Fiquei aproximadamente uns trinta minutos sentado em cima de minha mala com um refrigerante de cola na mão enquanto encarava uma mulher em seus trinta e muitos, talvez entrando nos quarentas sentada de pernas cruzadas olhando para o nada. Depois de uns três minutos resolvi arriscar.
- Valéria?
- Pois não?
- Você é a Valéria?
- Sou sim.
- Ah... Sou o Diego. Vim de Brasília. Sou o professor contratado para a Escola Vale Verde.
- Ah sim! Prazer Diego. Sou Valéria a coordenadora da escola. Chegou há muito tempo?
- Um tempinho. Não sabia que tinha tantas pessoas de vestido azul por aqui.
Ela não sorriu e então achei melhor só segui-la para dentro do carro.
- As aulas começam em março?
- Isso. Você vai gostar da turma são bem tranquilos. Primeira vez em Cuiabá?
- Sim. Li bastante a respeito mas nunca tinha visitado. Quero muito conhecer o Palácio da Instrução. Dizem que é bem bonito a noite.
- É sim. Você vai ter bastante tempo para conhecer.
Passamos mais um tempo em silêncio onde fiquei notando a paisagem e tentando evitar olhar as pernas morenas no vestido que teimava subir em tempo em tempo durante o percurso do aeroporto.
- Quanto tempo até a cidade?
- Como vamos pela Ponte Nova você vai ter a chance de conhece melhor o rio. Devemos chegar em uns 20 minutos no máximo. Imagino que gostaria de comer alguma coisa antes certo?
- Agradeceria. O que você sugere?
- Tem um self-service perto da Praça Antônio Corrêa. Acho que você vai gostar.
- Perfeito.
Quando vamos entrando perto da cidade ela passou rente a ponte e então virou a esquerda. Notei que procurava algum lugar para estacionar, provavelmente por conta da cheia do rio, tínhamos uma linda visão de uma queda d’água mas confesso que com a fome que estava esperava que esse simpático tour durasse apenas dois minutos. Por que afinal de contas ela comentou sobre o restaurante então?
Quando o carro parou. Fui abrindo a janela quando senti as mãos de Valéria sobre o meu pau. Ela abriu meu zíper e ato contínuo me chupou ali mesmo ao som da cachoeira e um calor surreal que atraíra mosquitos para dentro do carro. Terminado o ato ela voltou ao volante e foi dirigindo até o restaurante em silêncio.
Comemos uma moqueca com uma combinação bizarra de batata fritas e salada de alface com tomate. Dividimos uma cerveja e então ela voltou a falar.
- A turma que você vai lecionar é a 5°B e a 8°A. São em sua maioria filhos de gente rica e mimada de Cuiabá. Então é melhor saber qual é sua posição na sala de aula. Se você titubear eles vão montar em você.
- Tenho experiência com crianças mimadas. Dei aula em alguns colégios particulares de Brasília. Dois dos meus alunos eram filhos de políticos.
- Políticos... Há! Você vai entender o que são filhos de poderosos por aqui.
Terminamos a cerveja e ela me deixou em meu hotel. Perguntou mais alguma coisa sobre eu ter ou não um lugar para ficar, quanto eu estava pensando em gastar para aluguel e se tinha gostado do restaurante terminada a conversa me deu um beijo no rosto e partiu.
Fiquei pensando enquanto desfazia minha mala sobre o que diabos tinha acontecido. Era realmente uma espécie de batismo, apoio ao companheiro de trabalho, cantada, talvez cultural? Estava começando a bancar o preconceituoso e idiota. A chupada tinha sido tão banal quanto um aperto de mãos, nada demais e sem qualquer afeto ou comentários após feito. Resolvi tomar uma ducha e dormir um pouco antes de conhecer a cidade.
continua...
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