Sua casa deve ser um local de descanso. Um espaço onde possa se esconder de todos os problemas do dia, deixar ele escorrer por você em um ducha quente e passar alguns instantes agradáveis com quem escolheu dividir sua vida e chama de família. Ao abrir a porta e olhar no rosto da sua mulher um desespero crescente, deixa de lado o egoísmo do descansar de lado.
- Aconteceu alguma coisa?
- Precisamos falar sobre Helena.
- Cadê ela?
- Está no quarto, sente-se aqui um momento.
Ela passa as mãos sobre os cabelos escuros e com princípio de pequenos fios brancos e então deixa descer apenas uma lágrima.
- Não amo minha filha.
- ...
- Não consigo amá-la. Nunca amei.
- Você vai voltar à terapia.
- Cristiano estou sendo sincera. A terapeuta sempre disse que não ser sincera era a ruína de nosso casamento.
- Como pode dizer algo assim? Pelo amor de Deus! Ela é sua filha.
- E é uma egoísta. Uma filha da puta manipuladora.
- Você disse isso para ela?
- Cristiano.
- Você disse, a sua filha, que não a amava?
- Disse. Disse que olhar para ela, era a confirmação que não criei nada significativo para o mundo.
Cristiano se levanta, olha com um ódio sem limite para sua esposa e segue para o quarto da filha. Bate duas vezes na porta e então sussurra com afeto.
- Helena querida. É o papai.
Ele espera mais alguns instantes e então abre a porta.
A menina está sentada, olhando para a parede a sua frente. Fez um desenho simples de uma casinha, cercas, um bonequinho pequeno ao lado de dois grandes, um deles está riscado, é a mãe.
Cristiano pega a filha no colo, abraça o corpo da pequena, enquanto sente lágrimas quentes sobre seu rosto. O soluço faz seus pequenos laços de cabelo roçar nos olhos molhados de seu pai.
- Papai, o que eu fiz de errado?
- Nada Helena.
- Mamãe disse...
- Mamãe está muito doente filhinha. Nós vamos ajudá-la.
Os soluços vem seguidos um movimento de sim.
- Te amo filhinha. Sempre vou te amar.
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