Apressada, ela passa pela porta com uma mochila e uma agenda agarrada em seu peito. Olhando para os lados e descendo a escada correndo pára no balcão com os olhos brilhando em frente ao atendente.
- O que tem de novo?
- Você veio na semana passada Aline. O que você está procurando?
- Quero algo novo, alguma coisa com novidade, eu trouxe minha mochila.
- Aqui é um sebo. O que você busca como novo?
- Qualquer coisa.
Ele sorri e apenas indica a mesa aonde dispõem os livros que acabaram de receber. Em suas maiorias romances.
A menina passa a mão estagiada pelas capas, buscando algo que nem o atendente e talvez nem ela mesmo saiba o que é.
- Se precisar de mim vou estar no balcão.
Abre um por um, carrega entre as páginas marcadas, borradas uma assinatura pequena de cada pessoa que leu e viveu esses livros. Na verdade, cada dia que se passava estava menos preocupada com as histórias. Ela vivia a história de quem lia.
“Em algum mar talvez nos encontremos novamente. Enquanto esperamos novos ventos, lembre que longas estradas tendem a retornar.”
“Papi, lembro de sua voz ao pé da cama enquanto narrava lindas histórias. Todas eram sobre lugares lindo e distantes. Como o mundo lindo de Alice, Shahrazad e de pequenos Príncipes. Leia enquanto estiver aqui, mas quero que fique bem para ler junto de mim em casa.”
“Em algum momento eu errei em buscar o poeta em versos, quando estavam todos em teus lábios. Com amor, Paola.”
“A vantagem dos clássicos é que eles sempre podem ser reeditados. Boa leitura.”
- Vou levar esses quatro hoje.
Aqui ela contaria suas crônicas, nas marcas impressas, em um contar de história sem fim.
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