domingo, 12 de setembro de 2010

Pescaria

Fiquei parte dessa noite pensando um pouco no cheiro da maresia nas pedras da praia do flamengo. Junto delas um garoto com seus seis anos estava aprendendo a pescar tão empolgado que deixou a isca cair duas vezes em meio ao bater de espumas brancas atraindo ainda alguns poucos peixes que em breve iriam encher um balde.

A linha era transparente e um pouco mais grossas das usadas para empinar pipas, pequenos sonhos feito de papel de seda e rabiola de jornal velho picotado, que parecem subir mais por conta de quem a segurou para você do que por sua própria corrida descalço de olhar firme para o sol.

Engraçado o modo como a vara ia se inclinando junto do ir e vir do mar, fazendo pequenos riscos cortando o azul de um lado para o outro, parecido demais com um ombro ao seu lado cantando um samba antigo que ainda não entende por inteiro, mas que faz uma criança não perceber o passar do tempo.

Quando a linha puxa é como encontrar um doce em cima de sua cama, uma revista na sala, como mãos nodosas te apertando forte... é um pouco de sentir seu coração disparado de felicidade ao notar que cada passo foi feito certo.

O peixe salta da água e balança com um prateado que só perde para os cabelos do homem que segura suas mãos para te ajudar a não cortar o dedo no anzol.

- Olha Vô! Olha o lindo peixe que eu peguei! Nossa ele é enorme! Vamos comer ele hoje, vamos?

O homem sorri e com a mesma calma apenas coloca outra isca e deixa o peixe no balde.

- Vamos comer sim. Mas temos que pescar mais, porque o primeiro peixe tem que ser comemorado com um banquete.

faleceu essa noite o homem que me ensinou a pescar e carrego comigo lembranças e seu nome.

3 comentários:

Anônimo disse...

Eduardo...que linda lembrança.
Assim,a vida se torna válida por conseguir guardar em nossas memórias momentos simples, puros e únicos...faça do tempo seu amigo. Aprenda com ele que tudo tem o seu tempo. Aproveite tudo e todos no seu momento... e não esqueça de valorizar tudo isso como um grande presente que Deus(ou qualquer outra coisa que acredite) nos oferece!!!
Grande abraço...Afonso e Herbert

Anônimo disse...

Meu amado, quando recebi a notícia da morte de meu pai, fiquei como congelada por dentro e não consegui chorar...Depois de ler seu texto, consegui enfim colocar para fora a dor da perda de um pai...Nunca estaremos preparados para perdas...Posso acrescentar algo sobre seu avô...Um homem que tinha pavor de médicos, na verdade eu acho que ele tinha medo das proibições médicas, no fundo ele sabia que quando fosse parar em um hospital, seria por um motivo muito sério...O conforto que sinto em relação ao seu comportamento é que ele fez da vida um grande parque de diversões; aproveitou tudo que podia e quando não pode mais brincar na roda da vida, despediu-se dela sem nenhum constrangimento, levando a certeza de ter sido muito amado...Adeus...Carpe Diem!!! (Horácio)
Grabde beijo, com amor..sua mãe.

Anônimo disse...

Te amo, Xú.