segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Valendo Taça

Quando você tem 26 anos, quase 27 mas ainda falta alguns dias, e jamais torceu de verdade para algum time, salvo as copas, você é obrigado a escolher algum simplesmente para poder conversar com alguns amigos ou irritar familiares.

Nasci no bairro do Flamengo, sendo o único menino em uma família de mulheres, recebi do meu avô uma camiseta do flamengo que servia mais como vestido. A maioria das fotos que tenho bebê, ao lado dele, estou trajado de rubro negro. Quando ia a praia criança, jogava bola com meu primo, uns moleques e o próprio Júnior.

Em umas férias com meus tios em Santos, passei todo um final de campeonato paulista assistindo meu tio torcendo para o Palmeiras, adorei as cores, gostava da forma como ele assistia, trajando seus guias e superstições que iriam fazer seu time ser campeão e acabou sendo. Decidi ali que não seria flamenguista. Meu avô parou de falar comigo mais ou menos nessa época.

Ao reparar o olhar de meu avô entre os amigos quando perguntavam se o neto dele era flamenguista ele simplesmente dizia: “Meu neto não tem time. Não sabe o que é futebol.”

E ele estava certo. Jamais gostei muito de futebol, apenas dizia que tinha um time que estava ganhando e deixava estar. Assim descomplicava minha vida e poderia levar uma adolescência bem diferente da de hoje, aonde os roqueiros não ouviam, sentiam ou viam nada que lembrasse esportes.

Mas o tempo passa e de repente um estranho ritual volta, após a última copa comecei a assistir bastante futebol: seja o carioca, paulista, campeonato nacional e europeu. Comecei a me apaixonar pelo jogo, pelo encontro dos amigos, a cerveja e as namoradas torcendo ou emburradas sentadas ao lado.

Mas principalmente por um time que me lembrava algo da infância. As cores, o emblema, o urubu, milhares de pessoas pintadas na arquibancada, vozes gritando um hino que jamais poderia ser o original, porque esse time é e sempre foi formado pela torcida.

- Você é flamenguista Eduardo?

Tenho escutado essas frase a muito tempo. Por hora não vou dizer que sou flamenguista, este direito não me cabe. Só digo que não perco seus jogos, que torço sozinho ou acompanhado, vou a bar beber e assistir com meus amigos, que chamei meu avô para assistir um jogo no Maracanã comigo e que os flamenguistas começaram a me chamar para estar presente quando tem jogo.

Posso não ser Flamenguista, mas o dia que ganhar uma blusa, eu finalmente admito que virei a casaca por alguns anos, quando dizia que era Palmeiras.

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