quarta-feira, 4 de março de 2009

Despedidas - Parte 1

Por quantas noites essas discussões seguiam? Realmente valia a pena esse desgaste do que tentaram criar durante cinco anos juntos, valeria cada discussão final que sempre se repetia terminado com um sexo que servia de desculpa pela tensão criada pelos momentos não vividos?

- Estou saindo.
- Você vai voltar amanhã Paula. Você faz sempre essa cena e volta para continuarmos de onde paramos.
- Pode ser que quando eu volte você não me queira aqui, ou talvez não me reconheça.
- Como assim?

Ela apenas fechou a porta para curtir, com roupas curtas, uma noite de verão do início de março em Brasília. Eram umas onze da noite e queria pegar o carro e dirigir pela cidade, queria sentir que poderia apenas rodar a noite inteira sem se preocupar com o celular tocando.

Passou correndo pela rodoviária, hoje era quarta-feira e poderia arriscar o Balaio, quem sabe encontrava algum menino de cabelo bagunçado e barba por fazer, do tipo que sentia saudades de marcar sua coxa ou buço como Henrique antes de passar no STJ.

Fez a curva ao passar correndo pelo setor bancário e viu a rua um pouco mais vazia que o habitual para o Balaio, será que estava deixando de ser moda ou ela estava realmente perdendo todas as oportunidades das semanas que se passaram? Estacionou o carro dentro da quadra e foi caminhando por entre os blocos e árvores.

- Ow, gatinha. Tem fogo?

Um grupo de meninos, deveriam ter uns 20 anos no máximo, estavam juntos perto de alguns carros. Podia ver de longe a aglomeração maior de pessoas do lado de fora do Balaio.

- Tenho sim.
- Quer dar umas bolas?

Fazia quanto tempo desde que não fumava um baseado? Uns dois, três anos?

- Quero sim.

A fumaça veio com uma ponta úmida com gosto de cerveja, deixou sua cabeça leve após receber em sua mão pela segunda vez.

- Essa pedra brasiliensis é foda.
- Fica quieto cara, olha só a mina tá chapadona.
- Tú tá de boa?
- Não. Estou mal para caralho. Mas quer saber? Foda-se.

Sentiu uma mão em seu ombro e olhou um garoto bonito de olhos castanho e avermelhados olhando para ela com uma expressão mais séria.

- Fica tranquila. Qualquer coisa eu posso te dar uma coca ou uma conversa o que você achar melhor.
- Quantos anos você tem?
- Tenho 20, mas essa pergunta é por ter me achado interessante ou apenas para saber se posso ter algo a acrescentar em uma conversa?

Não pode evitar sorrir, estava alegre não estava? Era a maconha? Era ela?

- Vamos entrar e dançar um pouco?
- Faz tempo que eu não danço.
- Não tem problemas, é apenas música. Não tem como errar.

Sentiu as mãos a guiando para dentro do Balaio, atravessou a rua olhando para as pessoas a sua volta, todas bonitas, coloridas, uma camiseta com a marca Atari e um gordo conversando com um cara de costeletas sobre o super mário comer cogumelos.

- Estou com nome na lista. Sou Fernando Nider.
- É cinco contos.
- Toma aqui 15, minha parte mais a dela.
- Pode entrar.

As escadas estavam mostrando música abaixo, cheiro de cigarro, de maconha, de cerveja derramada, perfumes e gente dançando.

- Seu nome é Fernando Nider?
- É sim.
- Meu nome...
- Vou te chamar de Alice tudo bem?
- Alice?
- É hoje você é Alice.

continua...

3 comentários:

Aloprado Plantonista disse...

Quero ver a conclusão desse negócio, muito interessante.

Mah disse...

mais brasiliense, impossível...
tô curiosa....

Piotr disse...

pedra brasiliensis pubios maloqueirus