Estou sentado no horário do almoço olhando algumas pessoas comendo e passando a minha volta. A grande maioria estão devorando tão rápido o que está a sua frente que não diferenciam a salada, do purê ou da carne. E percebo que fazem o mesmo com a conversa com a pessoa a sua frente. Falam rapidamente demais para notar o que está sendo dito.
Um homem de aproximadamente uns 30 anos está conversando ao celular, quando a mulher a sua frente fala baixo alguma coisa, parece triste e insegura. Eu não entendo o que ela disse, mas aposto que se ele quisesse entenderia.
Ela aposta mais uma vez e ele levanta rapidamente a mão pedindo que faça silêncio. Ela chora.
Estou deixando o meu garfo de lado no prato, apenas atento a cada movimento que segue após as lágrimas.
Dedos passando pelo cabelo, uma bolsa sendo colocada no colo e aberta devagar e com dificuldade. Ela retira uma carta, um envelope, algum papel de sua bolsa e passa para frente, em direção aquele que discute tão avidamente ao celular.
Ele apenas agarra o papel e enfia de qualquer modo no bolso interno do paletó. Mais um detalhe para que ela apenas olhe para ele, volte seu olhar para o restaurante entupido de pessoas e pegue meu olhar voltado para ela. Mais lágrimas descendo pelo seu rosto, um sorriso, um aceno de cabeça e ela se levanta da mesa.
Vai embora, caminhando devagar pelas mesas, o homem está tampando o celular e gritando seu nome, o nome dela é Andréa, mas Andréa não volta, creio que dessa vez ela vai seguir de cabeça erguida.
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2 comentários:
A realidade é mais sórdida que a ficção.
Delícia de texto Edu! Parabéns! Cada dia melhor! Cena triste porém doce.. O melhor tá no desfecho... cabeça erguida... SEMPRE!!!
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