sexta-feira, 4 de junho de 2010

Viagens de negócio

Aquele cheiro de aeroporto ainda estava nas roupas de Andréia e tentava manter um sorriso ao engolir o seu Havanna com café, só no campo de viagens internacionais ela conseguia encontrar o seu alfajor favorito, vendo pessoas se despedindo e outras sendo recebidas entre lágrimas e sorrisos.

Já estava ficando cansada de levar Fernando todas as semanas para suas viagens. O trajeto, seja de madrugada ou no final da tarde, já estava cansado e deixando de ser uma novidade emocionada com aquele sorriso dizendo de modo tão doce que voltaria em breve.

Hoje ela enrolou um pouco mais pelo aeroporto. Via as aeronaves decolando com suas cadeiras justas e uma janela para o por do sol entre nuves com sorriso que era todo o sol para ela.

Percebeu que estava com o rosto úmido de saudades no primeiro dia. E sorrindo notou que não era o primeiro dia. Essas viagens já se arrastavam a alguns meses. Cada uma mais longa que a outra, deixando uma casa vazia de seus toques, sorriso, conversas e o peito disparado que deitava seu rosto vermelha e satisfeita.

- Senhorita tem horas?
- São quase seis da tarde. Quinze para as seis.
- Obrigado.
- De nada.
- Sua cidade é muito bonita sabia? Minha esposa gostaria de olhar esse céu. Vocês são privilegiados.
- Somos mesmo.
- Você está bem?
- Estou sim. Só estou com saudades.
- Tenho uma senhora muito bonita em casa. A única coisa que me faz lembrar a cidade onde estou é quando coloco os olhos nela. Aposto que ele também sabe disso mocinha.

Recebo um beijo na minha testa que trás de volta um pouco esse disparar de meu peito. Esse senhor, esse pai instantâneo, me fez olhar de novo o por do sol de Brasília.

O mais bonito dessa cidade é você meu amor.

Um comentário:

mombasca disse...

Cadê os contos de detetive e travecos? Tá muito mamãe isso daqui.