terça-feira, 16 de setembro de 2008

Plano de fundo

Assistindo ao Jornal Nacional, enquanto preparava seu jantar, ele percebeu que sentia medo da mídia. A notícia falava sobre a crise americana, a maior desde o ataque terrorista em 11 de setembro, por conta da quebra do banco de investimentos Lehman Brothers, após o fracasso das negociações com britânico Barclays.

Não se assustou com a queda de 10% da Petrobrás e da Vale, ele estava assustado com os empréstimos e com as propagandas que seguiram logo após a notícia.

Primeiro a Camila Pitanga, estava dizendo que a Caixa era o Banco que acredita no povo, que mais confia, que financia e que cobra juros baixos e prazos longos. Porra, se a gostosa da Camila estava falando enquanto mexia o seu cabelo e mostrava seu lindo pescoço deveria se sentir seguro, afinal, todos nos sentimos seguros quando vemos esse sinal a nossa frente na mesa de um bar e investimos.

E em seguida vem a enorme propaganda da Vale. Confie, acredite, crescendo com o País, ajudando a economia, auxiliando a ecologia, apostando na nova geração. Que rede é essa? As coisas estavam tão descaradas a esse ponto e ninguém realmente se incomoda com os fios dos Títeres?

Poderia até mesmo ouvir a voz monótona do presidente do Banco Central - "Esse é o momento de tranquilidade. Estamos em uma crise, mas o Brasil nunca esteve tão forte e preparado para ela." - Então devemos deixar de lado todas as críticas de corrupção contra o mandato de nosso presidente? O que a revista Veja irá dizer nesse final de semana? Como a classe média deve agir e continuar pagando suas contas, viagens programadas, faculdade e empréstimos para o sonho da casa própria?

Felizmente o pânico dura pouco. Após a propaganda passam a colocação de Felipe Massa, segundo no Ranking, páreo para a conquista do campeonato mais concorrido e disputado após a era Schumacher. Finalmente ele pode olhar para a filha e ouvir como está cansada do curso de jornalismo e que precisa viajar para se encontrar, como foi o dia de trabalho de sua mulher e suas ambições de promoções e finalmente olhar para seu prato e sentir o sabor da carne.

Um comentário:

Anônimo disse...

Fantástica esta análise. A grande mídia é corrupta ou somos mesmo iguais ao homer simpsom em uma cena patética prevista por Raul Seixas: sentados, com a boca escancarada, esperando a morte chegar?