quarta-feira, 11 de junho de 2008

sem foda de despedida

- Saia, da porra, da minha casa!

Aquela era uma discussão absurdamente antiga. Sim ele a traíra mais uma vez, novamente com pessoas próximas a ela, mais uma vez uma amiga que não resistiu aos olhos castanhos e a barba por fazer que só era tirada uma vez a cada duas semanas.

- Não vou sair até que me ouça.
- Seu escroto. Não quero ouvir merda nenhuma que tenha que me dizer.
- Ela estava dando em cima de mim a um tempão.
- E por isso você poderia trepar com ela? Vai se fuder seu escroto!

As duas últimas traições tinham sido perdoadas, essa também seria. Não pensou que ela ficaria tão chateada assim. Para piorar ela tinha uma expressão engraçada quando estava irritada. Seu nariz ficava vermelho, a veia do seu pescoço saltava e brilhava enquanto seu queixo tremia. Ele não conseguia evitar rir.

- Do que você está rindo porra?!
- Vem aqui, pára com isso.
- Me solta!
- Ela nunca foi sua amiga de verdade. A Eliane é uma escrota amor, nunca mereceu ser sua amiga.
- Não me chama de amor. Você não sabe o que isso significa.
- Você tem amor suficiente por nós dois.

O abraço trazia um pouco de calma, memórias presa no tato de afeto, companheirismo, tesão e saudades. Mas trazia também mentiras não era? A deslealdade que a mantinha louca, que fazia se sentir uma merda toda vez que o perdoava e pior ainda quando ele a fazia gozar.

Ela o afasta e sorri.

- Sabe? Você tem razão.
- Claro gatinha ela...
- Tenho amor suficiente para nós dois. Não preciso de você.
- ...
- Você é um garoto brincando de homem. Sabe muito sobre meu corpo e jamais me entendeu de verdade não é? Não preciso de um alicerce para me sentir segura. Muito menos um que me afunda cada vez que preciso subir.
- Fabiana.
- Saia, ou fique. Estou indo e espero que quando volte não te veja mais aqui.

O apartamento fecha a porta atrás de si. A mão solta a maçaneta tão segura quanto dispensa o cigarro na carteira. Ela apenas precisa de um café e a certeza que finalmente se livrou do medo de estar sozinha.

Um comentário:

Unknown disse...

Não sei porque,mas, a primeira frase já me fez soltar uma gargalhada. Deve ser o rodriguianismo do texto.
Muito bem. Mais uma vez, adorei!

Bjs