terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Valéria ano 94 - Parte 2

O telefone toca e levanto em um pulo.

- Alô?!
- Senhor Diego?
- Hã? O que foi?
- Desculpe interrompê-lo. É uma ligação para o senhor. Posso completar?

Quem diabos era?

- Aham. Claro.

Olho para o relógio e são umas 22h30 devo ter apagado por umas seis horas.

- Alô Professor Diego estava dormindo?
- Quem está falando?
- A Valéria do colégio.
- Ah, sim... Desculpe não estava esperando nenhuma ligação.
- Peguei o número do seu quarto na recepção. Só queria saber se gostaria de conhecer algum dos professores. Estamos saindo hoje para o Club Garage é uma boate perto da Avenida Beira Rio.
- Hã?
- Nós passamos perto de lá quando estávamos indo ao restaurante.
- Ah tá certo. Bem, não sei direito eu meio que acabei de acordar.
- Perfeito. É o tempo de você tomar um banho enquanto eu saio de casa. Passo aí para te buscar ok? Até.

Ela desliga e vou olhar minha cara ao espelho. Percebo que a maioria das minhas roupas estão tão amarrotadas quanto minha cara. Tomo um banho quente e faço minha barba. Visto-me com o que parece menos visivelmente amarrotado e então encontro Valéria e duas amigas em frente ao hotel.

- Essa é a Liz e a Fernanda. Esse é nosso novo professor o Diego.
- Prazer.

As duas são bem mais novas e abrem espaço para que eu fique no banco da frente. Ao levantar noto que Fernanda, que se encontrava no banco da frente, está cheirando a álcool e cambaleia rindo para o banco de trás.

- O Diego veio de Brasília.
- Sério? Você já encontrou o Itamar em algum lugar?
- Parece surreal, mas nunca encontrei com ele.
- Não passeia nem pelos colégios?
- A maioria dos presidentes não passeiam por colégios particulares.
- Isso vai mudar quando o Lula ganhar.
- Tomara.

Chegamos a uma boate que pelo que imagino a maior parte do público é repleto de adolescentes. Elas comentam algo sobre a bebida ser mais barata do que a tal Lotús, que depois de um tempo finalmente entendo que se trata de outra boate.

- Não vai para a pista?
- Ele é de Brasília Liz, não dança.
- Mais cerveja?

Depois de doze cervejas já estou tonto e querendo ir ao banheiro. Cambaleio entre as pessoas e tento ficar reto enquanto mijo. Não tenho como evitar rir quando percebo que estou mijando no meu sapato.

- Você está bem?
- Bebeu demais né?
- Porra fazia tempo que não bebia tanto sem comer nada. Tá me lembrando a faculdade.
- Toma mais um gole. Pior você não fica.

Depois de um tempo lembro de entrar no carro e seguir até perto do rio onde Valéria para com o carro. Comento alguma coisa sobre as professoras e quando vou perguntar se ela vai me deixar em casa recebo outro boquete. Dessa vez mais demorado e quando tento acariciar sua cabeça ela simplesmente tira minha mão.

Acordo no hotel tentando entender exatamente como cheguei aqui, com a cabeça doendo e tentando acreditar no dia que tive ontem.

continua...

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