terça-feira, 27 de outubro de 2009

Detetive ao som de Pagode (parte 2)



Eram duas da manhã. Eu estava fumando meu Derby com minha samba canção e olhando para a rua. Os carros passavam apressados pela W3 e então senti as mãos pintadas de vermelho sobre o meu ombro.

- Meu amor, você pode dormir por aqui.
- Cirlene, não vim aqui para dormir. Estou em um caso importante.
- Quer que eu busque um trago?
- Uma branquinha, nada de Dreher.

A boneca saiu desfilando com aquele rabo que apenas travecos tem. Gastei 80 pilas para esvasiar minhas bolas e eu sabia que poderia arrancar um pouco mais do que essas duas esporradas.
Quando ela voltou com a cachaça, eu já estava de calças e taquei a foto em cima da mesa. Fez uma cara de desentendida o que me deixa sempre de mal humor.

- Vamos lá boneca. O que você sabe sobre o garoto? Me disseram que conhece vocês.
- Não é meu tipo Carlos, gosto de homens. Esse mancebo cheirando a leite não tem o que eu preciso.

O velho golpe do manjão. Ainda bem que tinha acabado de gozar, senão cairia nesse papinho.

- Não estou aqui para te dar prazer beibe. Conta tudo que sabe.

O tal garoto frequentava a roda. Gostava de jogar conversa fora, preocupado com preservativos, exames de saúdes, agressividades com as vadias. Ouvi meia hora de papo furado e nada que me provasse se ele curtia ou não mulheres. Mas consegui um endereço, parece que tinha uma boate no Conic, que lá poderia confirmar minhas suspeitas.

...

Cheguei ao tal Galeria, descendo as escadas paguei os cinco reais que cobravam para ver um grupo de garotos dançando de camisetas regatas, blusas coloridas e calças coladas. Esfreguei meu rosto e fui direto para o que parecia ser um bar.

- Me dá uma cerva.
- Claro amor.

Sentei e fiquei de olho naquela molecada. Um bando de bichinhas pobres se esfregando uma na outra. Meninas gordinhas beijando umas as outras e em alguns momentos uma troca e pegação sem fim. Acho que por um momento ouvi tocando Xuxa, resolvi pegar outra cerveja.

Já estava desistindo quando vi o garoto da foto em minha mão entrando com um grupo de amigos. Eram mais três adolescentes com ele. Todos magricelas e com rosto pintado. Preparei minha câmera e apontei para a pista de dança.

Depois de duas músicas eles estavam se agarrando como todos os demais. Era simplesmente a pista que eu precisava. Tirei várias fotos, o flash nem fez diferença em meio as luzes da pista. Depois de um tempo o garoto veio até o bar pedir algo para beber.

- Preparando a garganta ô afeminado?
- Como é que é?!

Peguei o moleque pelo braço e arrastei ele até um canto.

- Escuta aqui ô boiolão! Você tem merda na cabeça ou o quê?
- Ai me solta! Você tá me machucando cara.
- Machucando é o caralho! Porra! Teu pai acaba de morrer e tú cospe no túmulo dele?
- Do que você está falando? Você conheceu o meu pai?
- Não e nem quero conhecer um merda que fez um filho frouxo como tú. O cara tá te deixando uma barbada e você vai deixar tudo a perder para ficar cheirando bago de homem?
- É minha vida! Eu faço com ela o que eu quiser!
- Sabia que seu pai não vai deixar nem um centavo para você por conta dessa palhaçada?
- Eu nunca quis nada dele!

Deitei um tapa na orelha do moleque e sai daquele antro. Tinha ainda que ligar para a viúva e mostrar a porcaria das provas.

Conclui na próxima...

2 comentários:

the author disse...

- Não estou aqui para te dar prazer beibe.

Anônimo disse...

essa tá demais. Ai, trocar umas idéias contigo sobre esse esquema.

Gabriel