segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Mais um texto sobre as Olimpíadas

Acabou-se a maratona, tanto a olímpica quanto a disposição de ir dormir às três horas vendo jogos, acordando as seis e indo ao trabalho as nove. A olimpíada de Pequim chegou ao fim e com ela os comentários a respeito dos jogos e busca por medalhas.

Ficamos em uma posição bem abaixo da esperada e os sentimentos foram variados. Muitas pessoas ficaram putas, outras satisfeitas e eu particularmente fiquei chateado por não poder ver todos os jogos que queria, já que não tenho televisão a cabo, sendo refém do que a Globo acha importante passar.

Estava conversando com uma amiga e ela levantou a idéia que aceitar o bronze, ir para competir é mediocridade tipicamente brasileira, que deveríamos apenas buscar o ouro que a prata não conta. No conceito dos norte-americanos: “Não se ganha a prata, se perde o ouro.” Te amo Mah, do fundo do meu coração. Mas não concordo.

Olimpíada é o superar do ser humano, buscar seus limites, estar representando você, seu País, sua cultura, cor e fé. Cada País possui uma forma de criar seus campeões e uma cultura voltada para aumentar o número de medalhas.

Temos os EUA criando ligas desde o ginásio, dando incentivo como bolsas universitárias para seus atletas e obviamente muita grana para treino, técnico e uma sociedade voltada para o primeiro lugar sempre. Ponto reforçado, no ridículo papelão mundial ao mudar a contagem de medalhas já que levaram a prata e perderam o ouro nessa olimpíada.

A China cumpriu sua promessa. Mantiveram o primeiro lugar no quadro de medalhas, com ambição, inteligência, obsessão e crueldade ao treinamento dos melhores do mundo em seu disparado número de medalhas. Uma sociedade calada, seguindo o antigo modelo soviético na representação esportiva, ganha do ocidente mostrando o dragão que ruge.

Nosso País teve uma enorme quantidade de atletas enviados, o maior de todos os tempos. E achei maravilhoso que o ouro tenha vindo de quem não se esperou. Nossa bandeira subiu na China e mesmo o bronze tem um belo sabor para mim. Isso significa esforço, garra e vida dedicada ao o que se ama. Quem somos nós, aqueles que apenas escrevem, para falar de quem dedica seu corpo para superar limites? Nós escritores, jornalistas, publicitários e quitandeiros, podemos julgar realmente quem foi apenas competir? Superando distensões, deslocamentos, fraturas, sangue e suor... O que sabemos sobre nossos limites, além de estresse e fadiga do dia-a-dia? Todos que pisaram em Pequim, independente do País, para mim são heróis.

Ouvi o hino da Grécia e o subir de sua bandeira com uma emoção distinta e certa nostalgia de algo não vivido. Será que os antigos Atenienses, Espartanos, Cretenses... Pensaram que um dia mulheres participariam? Que aqueles “não-cidadãos” poderiam competir seus principais esportes e ganhar? Sei que o tempo muda e as olimpíadas modernas trouxeram várias vantagens para o mundo dos esportes e política externa. Mas ainda sonho com o cheiro da coroa de louro sobre três cabeças de homens exaustos e vitoriosos. Mostrando que a vitória não muda em nada o fato de todos serem iguais e apenas fizeram que o olhar de Fortuna focasse seus objetivos por um breve momento.

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