Café da manhã a partir de hoje é obrigatório. Uma necessidade de sentir o sabor de pequenos flocos dissolvendo na cor âmbar, sobre as rodelas quase iguais da fruta fatiada e sobreposta.
- Amor, está na mesa.
Um murmuro gostoso sai do quarto, o mesmo que dizia: - Vou daqui a 10 minutos se você me der um beijo.
O corpo de Vanessa debaixo da coberta era um pouco da fruta coberta do mel. Pele branca debaixo de uma coberta quase dourada pela luz da cortina.
- Vai acordar não preguiça? O café está na mesa.
- Naonm.
Beijo na altura da nuca e o sorriso involuntário que segue o arrepio da pele.
- Vamos?
- Cinco minutinhos?
- O café vai esfriar.
- Não bebo café mesmo. Gosto mais de suco e fruta.
- Menina saudável.
- Melhor que ser um velho fumante.
- Velho?
- Até fio branco já tem.
- Quer que eu pinte?
- Não. Homens que pintam cabelo são aquelas bichas velhas.
- Hahaha...
- Tipo de Acajú.
- Vou me lembrar disso. Vamos?
Ela se veste devagar e mexe o suficiente no cabelo para reclamar que está desarrumado, mesmo sem estar.
- Hum... Suco de laranja.
- Acabei de abrir a caixa.
- Por que você não compra a fruta? Parece que você tem um espremedor para decorar a cozinha.
- E é.
- Ê vocês da cidade grande. Hahaha.
- Você já mora aqui há dez anos.
- Dez anos não apaga oito de uma lavoura.
- ...
- Essas marcas em minhas mãos são de arrancar frutas de árvore. Nunca se percebe o quanto a árvore precisa de seus frutos até que arranquem cestas e mais cestas aos seis anos.
Ela deixa cair uma lágrima enquanto sorri ao por na boca a banana com aveia.
- Demorei tempo demais para apreciar o doce das frutas. Adoro banana com aveia e mel. Está uma delícia.