domingo, 10 de fevereiro de 2008

Dois

Esse quarto ainda ocupa uma presença que não é somente minha. Quase uma necessidade de continuar fazer presente, o que passou e foi tarde.

Sinto saudades do toque de Fernando em minhas costas, ainda posso sentir a nuca arrepiando quando colava seu rosto ao meu. Ficava zonza como estou agora, trêmula como um dia após um porre. Embriaguei-me no seu corpo.

Carlos nunca entenderia o que ele chamou, xingando, de traição. Ele era minha tranqüilidade, minha paz, meu foco. O amor que jamais senti por nenhum homem. Ele partiu com palavras duras e um rosto vermelho de lágrimas.

Amei aos dois ao meu modo. Transformando-os em símbolos de ordem e desordem a minha pessoa. Eles me faziam sentir completa, amada, desejada. Mulher.

Tive que dizer a Fernando que tudo acabara. Sem o meu centro não poderia viver na loucura da paixão ao seu lado. Ele também me xingou, também chorou. Mas foi o único que me bateu na cara antes de sair pela porta deixando sua presença quente em meu rosto.

Sinto saudades de me sentir segura com Carlos e perdida com Fernando.

Um comentário:

angelica duarte disse...

ás vezes, sinto falta de me sentir segura e perdida numa pessoa só.

sensação rara...