terça-feira, 25 de novembro de 2008

Flagra

O marido, esse termo é melhor que o nome, fica sentado olhando para uma peça em cima da mesa. É um pequeno cavalo em pedra-sabão e ele se concentra no desfazer do objeto em uma pequena farinha soltando em seus dedos.

- Amor, cheguei.

A esposa, vocês entenderam sobre o nome, deixa sua bolsa na mesa de centro e nota que algo aconteceu.

- Tá tudo bem?
- Eu entrei no quarto da Pricilla sem bater na porta. Eu simplesmente esqueci de bater na porta.
- Ah, ela brigou com você. E com razão! Ela é uma adolescente, pelo amor de Deus! Precisa de intimidade e espaço. Eu mesma ficaria muito...
- Ela tava transando.

...

Duas taças de vinho e um casal conversando sobre o tema que não era discutido ou vivido em suas camas a mais de dois anos.

- Onde ela está?
- Saiu alguns minutos depois. Obviamente sem falar comigo.
- Bom não iremos criar um drama desnecessário. Eles estavam se cuidando?
- Desculpe, do angulo que eu os vi não consegui reparar.
- Não precisa ser grosso!
- O que você quer que eu diga? Que caralho!
- Era com o Mateus?
- Quem é Mateus?
- O namorado dela!
- Aquele de rabisco no pescoço?
- Esse mesmo.
- Era ele sim.
- Menos mal.
- Céus... Nunca pensei que aquele menino de maquiagem gostasse de mulher de verdade.

Mas alguns minutos de silêncio constrangedor e metade da garrafa se foi.

- Lembra quando tinhamos a idades dos dois?
- Eu pelo menos respeitava a casa dos seus pais.
- Nem sempre...
- Do que você está falando?
- Lembra da Páscoa?
- Quando o teu pai mandou eu ir arrumar a instalação?
- Aham. Lembra que eu fui com você.
- Foi a primeira vez que você me chupou.
- E a primeira que engoli também. Você deveria ter me avisado.
- Não ia perder a oportunidade.

Olhares, um gole rápido no vinho e a certeza de um belo ato independente da idade quando é feito com vontade.

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