quinta-feira, 26 de maio de 2011

XI - Jogo parte 1



Fernando passava pela rua fuçando a lixeira perto do bar Pôr do Sol, hoje era terça-feira e ainda não estava no horário certo para pedir dinheiro, cigarro ou bebidas. A maioria dos estudantes ainda não estavam bêbados ou socialistas o suficiente para tanto.

Encontrou um livro velho e uma caixa rasgada, ela estava cheia de cartas que pareciam baralhos. Tinham mais imagens ao contrário da chuva de corações (vermelhos ou pretos), balões e trevos e eram bonitas, diferentes, achou estranho que alguém jogasse fora algo assim. A imagem da mulher abrindo a boca de um leão deixou seu olhar sereno, era um detalhe que preencheu a fome do final do dia, para diminuir um pouco com a sede ao mirar os copos sendo virados um por um.

- Ei! Ô Bob! Quer uma cachaça?

As risadas em volta soavam diferentes. Não parecia que importavam tanto, a cachaça já não importava tanto mas responder aparentemente valia a pena.

- Tá falando comigo viadinho de merda?

O silêncio era ainda mais bonito do que o rosto deles. Ver o garoto finalmente entender que não era um homem era melhor ainda.

- Me dá essa porra de bebida aqui.

Tomou de um só gole.

- Bota outra.

Bebeu enquanto encarava a namoradinha assustada colada ao moleque. Os amigos não achavam que valia a pena fazer nada além de olhar e pedir a terceira dose antes que ele mesmo terminasse a segunda.

Bebeu a terceira dose, colocou o livro e a carta dentro de sua sacola e então saiu.

- Cuzão de merda. Playboyzinho do caralho.

Um comentário:

Pavão disse...

Kkkkk muito bom rei! Bom conto Eduardo. Vou explorar melhor seus escritos. Retribuindo a visita rei! Abraço!