A bebida desce fácil e aquece nessas noites frias e chuvosas de outono. Arrepio pela memória que não permite esquecê-lo.
“Adoro passar as noites de chuva ao seu lado.”
Sempre dizia isso ao seu ouvido. Dizia pelo sorriso que tentava esconder, maroto e de canto.
Peço mais uma dose de uísque, enquanto dedilho o celular, buscando coragem e pensando se ligo ou não.
Ouvir um não por si só, não me assusta tanto. Estou tremendo pela possibilidade do sim, que certamente faria minha noite valer a pena.
...
Vejo um casal sentado a minha frente. Penso no meu acompanhante ao meu lado, esse que esquenta meu coração e mantêm minha pele fria. O que marca minhas costas e não me dá seu pau para minha boca.
Estou cansada de suas palavras bonitas. Elas não estão servindo para este frio que está além da noite, que trinca meus ossos e faz minha pele gritar por ele.
...
Ele atende. Diz que está acompanhado. Desligo.
Sendo mentira ou não. Não ouço mais o que poderia ter a me dizer. Que busque nos braços alheios o que certamente não terá de mim. Essas sombras.
Viro de uma vez meu uísque e carrego meu parceiro debaixo do braço.
Que a literatura e o lindo poeta morto, seja o prelúdio de minha masturbação noturna de hoje.
2 comentários:
quem era o poeta morto?
eu chutaria Neruda...
Acho que o poeta é outro... mas tudo bem!!! Adoro seus textos! bjo grande!
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