segunda-feira, 27 de julho de 2009

Panfletando

Invisibilidade é uma talento natural e impressionantemente constante. Aqueles rituais aparantemente complexos e arcanos dos Alquimistas, Ocultistas e Wiccas estão errados sobre suas poções, runas e orações. O único instrumento que é necessário para desaparecer aos olhos é um monte de papéis em mãos.

No clima seco de coloração avermelhada de Brasília a poeira sobe adentrando, cabelo, unhas, cílios e até mesmo o respirar se torna mais sólido do que você está acostumado.

- Vou te dar uma dica malandro, olhe nos olhos e diga - “Bom dia senhor. Bom evento”. - Assim eles pegam os panfletos.

Os carros estacionados estavam ondulando perto das duas horas da tarde e eu rindo das cores se mesclando enquanto recebia um gole de refrigerante do Carlos.

- Tú é doido de vir sem boné. Maior soleira nas idéias.

O interior dos carros das pessoas dão mais pistas sobre elas do que seu lixo. Existe tantas informações que por um momento pensei que estava montando peças que não existiam, mas quando você vê um celular quebrado, um batom deixado derretendo no painel e um casal voltando apressados sem olhar um para o outro, estava certo que eles realmente tinham discutido.

Existia também os carros abertos. Foram pelo menos três e quando fui avisar a produção do evento existia uma barreira enorme entre o homem do dia-a-dia e o mesmo com uma mochila e panfletos nas mãos.

- Obrigado rapaz. Aqui um trocado para o refrigerante.

Cinco reais nas mãos por avisar que seu carro estava aberto. Paguei uma cerveja para o pessoal dos planfletos. Ficamos conversando debaixo de uma árvore, sobre futebol, mulher e playboys. Então percebi a diferença de um dia para um trabalho diário quando Carlos virou para mim e gritou:

- Ô Eduardo! Sexta tem movimento lá no ParkShopping!

2 comentários:

...O mundo de Belle... disse...

certeza que eles tem mais histórias que nós em nossos cubiculos com ar condicionado.
Boa rapaz :)

Amanda disse...

muito boa :)
saudade de vc menino
muitos beijos