quinta-feira, 3 de julho de 2008

Infância

Uma amiga me lançou o desafio.

- Escreva alguma coisa sobre a infância.

Lendo o texto da mesma, leiam aqui, fiquei um pouco intimidado em escrever sobre nosso receio de crescer. Como o tema estava tão bem defendido dentro desta síndrome de Peter Pan viceralmente retratada, tentarei dizer o mesmo com a inevitável comparação entre essas linhas já ditas um dia.

Um dia destes eu tive um sonho.

Era um sonho bem bacaninha sabe? Um sonho sobre coisas esquecidas e bastante coloridas. Será que você vai ler sobre ele? Tanto faz! Escreverei assim mesmo.

Sonhei com um mundo cheio de cores e onde nada tinha a menor lógica e funções, um mundo cercado de árvores enormes e cheias de cipós, onde poderia se pendurar, balançar e escalar como quisesse.

Pequenas criaturas caminhavam como animais, outras voavam e algumas eram tão belas e perfeitas que pareciam estátuas. E que susto levei quando seu olhar de repente estava voltado ao meu e num pequeno e belo sorriso, piscou e voou. Sim! Voou!

Asas como dos insetos e mesmo não sendo borboletas eram lindas asas, translúcidas e frágeis, mas que mesmo assim levantavam seus corpos até o mais alto topo daquelas árvores.

Eles estavam em minha volta e me ofereceram bebidas e comidas maravilhosas. Comi um prato que tinha gosto de azul... Imagine só! De azul! E quando bebia suas bebidas não era bêbado que eu ficava, e sim cada vez mais sóbrio.

"Cuidado!" Eles me disseram. "Quanto mais você beber, mais vai entender quem você é."

Dancei e pulei. Brinquei e chorei! Que mundo lindo e tão misterioso é este que eu estava. E no meio de um beijo, eu acabei de acordar. Coberto de suor e lágrimas nos olhos. Sentindo pouco a pouco o cheiro daquele lugar sumindo de minha memória.

Então me vi acordado e pensei:

"Um bom sonho, um sonho bacana. Mas tenho que me arrumar e ir para o trabalho."

Senti algo gritando bem baixinho e sofrendo. Como se estivesse apunhalado alguém com uma faca bem afiada. Não... Não era uma fada que eu matava com minha descrença. Era o menino dentro de mim que morria em nome do adulto que está vindo a tona, que paga suas contas e que esquece que precisa de sonhos para viver.

E sabe? Pensei na única pessoa que vive aqui sem jamais acreditar que este mundo é realmente real. Você maravilhoso leitor! Pois eu e você sabemos.

Este mundo é real para os tolos. Não para nós, não é mesmo? Isso que você está lendo não é um texto em um computador. É uma folha antiga e bem velha com cheiro de tinta bem fresca. Pode sentir o cheiro? Eu consigo! É só chegar bem perto. Sem se importar com quem está perto de você, aproxime-se da tela e cheire! Humm... Pode sentir? Maravilhoso não!

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