quarta-feira, 19 de março de 2008

Coisas deixadas para trás

Livros na estante, vários Cds largados pelo tapete, uma garrafa de vinho vazio e uma pela metade. Estou tentando terminar esse livro há horas e o último capítulo teima em não sair do título “53” na tela do computador.

Já desliguei meu celular e tirei a bateria do sem-fio. Meu editor está me ligando a cada 10 minutos e imagino que, dentro de uma hora, vai derrubar a porta antes de pensar em tocar a campainha.

Poderia me matar e deixar uma obra incompleta para que as pessoas comentem por anos. Um suicídio dramático com minha assinatura em sangue desenhada pela parede.

Quem eu quero enganar? Esse é meu primeiro livro, ninguém leria por causa de minha morte. E na verdade meu ego não iria permitir morrer sem saber se alguém gostou ou não.

Vou até a geladeira. Dera comida e abrir e fechar portas trouxesse alguma idéia válida para terminar essa merda.

Ótimo! Já não terminei de escrever e já estou achando uma merda. Isso nunca daria certo, por que eu pensei em escrever afinal de contas? Por que meus amigos me encorajaram essa necessidade arrogante em mim? Por que Poliana disse que gostaria de saber como é dormir com um escritor?

É a mesma coisa! Nós broxamos às vezes, na verdade muitas vezes... Porra, tenho broxado para caralho! Será que é por isso que ela não tem atendido minhas ligações? Não... você pediu para ela não atender, você disse para ela sumir da sua vida porque precisava estar triste para terminar essa merda de livro!

O mesmo que não consigo terminar por estar pensando na discussão idiota do mês passado. Caralho... Gostava dos sanduíches que ela preparava enquanto eu digitava, de suas mãos em meu cabelo quando buscava alguma referência imbecil. Caralho! Estou apaixonado por Poliana, mais do que meu livro.

Dedilho em 20 minutos um final, que fecha rápido como essa agonia que estava me consumindo a semanas. Lógico que estou apaixonado por essa menina. O livro foi feito para que ela leia, para que possa ver seu sorriso deitada ao meu lado na cama e que me diga sorrindo que ama transar com escritores.

4 comentários:

...O mundo de Belle... disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
...O mundo de Belle... disse...

adorei, ameiiiii, só vc para fazer o dia de hoje melhor(lembra do filme "Um dia de fúria?"...então..é mais ou menos isso o dia de hoje,hehe)
Ah essa tal inspiração...podiam vender essa merda na farmácia...ou melhor no bar....mas perai...de repente até tem...ok, marquemos urgente em algum buteco, nesse ponto sou a favor da auto-medicação...só assim para não matar alguem, por q me matar..nana nina não...ainda tenho muitos mixtos para comer por ai.(sacou, sacou?kkkkk)

Beiju "Escritor" :P

Mah disse...

"O livro foi feito para que ela leia, para que possa ver seu sorriso deitada ao meu lado na cama e que me diga sorrindo que ama transar com escritores."

Como diria o filósofo Johnny em uma gôndola em Veneza: "Se os poetas escrevessem tão devagar assim, não comeriam ninguém".

Um sábio, eu diria.
=)

mombasca disse...

putaqueopariu, caralho! mas é isso mermo,tu tá certo veinho, tem coisas que... só fazemos pra elas... ainda mais depois de uma broxada.