois não?
- Você é a Valéria?
- Sou sim.
- Ah... Sou o Diego. Vim de Brasília. Sou o professor contratado para a Escola Vale Verde.
- Ah sim! Prazer Diego. Sou Valéria a coordenadora da escola. Chegou há muito tempo?
- Um tempinho. Não sabia que tinha tantas pessoas de vestido azul por aqui.

Ela não sorriu e então achei melhor só segui-la para dentro do carro.

- As aulas começam em março?
- Isso. Você vai gostar da turma são bem tranquilos. Primeira vez em Cuiabá?
- Sim. Li bastante a respeito mas nunca tinha visitado. Quero muito conhecer o Palácio da Instrução. Dizem que é bem bonito a noite.
- É sim. Você vai ter bastante tempo para conhecer.

Passamos mais um tempo em silêncio onde fiquei notando a paisagem e tentando evitar olhar as pernas morenas no vestido que teimava subir em tempo em tempo durante o percurso do aeroporto.

- Quanto tempo até a cidade?
- Como vamos pela Ponte Nova você vai ter a chance de conhece melhor o rio. Devemos chegar em uns 20 minutos no máximo. Imagino que gostaria de comer alguma coisa antes certo?
- Agradeceria. O que você sugere?
- Tem um self-service perto da Praça Antônio Corrêa. Acho que você vai gostar.
- Perfeito.

Quando vamos entrando perto da cidade ela passou rente a ponte e então virou a esquerda. Notei que procurava algum lugar para estacionar, provavelmente por conta da cheia do rio, tínhamos uma linda visão de uma queda d’água mas confesso que com a fome que estava esperava que esse simpático tour durasse apenas dois minutos. Por que afinal de contas ela comentou sobre o restaurante então?

Quando o carro parou. Fui abrindo a janela quando senti as mãos de Valéria sobre o meu pau. Ela abriu meu zíper e ato contínuo me chupou ali mesmo ao som da cachoeira e um calor surreal que atraíra mosquitos para dentro do carro. Terminado o ato ela voltou ao volante e foi dirigindo até o restaurante em silêncio.

Comemos uma moqueca com uma combinação bizarra de batata fritas e salada de alface com tomate. Dividimos uma cerveja e então ela voltou a falar.

- A turma que você vai lecionar é a 5°B e a 8°A. São em sua maioria filhos de gente rica e mimada de Cuiabá. Então é melhor saber qual é sua posição na sala de aula. Se você titubear eles vão montar em você.
- Tenho experiência com crianças mimadas. Dei aula em alguns colégios particulares de Brasília. Dois dos meus alunos eram filhos de políticos.
- Políticos... Há! Você vai entender o que são filhos de poderosos por aqui.

Terminamos a cerveja e ela me deixou em meu hotel. Perguntou mais alguma coisa sobre eu ter ou não um lugar para ficar, quanto eu estava pensando em gastar para aluguel e se tinha gostado do restaurante terminada a conversa me deu um beijo no rosto e partiu.

Fiquei pensando enquanto desfazia minha mala sobre o que diabos tinha acontecido. Era realmente uma espécie de batismo, apoio ao companheiro de trabalho, cantada, talvez cultural? Estava começando a bancar o preconceituoso e idiota. A chupada tinha sido tão banal quanto um aperto de mãos, nada demais e sem qualquer afeto ou comentários após feito. Resolvi tomar uma ducha e dormir um pouco antes de conhecer a cidade.

continua...

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Hunter S. Thompson

"A imprensa é uma gangue de covardes impiedosos. Jornalismo não é uma profissão, não é nem mesmo um ofício. É uma saída barata para vagabundos e desajustados - uma porta falsa que leva à parte dos fundos da vida, um buraquinho imundo e cheio de mijo, fechado com tábuas pelo inspetor de segurança, mas fundo o bastante para comportar um bêbado deitado que fica olhando para a calçada se masturbando como um chimpanzé numa jaula de zoológico."

Hunter S. Thompson

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Conversa solta

- Você deveria se instruir mais.
- Não entendi.
- Levar mais a sério sua vida. Sabe? Se formar.
- Ah... re re. Entendi. Um curso superior é automaticamente instrução?
- Claro que é.
- E quanto ao que leio? O que passo meus olhos? O que conheço, ouço, vejo, vivo?
- Essas coisas também contam.
- Também... Sabe qual é o maior problema nessa linha de discussão? É o simples fato de conhecer algumas pessoas formadas mais idiotas do que eu e algumas não formadas mais inteligentes do que você. Qual seriam os argumentos em defesa disso? Talvez uma visão míope não esclarecida por falta de uma perspectiva acadêmica?
- ...
- Mas na real você está certa. Conteúdo algum aumenta meu contracheque.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

errata - autor

por motivo de força maior, bom senso eu diria, a última crônica/conto/erro/mal gosto/tragicómico texto envolvendo vampiros, que seria uma ideia vaga para algo que talvez virasse uma paródia de tão mal gosto quanto o tema, não será concluída.

agradeço a compreensão e peço desculpa para qualquer leitor que tenha passado os olhos em talvez uma linha dessa cretinice.


terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Horror - parte 1

O homem alto em pé ao lado do bar deixava o seu olhar para a pista de dança do Gates. Hoje era uma daquelas noites agitadas onde várias pessoas se agitavam ao som de Rain Down e em particular uma menina de cabelo em um corte que dizia ter sido um moicano há uns três meses atrás.

Ela tinha deixado de dançar sozinha há algum tempo. Tentava continuar olhando para a pista ou talvez seus pés mas por duas ou incontáveis vezes o olhar estava preso no homem magro de bermudas e regata que a encarava como se ela dançasse sozinha.

Ela passou por perto dele, o suficiente para que ele notasse ela suada encostando de leve o seu ombro com o dele enquanto esperava ser atendida. A longneck de Stella estava estupidamente gelada quando ela brindou com o desconhecido sorrindo.

- Tá quente demais aqui para ficar sem um drinque.
- Não bebo.
- Sério? Essa saúde toda é para manter a forma ou só não aprendeu com quem beber ainda?

O sorriso do homem mostrou dentes impecavelmente brancos. Tão lisos que ela ficou pensando em como seria passar a língua por eles. Estava excitada e mordeu os lábios sem querer.

- Vamos para a pista?

O homem a segurou pelo pulso. Ele tinha uma pele macia e era firme o bastante para não suar ao tocá-la como todos os meninos que já tinha ficado. Ela abriu os olhos um instante antes de beijá-lo e ele tinha a língua mais vermelha que já tinha visto. O beijo a deixou desorientada e arrepiada por inteira. Ela estava ouvindo de longe alguma música que não conseguia mais identificar.

- Quer sair daqui?

Ela iria para qualquer lugar com esse homem. Pertencia a ele. E ele sabia disso, por que esse jogo de perguntas?

...

Ela não se lembrava de como tinha chegado nesse apartamento, nem onde estavam suas roupas. Ela estava com frio e sentia seu ombro dormente até o pulso como a sensação de dormir por cima do próprio braço por horas. Tentou se levantar mas não tinha ânimo algum e quando tentava olhar em volta tudo que seus olhos focavam era um lençol fino e molhado.

- Droga... Eu me mijei? Alô? Ei...

Ela colocou as mãos no lençol e sentiu ele empapado e grudento, quando olhou com calma notou que ele estava sujo de sangue. Estava com muito sono e tentou ficar acordada e olhar com firmeza para o lençol. Sangue era muito sangue.

- Céus... Meu Deus... Meu Deus...

A porta abriu e ela viu saindo do banheiro o homem da noite anterior, molhado como quem acabasse de sair do banho e ainda assustadoramente atraente. Tinha os olhos fixo ao sangue nos lençóis e então agachou ao lado da menina.

- Dormiu bem Thaís?
- Eu... Preciso de ajuda. Por favor... Por favor... Não vou falar nada para ninguém. Por favor!

Ele levantou a mão como quem pedisse silêncio e de repente pareceu meio triste como se lembrasse de algo distante e absurdamente doloroso.

- Você deve conhecer todos os filmes, livros e séries que fazem sobre nós hoje em dia não é mesmo? Nunca estivemos tão populares.

Thaís olhou para seu pulso e então percebeu que ele tinha sofrido diversos cortes, notou que a seu lado existia duas facas e alguns cordões de borracha soltas pela cama.

- Ah sim... Não temos as famosas presas que vocês tanto amam ver nas telas. Por que iríamos ter? De que vale essa associação com ereção para corpos mortos?

Ela iria começar a gritar mas ele a calou rapidamente e com força e então foi se aproximando devagar e com um carinho que ela não imaginou ser possível.

- Mas não se preocupe você não vai morrer Thaís. Como disse estamos na moda e precisamos de um pequeno momento juntos para te mostrar um mundo novo. Vou te manter calada porque infelizmente vai doer, e muito, por um instante.

Ele afundou os dentes em seu pescoço travando como uma prensa e ato contínuo arrancou um naco de carne, veias e sangue. Se Thaís agradeceu por algo foi ter desmaiado em segundos.

continua...

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Detetive ao som de pagode - Final

Resolvi marcar o encontro na parte superior da Rodoviária. Eram quase três da manhã e é impressionante como o centro da capital do país parece quase morta em uma quinta-feira. O carro prata entra no estacionamento e vejo meu contratante ao lado de um muro que só posso dizer que é um homem por conta de seu olhar.

- Onde está a menina?
- Segura e longe de você senhor Deputado.
- Você me disse que tinha algo para mim.
- Tenho uma pergunta. O senhor sabe o por que Brasília é uma cidade tão seca?
- Hã?
- Para todos os políticos poderem viver de mãos molhadas.

...

Cinco horas atrás eu finalmente consegui encontrar Meirilucy da Silva Morim. A menina sabia tanto sobre esconderijos quanto eu sobre ganhar dinheiro. Fazia dias que estava mudando de pensão em pensão entre o plano piloto e o núcleo bandeirantes e finalmente no 11° quartinho barato eu bati na porta certa.

- Sabe menina - eu disse enquanto ela abria a porta. – Você deveria ganhar tempo saindo do estado e não rondando por Brasília e entorno. Antes de sair correndo não estou aqui para te entregar, sim eu fui contratado para achar a pobre filha de um deputado... mas algo me diz que você não é a filha do crápula, ou estou enganado?

Ela caiu em meus braços chorando e apertando todo aquele colágeno contra mim. Adoraria dizer o quanto fui integro e honrado e que decidi ajudá-la por uma questão moral. Digamos apenas que meus honorários aceitam escambos vez ou outra.

...

O gorila que certamente pertencia a alguma recanto do inferno antes de decidir esmagar homens para viver colocou sua mão dentro do paletó, incrível que consigam fazer ternos desse tamanho, e deixou a arma a vista.

- Creio que estamos tendo apenas um mal entendido aqui. A questão foi o valor? Tenho mais três mil dentro de um envelope aqui comigo. Só quero ter certeza que encontrou o que eu pedi para você.
- O senhor me pediu para encontrar a sua filha. E para minha surpresa Mel Morim não possui nenhum pai, seja deputado, pedreiro ou bicheiro. Também não encontrei nenhum deputado recém-eleito com o sobrenome Morim que tenha recém se mudado para Brasília e como o senhor não riu da piada acertei sobre não ser deputado certo?

O homem soltou uma risadinha cretina como se tivesse algum volume dentro de suas calças. Convenhamos, com um monstro daquele ao seu lado ele não precisava de bago nenhum, tinha dois de sobra.

...

Após a melhor foda de minha vida, mesmo não ouvindo hino algum tocando de fundo, fiquei deitado pensando a respeito do que a menina tinha me contado. Fugindo de um homem violento e possessivo, que tinha tesão em bater em jovens prostitutas e as vezes até mandar seu capanga participar do joguinho.

- Ele é um monstro. Nunca vai me deixar fugir. Ele vai me matar.
- Provável, bem provável.

...

- Tenho o seguinte acordo a fazer com o senhor. A menina nunca mais pisa nessa cidade, nunca tocaria no seu nome com ninguém e esqueceria qualquer coisa que tenha escutado por acaso entre os lençóis como uma dama. E se todos estiverem de acordo o senhor pode guardar os três mil que iria me dar e fingir que nunca entrou em meu escritório.
- O que te faz pensar que eu não vou mandar o Silas aqui – O animal tinha um nome, Silas. – te meter duas balas na barriga e te obrigar a nos levar até ela enquanto você sangra?
- O fato de eu ter toda essa conversa sendo gravada nessa pequena caneta em meu paletó.

Os dois ficam me encarando por um momento e então eu ouço o som surdo de dois disparos. Sinto como se de repente começasse a chover, minha perna fica mole e sinto meu estomago em uma queimação da pior azia que eu já tive. Sangue. O filho da puta atirou. Maldito blefe de filme estrangeiro!

Caído no chão vejo aquele brutamontes se aproximar de mim junto com o magricela filho de uma puta sem bagos que me contratou.

- Muito bem seu bosta! Eu não vou esperar muito de você além de balbuciar palavra por palavra aonde a maldita vadia está. Fale!
- Vai se fuder...

O punho do gorila segura o que pode ser minhas tripas, espero que esteja suja de merda.

- Vamos cara. Você é um derrotado que ninguém se importa. Se me disser onde a vagabunda está eu te levo ao médico, te dou uma grana para viver de cachaça barata até o fim de sua vida e se tudo der errado te dou no mínimo um enterro decente.
- ...
- O que você tem a ganhar defendendo aquela mina? Ela não é ninguém! Olhe para você. O que você já terminou em sua vida? Colégio? Faculdade? Uma boa carreira?
- Dois casamentos.

Sinto o animal apertando com mais força e agora a merda, urina e lágrimas não ficam mais dentro de mim.

- Eu falo! Eu falo! Eu falo! Filhos de uma puta chupadores de suas próprias picas! Eu falo!

Então ele se aproxima o bastante para eu enfiar uma bala na orelha do colosso que aparentemente também era feito de carne. O imbecil olha para o corpo caído que era a única coragem que tinha e cai de joelhos junto comigo.

- Eu... Eu não preciso saber de nada. De nada! Vamos, você está perdendo sangue... Meu Deus olha seu terno. Vamos... Eu... Nós podemos deixar...

Dou um tiro certeiro no olho e então caio de lado segurando o que sobrou de minhas tripas. Adoraria dizer que esse era o plano, adoraria ter atirado antes, adoraria não ser miópe e adoraria não ter um fraco por rostinhos bonitos.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Detetive ao som de pagode - 2 parte



Acordo com uma dor de cabeça digna de quem apanhou de um trator. Olho a minha volta e tudo que vejo, em meio a um borrão, é algo que identifico com muito esforço ser uma mesa quebrada no lado esquerdo. Tento me levantar e sinto meus rins doendo como se implorasse para que eu continue deitado. Superando a dor eu encaro o espelho a minha frente e acendo um cigarro.


- Maldita ressaca e maldito adiantamento de dois barãos.


...


Tomo uma ducha gelada e viro mais um copo de uísque, desta vez um que preste, junto com dois Engovs. Coloco meu terno, saio de meu escritório e vou para Conic ver o Rodrigo. Desde um último caso envolvendo uma traição pela internet tenho trabalhado com esse mancebo de 20 anos. Ele é dono de uma LanHouse próxima de uma maldita loja de skatistas e por proximidade gosta de se vestir como um deles sem nunca ter pisado em um skate.


Entro na Lan com dois cafés expressos e um saquinho com um enroladinho de queijo e presunto.


- Caramba coroa. Tava na zona ontem?
- Foi... Encontrei sua mãe por lá. Ela mandou perguntar quando você vai visitar o seu pai.
- Meu pai morreu há dois anos Madureira.
- Acho que ela tá com pressa que vocês se encontrem.


No tempo que entrego o café e desembrulho o salgado o garoto já virou o café como se fosse cachaça. Depois fixa o olho na tela e fala sem nem olhar para mim.


- O que você está precisando? Tem o nome da adúltera da vez?
- Meirilucy da Silva Morim.
- Puta nome fudido.
- É duvido que ela use esse nome também. Mas vamos arriscar esse primeiro.


Passa mais ou menos uns 40 minutos enquanto ele começa com seus papos de sempre.


- Cara a cidade é suja e suja todo o restante com ela sabe? Olha os pombos, cães e mendigos. É como se esses animais em estado natural fossem lindos... Quem estraga eles é a cidade cara. Ela que é suja!

- Achou alguma coisa?
- Tem uma tal de Mel Morim. Mas não está exatamente em um exemplo de família.


A tela fica piscando em um tom vermelho escuro. E entre diversos nomes e lingeries eu vejo o nome Mel Morim logo abaixo a uma incrível bunda hermeticamente socada dentro de uma calcinha preta.


- Belas Daqui?!
- É um site de acompanhantes para ricaços. Nenhuma das minas daqui custam menos de 800 contos por programa.
- 800 contos?! 800 contos por uma buceta?
- Oras Madureira! É uma princesinha, quase uma modelo. Vai dizer que não pagaria isso para traçar uma deusa dessas se tivesse grana sobrando?
- Uma buceta teria que me fuder cantando o hino do botafogo para eu pensar em pagar isso.
- ...
- Diz aí qual é o telefone de contato e onde a encontro.


Nenhum sucesso pelo telefone. A menina já não atende e tudo o que eu tenho são algumas possíveis amigas. Horas de telefonemas desperdiçado. Nenhuma das putas diz onde ela está ou se sabem algo sobre ela.


Caminho emburrado pela cidade... algo está errado. A ficha simplesmente não cai. Onde está a maldita menina? Por que escolheu essa merda de profissão tendo um pai com tanto dinheiro...


- Porra Madureira! Tú é uma anta!


continua...

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Detetive ao som de pagode - 1 parte.

Uma vez, nem me lembro exatamente quando, li ou provavelmente ouvi que quando estamos próximos de morrer revemos toda a nossa vida. Acho que isso é a maior balela que alguem já inventou. Tudo que estou vendo é uma poça de sangue grudenta e o cheiro de urina com merda em minhas calças. Se alguma coisa em meu passado está vindo a minha mente é: por que diabos eu aceitei a porcaria de um caso que me enfiou duas balas na barriga?

Meu nome é Antônio Carlos Madureira. Tenho um escritório no terceiro andar do Vênacio 2000 e cobro 300 contos para tirar fotos de maridos infieis, fotografar enteados bichinhas e as vezes, com sorte, encontrar alguma criança que fugiu de casa e entregar para os pais. Foi nessa merda que me enfiei quando deixei aquele magrelo fudido entrar em meu escritório.

O homem era um saco de ossos de dar pena. Usava blusas finas, o que deixava sua aparência ainda mais frágil, parecia que com um aperto de mãos o pobre miserável iria desmontar. Mas era bem vestido e se algo em minha ofício me deixa focado são sapatos caros. E ele tinha pisantes bons o suficiente para ouvir sua história.

- Senhor Madureira, eu não sei exatamente se o senhor me conhece.
- Não conheço e nem preciso conhecer o senhor. Vai soltando a rabiola que cobro por hora.

O homem ficou estático por alguns segundos e depois me contou sua triste história. Era um deputado que veio para brasília antes de sua família. Estava montando tudo para saber onde os filhos poderiam estudar e em qual super quadra funcional iria morar após a posse. Dúvidas sobre proximidade escolar, farmácia, hospitais e essas coisas.

- Estranho os hospitais serem em cada extremo nessa cidade.
- Mais estranho são os que ficam no centro. Mas não se preocupe que por esses o senhor nem vai passar por perto.

Então após duas doses de uísque barato, que ele não recusou para minha admiração, ele começou a contar o motivo da visita.

- Tenho uma filha de 16 anos, ela vai fazer 17 daqui a dois meses. Ela ainda estava com a mãe enquanto eu organizava as coisas por aqui e… bom, a última…

O homem começou a chorar copiosamente em minha frente. Já vi muitos homens chorando em meu trabalho, a maioria quando mostro as fotos de pornografia soft caseira de suas respeitáveis senhoras com amantes, mas confesso que um pai chorando pela filha desaparecida era de doer o peito.

- Tem uma foto da guria?

Ele me estendeu com as mãos trêmulos uma imagem de uma ninfeta que era um escândalo. Queria realmente me solidarizar com o pobre a minha frente mas a ereção eminente me proibia tal camaradagem.

- Meu amigo… essa menina é problema. Deixa eu ver se entendi, ela desapareceu em sua cidade certo? Por que está buscando auxílio de um detetive particular aqui? Já falou com as autoridades de sua cidade?
- Procurei. A última notícia que eles tem dela é que Mel, após discutir com a mãe, veio correndo me encontrar. Se enfiou em um ônibus a caminho de brasília e até agora… Eu…

Mais uma montanha de lágrimas que eu ignorei enquanto guardava a foto dentro do bolso sem cerimônias. Era apenas uma questão de procurar alguém que sabia usar aqueles malditos computadores e redes sociais e buscar a menina entre seus amigos. Caso encerrado.

- Certo, tome outro trago. Não se preocupe. Qual é o nome completo da menina?
-
Meirilucy da Silva Morim.

Uma pena que a informação dizia que a menina vinha para brasília. Com um nome escroto desses e com uma aparência de atriz, imaginaria que ela se amotinou da família.

- Fica tranquilo vou dar uma pesquisada e entro em contato. São trezentinhos, por dia, mais os custos adicionais para qualquer eventualidade que possa ocorrer.
-
Sem problema.

O homem soltou 2 barão em cima de minha mesa. Amo políticos.

continua...