sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Bailarina

Renata gostava de dançar sozinha em seu quarto apenas de blusa e calcinha. Girava pelo cômodo em uma dança frenética e animada, mexendo com velocidade o cabelo e com malemolência os quadris ao ritmo do som animado e dançante as duas da manhã.

Perdera a conta de quantas vezes os vizinhos batiam abaixo de seus pés. Achava graça na verdade, era como um parceiro solicitando um desafio ao som de seu solado, que magistralmente pousavam como resposta.

Quando ia as festas os meninos sempre se aproximavam, perguntavam se poderiam dançar com ela, alguns dançavam em sua volta e desistiam quando percebiam que estavam dançando sozinhos. Isso incomodava a eles, mas para a bailarina solitária era como todo o restante a sua volta, apenas paisagem.

Ela e o som eram amantes. Era dele que ela buscava o calor que as suas amigas buscavam nos corpos. Era dançando que ela beijava, transpirava e fazia amor. Era o orgasmo sem egoísmo, sempre ao seu modo e sempre intenso.

4 comentários:

Amanda Carvalho disse...

Consigo imaginar nitidamente Renata dançando. E entendo bem como é ser amante do som e das músicas que amamos.. não sei o que seria de mim sem música. =)

Anônimo disse...

Lindo texto!
Acho que a dança é uma metáfora pro próprio movimentar-se da vida.
Os rodopios, os passos, os saltos... está tudo aqui vidinha adentro.
=]

Anônimo disse...

Renata era maior que o amor dos homens. Era direta e escolhia os homens a dedo. Nunca era escolhida. Quase uma Leila Diniz. Talvez um pouco mais de pudor no palavreado.

É assim que consigo ver Renata.

Anônimo disse...

Renata era maior que o amor dos homens. Era direta e escolhia os homens a dedo. Nunca era escolhida. Quase uma Leila Diniz. Talvez um pouco mais de pudor no palavreado.

É assim que consigo ver Renata.